A escalada das tensões no Oriente Médio atinge um novo patamar com a recente declaração do líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, que, em um discurso contundente, ameaçou os Estados Unidos e Israel com “uma resposta esmagadora” em retaliação aos ataques perpetrados contra a República Islâmica e seus aliados. Khamenei fez essas declarações em um momento em que as instituições iranianas demonstram um desejo crescente de retaliar, particularmente após o ataque israelense de 26 de outubro, que teve como alvos locais militares e que resultou na morte de pelo menos cinco pessoas. A situação no Oriente Médio já se encontra fragilizada devido à guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza e à invasão terrestre de Israel no Líbano, o que pode levar a um conflito regional mais amplo, especialmente com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Durante o seu pronunciamento, veiculado pela mídia estatal iraniana, Khamenei declarou: “Os inimigos, sejam eles o regime sionista ou os Estados Unidos da América, definitivamente receberão uma resposta esmagadora por tudo o que estão fazendo ao Irã e à nação iraniana, bem como à frente da resistência”. A fala do líder não trouxe detalhes sobre a cronologia ou a amplitude da ameaça, mas estabeleceu um clima de fim de era ao relembrar as tensões que já foram experimentadas em outras ocasiões. As Forças Armadas americanas mantêm um forte contingente militar no Oriente Médio, com várias bases de operação em países da região, incluindo uma bateria de Defesa Aérea Terminal de Alta Altitude (THAAD) localizada em Israel. A presença do porta-aviões USS Abraham Lincoln parece se manter em águas do Mar Arábico, enquanto o secretário de imprensa do Pentágono, o Major-General Pat Ryder, anunciou que mais destróieres, esquadrões de caças, tanques e bombardeiros B-52 estão sendo enviados à região com o objetivo de dissuadir o Irã e seus aliados militantes.

Ao longo do tempo, Khamenei havia adotado uma postura mais cautelosa, enfatizando em declarações anteriores a necessidade de avaliar a resposta do Irã, observando que o ataque de Israel “não deveria ser exagerado nem minimizado”. Historicamente, o Irã já lançou dois ataques diretos contra Israel, um em abril e outro em outubro. No entanto, a tentativa do Irã de suavizar o impacto do ataque israelense foi prejudicada quando fotos de satélite analisadas mostraram danos em bases militares próximas a Tehran, ligadas ao programa de mísseis balísticos do país, e também em uma base da Guarda Revolucionária utilizada para lançamentos de satélites. Os aliados do Irã, conhecidos como “Eixo da Resistência”, têm sofrido severamente com os ataques israelenses contínuos, especialmente Hezbollah, no Líbano, e o Hamas na Faixa de Gaza. O Irã sempre utilizou esses grupos como uma forma assimétrica de atacar Israel, ao mesmo tempo em que atuava como um escudo contra ataques diretos.

Apesar da pressão externa, o Irã enfrenta desafios significativos internamente, com uma economia combalida por sanções internacionais e uma série de protestos que se intensificaram nos últimos anos. Após o pronunciamento de Khamenei, a moeda iraniana, o rial, caiu para 691.500 contra o dólar, quase alcançando seu nível mais baixo na história, considerando que, em 2015, na época do acordo nuclear com as potências mundiais, a cotação era de 32.000 riais por dólar. Em uma entrevista veiculada pela agência de notícias Fars, o General Mohammad Ali Naini, porta-voz da Guarda Revolucionária, alertou que a resposta do Irã seria “sábia, poderosa e além da compreensão do inimigo”. Ele ainda advertiu aos líderes israelenses que deveriam “olhar pelas janelas de seus quartos e proteger seus pilotos criminosos dentro de seu pequeno território”. Há indícios de que pilotos da força aérea israelense utilizaram mísseis balísticos lançados do ar no ataque de outubro.

Khamenei fez seu discurso durante uma reunião com universitários em Teerã, em um dia que simboliza a luta estudantil e a resistência ao regime anterior, marcando o Dia dos Estudantes, uma data que remete ao incidente de 4 de novembro de 1978, quando soldados iranianos abriram fogo contra estudantes em protesto, resultando na morte e ferimentos de diversos manifestantes. O ambiente na reunião foi de grande entusiasmo, com os presentes aclamando Khamenei e gritando “o sangue em nossas veias é um presente para nosso líder”. Alguns participantes realizaram gestos em referência a discursos de líderes como Hassan Nasrallah, do Hezbollah, que alertou sobre as consequências fatais para as tropas americanas na região.

No próximo domingo, o Irã celebrará o 45º aniversário da crise de reféns da Embaixada dos EUA, desencadeada em 4 de novembro de 1979, quando estudantes islâmicos invadiram a embaixada, resultando em uma crise que durou 444 dias e que solidificou a inimizade que perdura até hoje entre Teerã e Washington. Nesse conturbado cenário, observa-se uma complexa tensão no Oriente Médio, onde cada movimento pode levar a um desdobramento inesperado e catastrófico, colocando em risco tanto a estabilidade regional quanto a segurança internacional.

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