O cinema sempre nos apresentou experiências que podem variar entre a pura emoção e um vazio desconcertante. Isso se evidencia na obra mais recente do renomado diretor robert zemeckis, intitulada “Aqui” (2024), um filme que, apesar de ter no elenco atores de peso como tom hanks, robin wright e paul bettany, não conseguiu corresponder às altas expectativas que gerou. Com um enredo falho e uma execução que deixou a desejar, o filme se tornou um exemplo claro de que a presença de grandes talentos nem sempre garante uma produção de qualidade.

o enredo e suas promessas vazias

“Aqui” busca contar a história de uma única casa e as vidas das pessoas que nela habitaram, abrangendo momentos de amor, perda e convivência ao longo de gerações. No entanto, a proposta do filme esbarra em uma execução considerada “meia-boca”. Os acontecimentos se sucedem de forma apressada, dando ao público a impressão de estar assistindo a uma série de eventos desconexos e mal elaborados. O roteiro, adaptado da graphic novel de richard mcguire por eric roth e robert zemeckis, é permeado por diálogos insossos e mal entregues, tornando momentos que deveriam gerar comoção em cenas quase cômicas, como a morte repentina de um amigo dos personagens principais.

A obra apresenta um diferencial com a utilização de tecnologia de desenvovlimento para de-aging dos personagens, no entanto, esse recurso acaba se tornando mais um fator de estranhamento. Ver a voz de um ator de 68 anos sendo utilizada para dar vida a um personagem jovem cria uma desconexão que prejudica ainda mais a imersão da audiência no filme. A sensação de que a casa tem relevância para os personagens é ausente, e a falta de profundidade nas histórias dos coadjuvantes, especificamente dos personagens de cor, deixa o enredo ainda mais superficial.

um desfile de personagens sem profundidade

Outro ponto que contribui para a frustração geral é a quantidade excessiva de personagens, o que se transforma em um desafio para o espectador acompanhar suas narrativas individuais. Isto se torna um exercício desgastante, onde a falta de desenvolvimento adequado de cada um deles leva a uma sensação de desinteresse e apatia por suas histórias. Zemeckis parece ter boas intenções, insinuando momentos que poderiam ser profundos e emocionais, mas a falta de tempo e espaço para a construção dessas cenas resulta em uma ineficácia narrativa alarmante.

Sendo assim, a obra parece querer nos fazer sentir, mas não consegue gerar nem mesmo um pingo de empatia ou conexão. Com a transição rápida de períodos e a superficialidade dos temas abordados, a mensagem pretendida se perde na pressa e na má execução. É quase como se estivéssemos assistindo a um filme que deseja ser sentimental, mas se torna apenas um desfile de clichês e uma paleta de emoções vazias.

aspectos técnicos e a estética ineficaz

Ademais, “Aqui” se destaca não apenas pela narrativa falha, mas também por questões técnicas que falham em se destacar. As falhas em CGI tornam muitas das cenas com animais digitais apenas risíveis, enquanto a iluminação, que deveria dar um tom caloroso e aconchegante ao filme, acaba resultando em uma palete insossa e artificial. A experiência visual que se esperaria de uma produção deste calibre é obstruída por transições irritantes e uma estética que se assemelha a um piloto de um programa de TV mal elaborado.

A mistura de elementos experimentais na obra não resulta em um produto coeso. Dessa forma, o que poderia ser uma narrativa inovadora se transforma em um emaranhado de conceitos que competem entre si pela atenção do espectador, deixando-o confuso sobre a mensagem que realmente deveria ser transmitida. O filme termina sendo mais uma experiência desconcertante do que uma narrativa que cativa ou emociona.

considerações finais sobre “aqui”

Com a estreia marcada para 15 de novembro de 2024, “Aqui” se apresenta como uma obra que, em teoria, deveria explorar a riqueza das histórias humanas interligadas à vida em um lar. Contudo, a realidade é que o filme se afunda em um mar de ineficiência técnica e narrativa, deixando a audiência com um gosto amargo de decepção. Os fãs de zemeckis e do elenco podem muito bem sair do cinema questionando a relevância de toda a experiência. No final, a frustração será a emoção mais prevalente sentida diante dessa tentativa de criar algo significativo. É uma jornada que poderia ter sido envolvente, mas que acaba sendo mais um exemplo do que acontece quando grandes talentos não encontram uma direção adequada para impulsionar suas habilidades. Assim, o filme “Aqui” permanece como um alerta para a indústria cinematográfica sobre a importância de aliar boas ideias a uma execução sólida.

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