O filme “Sorriso 2”, sequência do fenômeno de terror de 2022, “Sorriso”, volta a capturar a imaginação e o medo dos espectadores em 2024, trazendo uma nova camada de horror psicológico. Não se trata apenas de um simples conto que se desdobra; a produção de Parker Finn adiciona profundidade à trama ao explorar a intrincada relação entre as vítimas e a entidade Sorriso, enquanto destaca os dilemas emocionais da pop star Skye Riley, interpretada por Naomi Scott. Isto ocorre numa narrativa de suspense e terror reafirmando a complexidade do que é realmente “real”.
Seis dias após os eventos do primeiro filme, a nova trama nos apresenta Skye Riley, uma artista pop que, após recuperar-se de um acidente de carro fatal que ceifou a vida de seu namorado, o ator Paul Hudson, se prepara para uma nova turnê mundial. No entanto, sua vida toma um rumo ainda mais sombrio quando a maldição do Sorriso se transfere para ela, desencadeando uma série de eventos incrivelmente perturbadores. O catalisador para este infortúnio é o suicídio de seu vendedor de drogas, Lewis Fregoli, um dos anfitriões da entidade Sorriso, que ocorre diante dos olhos de Skye. A partir desse momento, a line entre a realidade e a delírio se torna cada vez mais tênue, enquanto a entidade Sorriso aproveita os traumas da pop star, exacerbando sua já complexa luta com a saúde mental e vícios.
As cenas iniciais de “Sorriso 2” são cruciais, quando reunimos com Joel, um personagem do primeiro filme, que se torna o novo anfitrião da entidade depois de um evento trágico. Essa transição de curse é formidável, com a maldição se espalhando de um corpo para outro, revelando o ciclo vicioso da dor humana e a busca incessante da entidade por novos anfitriões. Joel, na tentativa de evitar sua morte, acaba se perdendo em um tiroteio, passando a maldição a Lewis, que por sua vez, impacta diretamente a vida de Skye. Este jogo mortal se assemelha a um tênue corda bamba entre amor e desespero, destacando a fragilidade emocional da protagonista.
Conforme o enredo avança, vemos Skye lutando para equilibrar sua fama crescente e a pressão da indústria musical com seus problemas emocionais subjacentes. Apesar de ir à terapia e tentar várias estratégias de enfrentamento, como evitar comportamentos autodestrutivos, ela eventualmente sucumbe ao ciclo da dependência, ilustrado quando chama Lewis em busca de pílulas. O filme não hesita em relembrar o público sobre como os traumas podem se ramificar além do controle, refletindo as realidades muitas vezes esquecidas enfrentadas por aqueles que lutam contra seus demônios interiores.
A luta de Skye está repleta de eventos que se desdobram entre o que é real e o que pode ser apenas alucinação. Uma intervenção particularmente notável ocorre durante um evento de caridade, onde, apesar do público estar presente e a atmosfera ser palpável, visões de Paul a atormentam, mexendo com seu estado emocional. O que parece real, efetivamente, flui para uma confusão mental, onde a entidade tenta dominar a mente e as percepções de Skye, ecoando a linha tênue entre um show e um pesadelo.
Um dos pontos culminantes de “Sorriso 2” é a revelação de que a maioria das interações que Skye tem com Gemma não são reais. O lado mais intrigante deste aspecto reside em como a entidade Sorriso usa os sentimentos de culpa e arrependimento de Skye para criar ilusões e manipulações que causam mais dor. O retorno de Gemma, um símbolo de conexão e amizade perdida, apenas acentua a tragédia quando observamos que a amizade foi interrompida, deixando Skye ansiosa por reconciliação. todavia, é revelado que Gemma, na verdade, nunca foi parte real da narrativa, sendo uma construção da mente de Skye para lidar com sua solidão e o impacto da entidade.
O filme culmina em uma espetacular noite de abertura da turnê, onde Skye, sob a influência da entidade Sorriso, acaba perpetrando um ato horrendo e doloroso de autodestruição. Este ato final não apenas serve como um clímax chocante do filme, mas também expõe a profundidade da tragédia contida na luta de Skye e seu impacto, não apenas em sua própria vida, mas também se propaga a centenas ou milhares presentes. Ao encerrar, “Sorriso 2” não oferece apenas um susto; oferece uma reflexão sombrio sobre o que significa ser consumido por solidão, medo e a busca interminável pela aceitação num mundo que frequentemente parece indiferente às lutas pessoais.
No geral, “Sorriso 2” é mais do que uma simples sequência de terror. É uma exploração profunda da luta interna da protagonista, entre o desejo de se libertar de suas correntes e o inevitável destino traçado pela entidade. Um lembrete inquietante de como nossas mentes podem se tornar tanto refúgios quanto prisões, “Sorriso 2” estabelece um novo parâmetro para o gênero de horror contemporâneo, combinando a narrativa emocional que faz com que cada espectador se questione sobre sua própria linha entre realidade e ilusão.