Como parte de uma série de entrevistas do TechCrunch enfatizando a presença feminina na inteligência artificial, Sophia Velastegui, uma das figuras fundamentais do setor, compartilhou suas percepções sobre a rápida evolução da tecnologia de IA e a necessidade de inclusão de diferentes vozes na construção do futuro dessa área. Membro do comitê nacional de aconselhamento em IA da National Science Foundation (NSF) e ex-diretora de inteligência artificial na divisão de software empresarial da Microsoft, Velastegui destaca a importância de criar um ambiente diversificado que reflita a variedade de perspectivas presentes na sociedade atual.
O apetite de Velastegui para inovar e transformar a experiência do usuário por meio da IA começou de maneira inesperada. Graduada em engenharia mecânica pelo Georgia Tech, ela inicialmente não planejava uma carreira no campo da inteligência artificial. Sua jornada começou em 2009, quando começou a trabalhar na Apple. Nesse ambiente, rapidamente se tornou fascinada por aplicativos que utilizavam inteligência artificial.
“Comecei a perceber que produtos infundidos com IA realmente ressoavam com os clientes, graças à sensação de personalização”, revelou Velastegui em entrevista. Seu encantamento com o potencial ilimitado da IA a levou a procurar projetos focados nessa área, aceitando todas as oportunidades que surgiam em seu caminho.
Uma carreira moldada pela inovação em tecnologia
Durante sua trajetória na Apple, Velastegui teve um papel crucial no desenvolvimento do primeiro MacBook Air e do primeiro iPad. Em um curto espaço de tempo, suas habilidades foram reconhecidas, e ela se tornou gerente de produtos para todos os laptops e acessórios da Apple. Com seu talento, ela foi promovida para o grupo de projetos especiais da empresa, onde suas contribuições foram fundamentais para o desenvolvimento de plataformas como CarPlay, iCloud, Apple Maps, além de sistemas de dados e inteligência artificial.
Em 2015, ingressou no Google como chefe de arquitetura de silício e diretora da linha de produtos da marca Nest. Após uma breve passagem pela Doppler Labs, Velastegui aceitou uma oferta de trabalho da Microsoft, onde se destacou como gerente geral de produtos de IA e busca. Na Microsoft, assumiu a liderança das iniciativas de IA em aplicativos de negócios, orientando equipes para integrar inteligência artificial em produtos como LinkedIn, Bing, PowerPoint, Outlook e Azure. Sua trajetória na Microsoft foi marcada por inovações significativas, incluindo projetos internos que utilizavam o modelo gerador de texto GPT-3 da OpenAI, adquirindo a licença exclusiva do modelo pouco depois.
“Meu tempo na Microsoft realmente se destaca”, disse, refletindo sobre sua decisão de se juntar à empresa em um momento em que muitos achavam que ela estava atrasada no setor. Entretanto, a rápida transformação da Microsoft sob a liderança de Satya Nadella atraiu Velastegui, que queria fazer parte dessa revolução.
Desafios e a necessidade de inclusão de diferentes pontos de vista
Após deixar a Microsoft em 2022, Velastegui fundou uma empresa de consultoria e assumiu o desenvolvimento de produtos na Aptiv, uma companhia de tecnologia automotiva. Em 2023, ela foi convidada a se juntar ao comitê de IA da NSF, que busca apoiar pesquisas básicas em inteligência artificial, colaborando com a indústria, academia e governo. Ao longo dessa trajetória, Velastegui aprendeu a navegar em um setor predominantemente masculino, atribuindo seu sucesso às mentoras que a apoiaram.
“Para as mulheres na tecnologia, se você participou de uma transformação, adoção ou gestão de mudanças, você tem o direito de estar à mesa, então não tenha medo de ocupar seu espaço”, aconselha Velastegui. Ela enfatiza a importância de levantar a mão para assumir mais responsabilidades em IA, independentemente de serem parte de seu trabalho atual ou de um projeto adicional.
Velastegui destaca que a falta de diversidade nas equipes de IA pode levar ao chamado “pensamento de grupo”, onde as ideias e inovações são limitadas. Ela defende a inclusão de opiniões femininas durante o desenvolvimento de tecnologias críticas, para que essas mulheres possam influenciar e moldar o futuro da inteligência artificial de maneira que represente verdadeiramente a sociedade que usamos.
Acelerando a inovação com segurança e ética
Velastegui observa que a incrível velocidade de desenvolvimento da inteligência artificial é um desafio significativo. Sem um framework ético comum que regule essa evolução rápida, os desenvolvedores podem enfrentar dificuldades em inovar sem comprometer a segurança e a responsabilidade. “Nunca vimos uma tecnologia tão transformadora evoluir em um ritmo tão acelerado”, afirmou ela, evidenciando a necessidade de se manter informado e consciente das implicações de um avanço tão veloz.
O que as empresas podem fazer para garantir que os produtos de IA sejam desenvolvidos de maneira responsável? Velastegui defende uma abordagem “centrada no ser humano”, considerando erros do passado e priorizando o bem-estar dos usuários em primeiro lugar. A formação de conselhos de IA diversificados, que revisem e ofereçam recomendações para challenges atuais, é um passo fundamental na busca por uma evolução tecnológica ética e aceitável.
Em suma, Sophia Velastegui não apenas traçou um impressionante caminho na indústria da tecnologia, mas também se posicionou como uma defensora da diversidade e da ética no desenvolvimento de inteligência artificial. Seu chamado à ação para que as mulheres se envolvam mais plenamente na IA é não apenas relevante, mas essencial para garantir que as inovações futuras reflitam a rica tapeçaria da experiência humana.