“`html
Em uma reviravolta no enredo da vida real, os irmãos Menendez, Erik e Lyle, estão novamente nas manchetes após a solicitação de clemência por parte de sua equipe de defesa, submetida em 28 de outubro. Os irmãos, condenados por assassinato em primeiro grau em 1996 pela morte de seus pais, José e Kitty Menendez, em 1989, atraíram uma nova onda de simpatia pública graças à série Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez, criada por Ryan Murphy, e ao documentário da Netflix intitulado Os Irmãos Menendez. Essas produções discutem a história conturbada dos irmãos, incluindo os abusos físicos, emocionais e sexuais que sofreram nas mãos de seu pai. Embora o objetivo de Murphy ao contar essa história não fosse diretamente buscar a libertação dos irmãos, ele admite que o apoio público que eles estão recebendo é, de certa forma, esperado.
“Não posso dizer que fiquei surpreso, porque quando terminamos as filmagens e assisti aos episódios, achei-os incrivelmente poderosos sob vários pontos de vista”, refletiu Murphy durante um painel do Netflix FYC em Los Angeles, realizado em 2 de novembro. Ele ressaltou que a série tinha como propósito apresentar diferentes perspectivas complicadas e especificamente chamar a atenção para questões em torno do abuso sexual, um tema que, segundo ele, é particularmente relevante para os jovens de hoje. “O que a série fez, que é por isso que eu quis fazê-la, foi lançar uma discussão sobre esse tópico”, afirmou.
Celebridades como Kim Kardashian também se destacaram nesta discussão, escrevendo um ensaio para a NBC News clamando pela liberdade de Lyle e Erik após visitá-los na prisão. Ao falar sobre a participação de Kardashian, Murphy contou: “Ela me ligou um mês antes da exibição do programa e perguntou se poderia vê-lo. Naturalmente, disse que sim. Ela é uma amiga e alguém profundamente interessada na reforma do sistema prisional, e logo ficou envolvida”. A repercussão foi intensa, com o escritório do promotor e o gabinete do governador recebendo uma avalanche de reações da sociedade.
Murphy mencionou como a ideia de gerar um debate era uma de suas principais motivações. “O que me importa, seja algo amado ou odiado, é se isso impulsiona uma conversa. Acredito que a série definitivamente cumpriu esse papel, algo do qual Ian [Brennan], meu co-criador, e eu estamos muito orgulhosos”, explicou.
As atuações de Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch, que interpretam respectivamente Lyle e Erik na série, foram cruciais para capturar o sentimento do público. Ambos os atores eram novos no universo de Ryan Murphy. Chavez, por exemplo, logo depois participou da série de horror Grotesquerie. Ao comentar sobre o processo de imersão na história durante as audições, Chavez disse: “Eu não conhecia a história até fazer o teste e, então, foi um processo de pesquisa urgente. Precisávamos aprender o máximo que pudéssemos rapidamente”.
O processo de elenco demorou seis meses, segundo Murphy, que rapidamente decidiu que Koch e Chavez eram suas melhores escolhas. “Assim que vi as fitas deles, sabia que eram os certos”, relembrou. Ele revelou que, em processos como esse, geralmente há várias opções, mas, nesse caso, ele estava decidido a focar apenas neles. “Na rodada final, foram apenas eles, e eu disse: ‘Acredito em vocês e não quero que sintam que têm concorrência’”, disse Murphy.
O tema da segurança foi uma questão recorrente nas discussões do painel. Os atores relataram o quanto os colegas e a equipe apoiaram uns aos outros durante a abordagem de assuntos tão delicados e que necessitam de muito cuidado, especialmente no quinto episódio, intitulado “O Homem Ferido”. Nesse episódio, a conversa se concentra em Erik e sua advogada, Leslie Abramson, interpretada por Ari Graynor, que narra os abusos que sofreu na infância.
“Não haveria forma de eu ter conseguido sem ela”, ressaltou Koch sobre Graynor, que foi fundamental na construção do ambiente seguro necessário para que ele pudesse interpretar Erik. “Eu tenho muita sorte de ter podido testemunhar isso”, completou.
No entanto, enquanto discussões de apoio e compreensão marcam o tom da série, o futuro dos irmãos Menendez ainda é incerto. A saideira positiva da sociedade e o reconhecimento público da dor que sofreram em suas vidas são temas que fascinam e atraem a atenção em um mundo onde o entendimento e a compaixão muitas vezes têm que lutar contra preconceitos profundamente enraizados.
Portanto, enquanto o clamor por uma revisão das sentenças dos irmãos persiste e os debates sobre temas frequentemente considerados tabus se intensificam, perdura a esperança de que as conversas geradas por essas narrativas ajudem a moldar uma sociedade mais empática e consciente.
“`