A terceira temporada do aclamado Star Trek: Lower Decks está repleta de referências a episódios icônicos do universo Star Trek, e o mais recente episódio, intitulado “The Best Exotic Nanite Hotel”, não é exceção. Neste episódio, o USS Cerritos é encarregado de enfrentar um novo desafio: a erradicação de um “glumpus” de nanites de um luxuoso cruzeiro intergaláctico, a Cosmic Duchess. Enquanto a série mantém seu tom cômico, ela também homenageia de maneira divertida um dos momentos mais sombrios da série anterior, Star Trek: Voyager, especificamente a sequência de dois episódios “Year of Hell”, da quarta temporada.
O episódio em questão traz uma crítica leve, mas mordaz, ao conceito de “Year of Hell”, onde a nave USS Voyager enfrenta desafios devastadores ao tentar se recuperar das maquinações do vilão Annorax, interpretado por Kurtwood Smith. Na série original, o enredo expõe a deterioração dos recursos da nave e o sacrifício contínuo da tripulação enquanto tentam sobreviver em um espaço-tempo em constante transformação, resultado dos avanços tecnológicos da raça Krenim. Em uma abordagem que mistura humor e nostalgia, Lower Decks introduz o USS Endeavour, uma versão microscópica da USS Voyager, que também é uma nave da classe Intrepid e que, assim como a Voyager, tem uma capitã mulher.
No desenrolar da trama, os oficiais juniores da USS Cerritos, liderados pela tenente Beckett Mariner, descobrem que o Endeavour está preso em uma dimensão alternativa, lidando com um mês de “inferno”, o que gera uma comparação cômica com os intensos eventos da “Year of Hell”. Mariner se diverte ao refletir sobre as proporções do “inferno” do Endeavour, durando apenas um mês em comparação com o verdadeiro terror da Voyager, que dura um ano inteiro. Essa comparação irônica não é apenas uma crítica ao enredo expandido de Voyager, mas também um lembrete de como as narrativas de Star Trek evoluíram ao longo do tempo.
No contexto de Star Trek: Voyager, o conceito de “Year of Hell” é frequentemente considerado como um marco de storytelling, onde a capitã Janeway e sua equipe enfrentam expectativas crescentes e dilemas morais profundos. A série originalmente planejou um arco que se estenderia por toda a quarta temporada, mas esse potencial foi reduzido para um arco de dois episódios, culminando na apresentação de uma narrativa que explora as consequências da luta e do sacrifício. Isso levanta a questão de se os fãs teriam ficado satisfeitos se o DBS tivesse mais inovações narrativas ao longo da temporada.
Investigações adicionais, como exploradas no episódio “Face the Strange”, de Star Trek: Discovery, mostram que a tecnologia Krenim se tornou uma parte significativa do universo de Star Trek, servindo para refletir sobre os traumas e desafios enfrentados pelos personagens em um contexto de viagem espacial complexo. A série Lower Decks, ao fazer referência ao “Year of Hell”, propõe novas dinâmicas, trazendo um novo nível de familiaridade e ao mesmo tempo mantendo o espaço cômico necessário para entreter os espectadores. Essa abordagem se alinha com a tendência atual em Star Trek, onde a narrativa mais longa e complexa se tornou mais comum.
Apesar da narrativa mais longa e interconectada ser uma evolução bem-vinda, o fato de Lower Decks ter conseguido intrigar o público com uma paródia da ideia de um “mês de inferno” sugere que, talvez, a série deva continuar explorando essas dimensões e inovações. Se a USS Endeavour está planejando um futuro cheio de eventos peculiares em sua travessia pelo cosmos, mal podemos esperar pelo que a tripulação do Cerritos encontrará a seguir. O hilariante e respeitoso olhar para o passado das aventuras de Star Trek não apenas mantém o legado vivo, mas também dá aos novos e antigos fãs razões para sorrir.
Em conclusão, a interação entre Star Trek: Lower Decks e Star Trek: Voyager é um excelente exemplo de como universos narrativos podem se entrelaçar. As brincadeiras e referências sutis fornecem um espaço para reflexão e nostalgia, enquanto também traçam um caminho para futuras inovações no vasto universo de Star Trek. Este episódio não somente presta uma homenagem ao passado, mas também prepara o terreno para novas aventuras e descobertas, mantendo viva a essência de Star Trek que todos nós amamos.