Em um mundo onde as startups estão cada vez mais tentando equilibrar o desejo de gerar lucros com a necessidade de impactar positivamente a sociedade, as questões que envolvem essa dinâmica se tornam cada vez mais complexas. Durante o evento TechCrunch Disrupt 2024, a cofundadora e CEO da Vibrant Planet, Allison Wolff, levantou um ponto crucial sobre as expectativas muitas vezes desalinhadas entre investidores e acionistas. Para ela, as dificuldades que as startups enfrentam ao tentar resolver problemas sociais significativos não podem ser subestimadas. “Eu acho que, de certas maneiras, estamos um pouco presos”, afirmou Wolff, destacando a dificuldade em encontrar um modelo que suporte tanto a rentabilidade quanto um impacto social efetivo.

Wolff exemplificou o esforço de sua empresa, que desenvolve um software baseado na nuvem para utilitários, seguradoras e gestores de terras, como o Serviço Florestal dos EUA, a fim de modelar e responder aos riscos de incêndios florestais. Para garantir que sua organização mantenha o foco na missão, a Vibrant Planet registrou-se como uma corporação de benefício público, um passo que exige que as empresas reportem seu impacto social além das informações financeiras convencionais. Segundo ela, “é uma estrutura elegante a considerar se você ainda não o fez, e é fácil de converter”. Essa transição não apenas ajuda na estruturação do impacto social, mas também se torna um verdadeiro “funcionamento forçado” que leva as empresas a refletirem anualmente sobre seu impacto e a forma como podem dar conta disso.

Outra estratégia que se mostra promissora é encontrar uma tecnologia e modelo de negócios que conecte estreitamente a missão com a rentabilidade. Esse foi o caminho escolhido por Areeb Malik e seus cofundadores ao lançarem a Glacier, uma empresa de reciclagem robótica. Malik revelou sua abordagem: “Quando comecei minha empresa, estava procurando a oportunidade certa, e realmente se tratava de alinhar a lucratividade com os impactos”. O foco em harmonizar impacto ambiental, algo pelo qual ele é extremamente apaixonado, com a geração de receita, transforma seu negócio em um exemplo inspirador. Ele diz que estaria disposto a receber um fundo de private equity, pois a rentabilidade está diretamente relacionada a um impacto positivo no clima.

No entanto, manter o compromisso com a missão não é suficiente por si só. Hyuk-Jeen Suh, parceiro-geral da SkyRiver Ventures, abordou um aspecto importante dessa questão durante o mesmo evento. Ele alertou que a missão de uma empresa perde significado se seu alcance continuar limitado. “Muitos fundadores se concentram tanto em criar seu produto que esse único produto é tudo do que eles se preocupam. Eles não descobriram como construir a fundação para a escalabilidade”, afirmou Suh. Essa visão destaca a importância de as startups pensarem em como produzir em massa e como comercializar efetivamente seus produtos.

Quando esse cenário parece um peso excessivo para as startups, Suh sugere que talvez a missão deva ser deixada em segundo plano enquanto elas dominam os fundamentos de seu negócio. Contudo, essa ambição, segundo ele, é, na verdade, um indicativo de que as empresas estão na direção certa. “Elas quase têm que morder mais do que podem mastigar, porque sem essa ousadia e visão, acho que será difícil realmente causar um impacto”, finaliza.

Assim, as startups, ao se sentirem desafiadas pelo equilíbrio entre lucro e impacto, podem encontrar caminhos criativos e inovadores que unificam suas missões sociais com a busca por uma viabilidade financeira, promovendo um futuro onde a inovação não apenas gera receitas, mas também proporciona benefícios tangíveis para a sociedade. A jornada para conseguir esse equilíbrio é complexa e, muitas vezes, repleta de obstáculos, mas o compromisso com uma visão audaciosa pode ser o diferencial que levará essas empresas ao sucesso, sendo legados impactantes para as futuras gerações.

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