na última sexta-feira, um júri federal decidiu absolver um ex-policial de louisville, kentucky, das acusações de violar os direitos civis dos vizinhos de breonna taylor em um ataque letal que ocorreu em março de 2020. No entanto, os jurados permanecem indecisos quanto a um segundo crime federal. Ao longo do processo, o ex-oficial, brett hankison, enfrentou duas acusações, uma das quais envolvia a suposta violação dos direitos civis de taylor durante a operação policial.
o júri notificou o juiz em duas ocasiões sobre a sua incapacidade de chegar a um veredicto em relação ao segundo crime, que alega que hankison utilizou força excessiva e inconstitucional ao disparar várias vezes dentro do apartamento de taylor. Esse é o segundo julgamento em que as acusações contra hankison foram apresentadas, após uma tentativa anterior ter sido declarada como um mistrial pelo juiz devido à falta de consenso entre os jurados. Durante este novo julgamento, os promotores decidiram enfocar sua abordagem, revisando as acusações apresentadas contra o ex-detective da polícia de louisville.
as acusações visavam o uso excessivo de força, que era considerado inconstitucional, na execução de sua função. A primeira acusação descrevia como hankison, ao disparar através de uma janela coberta com persianas e uma cortina blackout, privou os direitos constitucionais de breonna taylor e de seu namorado, kenneth walker. Importante destacar que durante o novo julgamento, o namorado de taylor foi removido da acusação e não chamado a depor. A segunda acusação mantida, referia-se a três vizinhos de taylor, afirmando que eles também tiveram seus direitos constitucionais violados quando o ex-policial disparou através de uma porta de vidro deslizante que estava igualmente coberta. Ambos os crimes alegavam que hankison usou uma arma perigosa, demonstrando uma intenção de matar durante aquele fatídico dia.
no dia do incidente, sete oficiais da polícia entraram no apartamento de breonna taylor à meia-noite, utilizando um mandado de busca com “no-knock” dentro de uma investigação de tráfico de drogas. A jovem, que trabalhava como paramédica, estava dormindo com seu namorado, que, ao ouvir os barulhos, disparou uma única vez acreditando que eram intrusos. Como resposta, os policiais abriram fogo, resultando na morte de taylor. Curiosamente, nenhuma droga foi encontrada no local. Hankison disparou 10 tiros para dentro do apartamento, que de acordo com os investigadores, não atingiram ninguém. Em seu testemunho, ele afirmou que acreditava estar agindo corretamente, protegendo seus colegas durante o que percebia como uma troca de tiros.
a defesa de hankison sustenta que os disparos foram uma resposta natural a uma suposta situação de risco iminente. Durante o julgamento, ele se defendeu repetidamente, alegando que a bagunça que ouviu parecia ser uma “metralhadora indo pelo corredor e executando todos na minha equipe”. No entanto, o advogado de hankison argumentou que as acusações eram infundadas, afirmando que “esse caso é sobre os dez disparos de brett hankison que nunca atingiram ninguém”.
paralelamente, o departamento de justiça dos estados unidos apresentou acusações de violação dos direitos civis contra quatro ex-policiais de louisville, incluindo hankison. As acusações contra três dos outros oficiais surgiram em decorrência de alegações de falsificação do mandado de busca que autorizou a invasão no apartamento de taylor. Essas denúncias foram feitas após um juiz federal descartar acusações graves contra dois dos ex-oficiais logo depois que a investigação do caso ganhou atenção significativa. Se condenado, hankison enfrenta a possibilidade de uma pena máxima de prisão perpétua.
em resposta a essa tragédia, o estado de kentucky adotou em 2021 uma lei que restringe a utilização de mandados de busca sem aviso prévio, mostrando uma tentativa de prevenir que ações semelhantes voltem a acontecer. A questão da violência policial e as violações de direitos civis têm gerado discussões significativas nos últimos anos, e esse caso específico continua a ecoar em um país buscando respostas e mudanças.
portanto, enquanto a busca pela justiça para breonna taylor e sua família continua, o resultado deste julgamento reflete não apenas a complexidade do sistema judicial, mas também a necessidade urgente de reformas profundas nas práticas policiais. A luta pela accountability deve persistir, pois a sociedade espera que tragédias como a de taylor não se repitam, e que os direitos de todos os cidadãos sejam sempre respeitados.