No universo do entretenimento, a expectativa por sequências de filmes clássicos muitas vezes é misturada com esperança e desilusão. Recentemente, o renomado diretor Robert Zemeckis, em entrevista ao podcast Happy Sad Confused, trouxe à tona essa dinâmica ao revelar que há um roteiro interessante para uma possível sequência de Quem Framed Roger Rabbit, mas a produção deste filme é praticamente um sonho impossível. A razão disso gira em torno de um elemento crucial do filme original: a personagem Jessica Rabbit. Se você é fã do animado mundo de Roger Rabbit, prepare-se para um misto de entusiasmo e frustração enquanto exploramos os detalhes dessa revelação.
A conversa entre Zemeckis e o apresentador Josh Horowitz começou com a menção de seu novo longa, Here, estrelado por Tom Hanks e Robin Wright, mas logo se desviou para o assunto que muitos espectadores têm em mente: a sequência de Quem Framed Roger Rabbit. O diretor compartilhou com os ouvintes que existe um bom roteiro guardado na Disney, mas apontou uma barreira intransponível para a realização do projeto, destacando que a atual direção da Disney não faria um filme com Jessica Rabbit. “Aqui está a coisa: a Disney atual nunca faria Roger Rabbit hoje em dia”, expressou Zemeckis. Esse tipo de declaração levanta questões sobre como a evolução das normas sociais influencia a criação artística.
Um exemplo claro da transformação da imagem de Jessica Rabbit pode ser observado no novo traje que a personagem ganhou no parque da Disney. Em 2021, Disneyland fez uma atualização no design de Jessica, substituindo seu famoso vestido vermelho por um sobretudo, o que supostamente reflete sua nova ocupação como investigadora particular. O diretor fez questão de ressaltar essa mudança: “Olhe o que eles fizeram com Jessica no parque temático. Eles a vestiram com um sobretudo, sabe?”, indicou, sugerindo que a nova direção da Disney decidiu cuidar da personagem de uma maneira que considere mais “apropriada” nos dias atuais.
O diretor, que é responsável por clássicos como De Volta para o Futuro, também comentou sobre as suas visões artísticas e a essência que procurou trazer para o filme original. Ele destacou que quando começou a trabalhar em Quem Framed Roger Rabbit, uma nova administração havia assumido a Disney, trazendo um espírito inovador e promissor. No entanto, Zemeckis sentiu a pressão de alinhar suas ideias criativas com a política da empresa, afirmando que seu objetivo era criar o filme da maneira que ele acreditava que Walt Disney faria. Para Zemeckis, a abordagem mais autêntica que ele poderia seguir era tratar o público infantil com respeito, em vez de subestimá-los. “Walt Disney nunca fez nenhum de seus filmes para crianças. Ele sempre os fez para adultos”, refletiu o diretor.
Ao discutir o impacto que o filme teve no público jovem na época em que foi lançado, Zemeckis lembrou-se de uma sessão de teste que ele realizou com mães e crianças. Ele revelou estar apavorado, pois os pequenos tinham cerca de cinco a seis anos de idade. Para sua surpresa, as crianças estavam completamente envolvidas na história. “Eu percebi que a questão é que as crianças entendem tudo. Você não precisa… Acho que a questão que Walt Disney nunca fez foi falar com menosprezo com as crianças em seus filmes. Ele tratava as crianças como se fossem adultos”, disse Zemeckis, ressaltando o respeito pela inteligência e sensibilidade do público jovem.
Com essa revelação, fica claro que, embora existam boas ideias e roteiros para uma sequência, o tipo de filme que Zemeckis gostaria de criar pode não se alinhar com a nova imagem que a Disney procura cultivar. A ausência de Roger Rabbit 2 é um lembrete de como a indústria do cinema está em constante evolução e como as decisões corporativas podem moldar o futuro da narrativa. Os fãs, portanto, continuam a sonhar com uma continuação que mantenha a magia e a profundidade do original, enquanto o futuro parece nebuloso e dependente de novas visões e estratégias por parte das grandes empresas de entretenimento.