nos últimos dias, um incidente violento em minneapolis reacendeu o debate sobre a relação entre raça e policiamento nos Estados Unidos. Um homem branco, identificado como john sawchak, de 54 anos, é acusado de ter disparado contra seu vizinho negro, davis moturi, atingindo-o no pescoço. O que torna este caso ainda mais preocupante são as informações que emergem sobre o histórico de sawchak, que inclui uma “extensa história de ameaças, assédio e danos à propriedade” contra vários vizinhos ao longo de dois anos. Segundo registros judiciais, sawchak conseguiu evitar a prisão se retratando em sua casa, mesmo com dois mandados de prisão ativos contra ele por um suposto ano de assédio direcionado à sua vítima, além de um terceiro mandado relacionado a uma agressão a outro vizinho em 2022.
o departamento de polícia de minneapolis foi novamente colocado sob o olhar crítico do público, após a alegada falha em prender sawchak antes do tiroteio que ocorreu em 23 de outubro. O porta-voz da polícia, em resposta às perguntas sobre a gerência da situação, destacou que o número de policiais disponíveis na cidade caiu drasticamente desde 2020, passando de 900 para apenas 500, o que fornece contexto para a lentidão na resposta policial. A análise do especialista em lei e ordem, john miller, sugere que essa diminuição no efetivo tem repercussões diretas na eficácia da polícia em situações que exigem uma resposta mais rápida e coordenada.
imagens da câmera de vigilância mostram o momento em que moturi, que estava cuidando de uma árvore, foi atingido. O tiro atravessou seu pescoço, resultando em fraturas na coluna, costelas quebradas e uma concussão. ao comentar sobre o ocorrido, moturi expressou seu alívio por estar vivo, ressaltando o apoio de sua esposa durante a recuperação. “é muito triste que tenha chegado a esse ponto”, lamentou ele. em contrapartida, o chefe da polícia de minneapolis, brian o’hara, anunciou que uma revisão completa do incidente será realizada, afirmando que a polícia tentou “prender lawfully e com segurança” sawchak, priorizando a proteção à vida humana.
o’hara, que está à frente do departamento desde a morte de george floyd, reconheceu que a incapacidade da polícia de deter sawchak, que tem um histórico de problemas mentais e de posse de armas, representou uma falha total. “nós falhamos com a vítima 100% porque isso não deveria ter acontecido”, admitiu o chefe da polícia em uma coletiva de imprensa. sua declaração surgiu horas antes da prisão de sawchak, que supostamente se escondeu em casa durante dias enquanto moturi estava hospitalizado.
durante a semana que precedeu o tiroteio, as tensões entre as duas famílias aumentaram, começando por desentendimentos relacionados a uma árvore que foi plantada entre os imóveis. o argumento entre os vizinhos se intensificou rapidamente, levando a um cenário de violência que alarmou a comunidade. a polícia foi chamada ao local pelo menos 19 vezes, sendo que as queixas variavam de ameaças verbais até o lançamento de fezes humanas pela caixa de correio da família moturi. “não ligo para a polícia por diversão. eu ligo porque quero manter minha família em segurança”, relatou davis moturi.
as circunstâncias em torno do tiro são indicativas de uma crítica mais ampla ao sistema de policiamento local, que muitos consideram ineficaz na proteção de homens negros. a esposa de moturi, caroline, expressou seu desgosto, afirmando que o fato de seu marido ter sido baleado simboliza uma ausência de justiça para a comunidade negra. enquanto o chefe o’hara atribui a paralisação do departamento à natureza “superpolitizada” da aplicação da lei na cidade, especialistas em policiamento, como chuck wexler, defendem que o tratamento dado à situação foi inadequado e que o departamento não conseguiu evitar que a violência ocorresse.
no entanto, ainda existem divergências sobre como a polícia deve proceder em situações de crise envolvendo indivíduos com históricos de saúde mental. o’hara comentou que seu departamento estava tentando evitar um confronto armado, o que poderia ter gerado consequências trágicas adicionais. a embaraçosa estagnação que ocorreu, no entanto, levanta questões sobre a eficácia das respostas da polícia em situações semelhantes, especialmente quando a vida de cidadãos vulneráveis está em risco. “o que o departamento incidiu foi uma série de etapas que foram tomadas de maneira metódica e sistemática […] e, no final, o indivíduo saiu com segurança da casa”, afirmou ele.
tendo em vista as controvérsias mais amplas sobre a relação da polícia com a comunidade e o impacto da morte de george floyd em 2020, especialistas acreditam que a frustração exposta por moturi e a comunidade é justificada. a narrativa de que a polícia hesita em agir quando se trata de indivíduos não brancos é um tema que ainda precisa ser profundamente abordado pela sociedade. perante a crescente pressão por reforma, muitos se perguntam se o debates sobre as obrigações da polícia e a responsabilidade social não estarão condenados a repetir os mesmos erros do passado.
no final, o incidente em minneapolis não é apenas um reflexo isolado de um ato de violência entre vizinhos, mas também um indicativo das necessidades urgentes de reforma no sistema de policiamento, que deve levar em conta não só a segurança pública, mas também a premência de um diálogo mais sério sobre raça e justiça. a pergunta fundamental que resta é: até que ponto as mudanças necessárias serão implementadas para evitar que tragédias semelhantes ocorram novamente no futuro?