O filme “Smile 2”, sequência do aclamado “Smile”, que estreou em 2022, provoca reflexões sobre a natureza do trauma e suas consecuções nas vidas de seus protagonistas. O anterior teve uma performance impressionante nas bilheteiras, arrecadando cerca de $217 milhões mundialmente a partir de um modesto orçamento de $17 milhões. Aglomerando fãs e curiosos, “Smile 2” avança a narrativa com uma nova protagonista, Skye, uma famosa estrela pop, ao mesmo tempo em que mantém uma continuidade estrutural com sua antecessora. Ao analisarmos mais profundamente, observamos que, apesar das diferenças em suas circunstâncias, tanto Rose, do primeiro filme, quanto Skye, do segundo, compartilham experiências trágicas que culminam em finais desconcertantes.

tramas interligadas e o tema do trauma apresentado

Antes de mais nada, é importante lembrar que ambas as obras são escritas e dirigidas por Parker Finn, que traz à tona o persistente tema do trauma na narrativa do terror. Em “Smile”, Rose, uma psiquiatra, começa a reviver visões aterrorizantes após presenciar uma morte brutal, o que a leva a uma espiral de desespero. Na sequência, temos Skye, que, apesar de sua vida glamourosa, se vê consumida por um espectro similar, a entidade Smile, que busca se alimentar de traumas do passado de suas vítimas. Assim, Finn efetivamente expõe como experiências traumáticas interligam vidas de maneiras que, embora únicas, produzem um efeito devastador.

Os maiores pontos de intersecção entre as histórias de Rose e Skye são propriamente vistas em suas mortes. O que começa como uma busca por compreensão se transforma em uma luta pelo controle de suas vidas, levando a um clímax trágico que não revela explicitamente suas mortes. “Smile 2” capítulo, em particular, destaca a agonia coletiva, com a morte de Skye ocorrendo em público, diante de seus fãs. O impacto emocional, portanto, é amplificado pelo modo como a cena é apresentada: o horror da situação é percebido através das reações dos espectadores ao invés de um foco direto na tragédia.

dilatação do horror e a visão perturbadora do mundo de Skye

O clímax angustiante de “Smile 2” ocorre em um concerto onde Skye, aparentemente cercada por amor e adoração, se vê tragicamente afastada da normalidade. Enquanto sua performance avança, é revelado que a esperança de derrotar a entidade Smile é um elaborado delírio. O truque estético de apresentar a morte de Skye em um “off-screen” não é uma escolha aleatória; ao focar nas reações do público e não na morte em si, Finn insere uma camada extra de impotência, não apenas para Skye, mas também para a audiência. É um tema sombrio que se reflete através de todo o filme: a maneira como o trauma pode tomar conta não apenas das vítimas, mas de todos que testemunham suas desgraças.

Por contabilidade, essa estratégia narrativa não apenas preserva um certo nível de horror, mas também serve aos propósitos da entidade Smile em sua contínua busca por novos anfitriões. O filme habilmente utiliza a proximidade íntima de seus personagens principais com o público, para então brutalmente não mostrálos, fazendo com que a audiência experimente a horrorosa vulnerabilidade de tais mortes de forma indireta. Portanto, “Smile” e “Smile 2” tornam-se não apenas histórias de terror psicológico, mas experiências cinematográficas envolventes e perturbadoras que forçam o público a confrontar sua própria resposta ao sofrimento humano.

um ciclo de horror perpetuado e as possibilidades de um futuro sombrio

Comparecendo ao final de “Smile 2”, fica a dúvida sobre o futuro de todos os envolvidos, agora potencialmente corrompidos pela entidade Smile. O formato do filme reflete um ciclo vicioso de trauma, do qual os personagens não podem escapar, culminando em um destino que sugere uma sequência. Por meio do uso habilidoso de simbolismo e tragédia, Finn consegue unir as narrativas de Rose e Skye, antecipando o pesar que seus sentimentos proporcionam tanto a elas quanto ao público. O filme termina com uma nota ambígua e perturbadora que deixa os espectadores a pensar sobre o peso do trauma e a possibilidade de multiplicação do mal que a entidade promovia.

Assim, “Smile 2” não apenas expande a narrativa do primeiro filme, mas também a enriquece com camadas de complexidade temática e emocional. E, à medida que as luzes se apagam nas salas de cinema, não se pode evitar a pergunta: até que ponto nossas próprias experiências moldam quem somos, e o que faríamos para escapar de nossa realidade quando somos confrontados com o horror?

O que se conclui é que a continuidade das franquias de terror muitas vezes está enraizada em ciclos de dor e trauma, explorando não só o horror, mas também a capacidade humana de resistir, refletir e eventualmente sucumbir à inevitabilidade dos eventos. E, se você acha que após “Smile 2” teremos um “Smile 3”, você poderia apostar sua esperança e um pouco de emoção, porque a jornada de Skye sugere que o horizonte sombrio da história do sorriso ainda pode estar longe de seu fim.

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