A tão aguardada sequência de “Beetlejuice”, intitulada “Beetlejuice 2”, trouxe uma reviravolta impactante que não apenas surpreendeu os fãs, mas também desafiou suas percepções sobre os personagens. Entre as novas adições ao elenco, destacamos o intrigante personagem Jeremy, interpretado por Arthur Conti. O filme, que apresenta uma nova geração com Jenna Ortega no papel de Astrid, a filha de Lydia Deetz, revela um enredo complexo que envolve amor, engano e a luta entre vida e morte. De forma surpreendente, Jeremy se revela um fantasma, e a maneira como seu verdadeiro eu é oculto gera uma camada adicional de tensão e drama que permeia a narrativa.
Desde o início, havia uma atmosfera de mistério em torno de Jeremy. Sua apresentação inicial como um doce e tímido interesse romântico de Astrid sugere que ele poderia oferecer um alívio para a jovem Deetz em meio ao tumulto de sua vida familiar e a herança de seus pais. No entanto, a trama rapidamente muda curso, revelando que Jeremy é, na verdade, um espírito preso na Terra, que tem objetivos muito mais sombrios do que se poderia imaginar. Ele tenta enganar Astrid, manipulando-a para que ela quase troque sua vida pela dele. Essa reviravolta não apenas choca os espectadores, mas também lança uma nova luz sobre as interações entre os personagens.
Um dos momentos cruciais do filme ocorre quando Jeremy, quase tendo sucesso em seus planos maléficos, quase consegue capturar Astrid. Este clímax é interrompido pela intervenção de Beetlejuice, que retorna para salvar a jovem e se reunir com Lydia e seu pai falecido, Richard. Portanto, o que poderia ter sido um destino fatal para Astrid acaba por se transformar em uma oportunidade de redenção, levando à condenação de Jeremy ao inferno — um final condizente com a sua sinistra história de vida, que culmina em uma série de tragédias envolvendo seus pais. A narrativa que o antecede é ainda mais perturbadora: Jeremy foi responsável pela morte de seus pais de maneiras horrendas, o que o condena a uma existência de solidão e desespero, preso no local de sua infância por mais de duas décadas.
A maneira como a história de Jeremy se entrelaça com os poderes de Lydia e Astrid é uma das facetas mais intrigantes do filme. Os “Presentes Estranhos e Inusitados” de Lydia, que a permitiram ver e se comunicar com os mortos, também desempenharam um papel crucial na sua interação com Jeremy. Ao deixá-la de forma não intencional, os poderes de Lydia permitem que Jeremy se apresente como um adolescente normal, mascarando sua verdadeira natureza de espírito. A esperteza da trama é evidente quando, durante a noite de Halloween, Lydia avista Jeremy de relance pela janela do sótão. Mesmo essa visão fugaz não levanta suspeitas, pois sua natureza sobrenatural passa despercebida graças ao dom de Lydia.
Um elemento essencial que o filme explora é o próprio custo dos poderes de Lydia. O primeiro filme destaca os benefícios que surgem de sua habilidade de ver e ajudar os mortos, mas “Beetlejuice 2” lança uma nova luz sobre as desvantagens. Lydia parece incapaz de desligar esse dom, levando-a a encontros habituais com espíritos, o que por vezes resulta em situações desconfortáveis ou perigosas. Um exemplo disso é quando ela encontra uma mulher fantasma enquanto descansa após as filmagens de “Ghost House”. Essa interação reitera que, embora as habilidades sobrenaturais possam trazer benefícios, elas também podem ocorrer sob circunstâncias perigosas, especialmente quando os mortos têm intenções egocêntricas.
A revelação da verdadeira identidade de Jeremy traz à tona questões mais profundas sobre como as habilidades de Lydia e Astrid podem ser manipuladas, colocando-as em risco. Essa conexão entre passado e presente, entre vida e morte, também questiona a identidade e a natureza da percepção. Além disso, o desafio que Astrid enfrenta ao tentar distinguir entre o real e o ilusório representa uma luta constante, especialmente quando ela também começa a perceber que possui o mesmo dom de sua mãe. A revelação final sobre Jeremy, que quase a leva a um destino trágico, não somente destaca as consequências de suas habilidades, mas também enfatiza a necessidade de discernimento nas interações entre vivos e mortos.
Em última análise, “Beetlejuice 2” não é apenas uma continuação da história original, mas uma exploração mais profunda das complexidades do amor, engano e das consequências de se lidar com o além. Jeremy, com sua identidade secreta e seu trágico passado, oferece uma reflexão sobre as relações interpessoais e as armadilhas que podem surgir quando se envolvem com o desconhecido. O filme, através de seus reviravoltas e lições, nos lembra que mesmo os “presentes” mais inusitados podem trazer perigos inesperados, revelando que o amor e a mortalidade andam de mãos dadas em uma dança sinistra e fascinante.