No mundo dos esportes, é raro que alguém se torne campeão mundial de uma modalidade que sequer conhecia um ano antes de conquistar o título. No entanto, a trajetória de Kelci Banschbach, uma americana de 34 anos de Indianápolis, foge do convencional ao se tornar a primeira campeã mundial de conkers, um jogo tradicional que provavelmente muitos não conhecem. Essa história inusitada tem chamado a atenção e gerado curiosidade, principalmente diante da simplicidade e ludicidade do jogo. E o que mais pode ser surpreendente do que conquistar um título mundial numa competição que muitos não sabiam que existia?

Conkers é um jogo tradicional nas Ilhas Britânicas, em que os participantes usam a semente do castanheiro-da-índia, conhecida como conker, pendurada em um pedaço de corda e tentam quebrar a concha do adversário. As regras são simples, mas a competição é acirrada. Kelci, que se mudou para Suffolk, na Inglaterra, por razões profissionais, se deparou com o jogo por acaso no ano passado. “No outono passado, eu estava vendo todos os conkers nas calçadas e me perguntando o que eram”, lembrou Banschbach. “Pesquisei na internet, fui fundo na página da Wikipédia e percebi que era um esporte completo, com regras, e que o campeonato seria realizado a apenas uma hora de distância.”

Após perder a oportunidade de participar na edição do ano passado, Kelci e alguns colegas de trabalho começaram a brincar com o jogo. Gradualmente, a brincadeira se transformou em uma paixão, levando-a a entrar na competição. Sua improvável vitória surpreendeu a todos, especialmente a ela mesma, que havia brincado sobre ser a “rainha dos conkers” antes mesmo de ganhar o título. “Little did I know that that would actually happen,” declarou Banschbach, refletindo sobre sua trajetória nesse curioso esporte.

surpresas e desafios no campeonato mundial de conkers

O evento que consagrou Banschbach como a campeã mundial aconteceu em Northamptonshire, na Inglaterra, onde a atmosfera era animada e repleta de tradições peculiares. Apesar de inicialmente não estar planejando competir, um amigo a encorajou a se inscrever. “Um amigo meu se inscreveu primeiro. Eu não queria que ele fosse o único, então acabei inscrevendo-me um pouco relutantemente”, contou Kelci. Sua participação de última hora fez com que ela perdesse a chance de competir em trajes típicos, uma tradição divertida do torneio. “Lembro de um homem usando uma cabeça de Yoda gigante e um cara com uma concha de conker de papel machê”, disse.

Com cerca de 2.000 espectadores assistindo, a competição foi intensa e cheia de bom humor, embora Banschbach tenha enfrentado tensão com sua concorrente, uma campeã três vezes. “Ela era realmente intimidadora, sabia que ela tinha sucesso e parecia muito séria”, comentou a nova campeã. O clima levava os espectadores a gritarem brincadeiras quando anunciavam que uma americana nunca havia vencido o campeonato. E enquanto a multidão exclamava, “E você nunca vai ter uma!”, Banschbach ficou determinada a mostrar que estavam errados.

À medida que as rodadas avançavam, ela encontrou seu ritmo, com cada vitória aumentando sua confiança. “Sinceramente, parecia uma experiência fora do corpo. Eu não sentia que estava realmente vivenciando isso. Eu estava assistindo tudo de fora,” relembrou. “No final, foi uma sensação eufórica, mas ao mesmo tempo fiquei triste porque David, meu oponente, é um cara muito legal e eu sei o quanto significava para ele ganhar”, refletiu, demostrando um espírito esportivo admirável.

uma celebração inesperada, mas com planos de futuro incertos

Banschbach teve que lidar com a realidade singular de ser campeã em um evento que terminou gerando até polêmicas. Depois de sua vitória, a competição deste ano foi ofuscada por um escândalo em torno do vencedor do campeonato masculino, que foi flagrado com um conker de aço em seu bolso. Apesar disso, Kelci conseguiu conquistar um título que provavelmente será difícil de defender no próximo ano, já que está se mudando de volta para os Estados Unidos. “Estou ansiosa para ver se consigo voltar no próximo ano. Se tudo correr bem, tentarei fazer uma aparição surpresa, e quem sabe eu consiga convencer alguns colegas a manter o título americano vivo!”, expressou a campeã, mantendo seu espírito competitivo apesar das dificuldades.

Com um troféu, um pano de prato e uma simpática toalha entre os prêmios, Kelci Banschbach já conquistou um lugar no coração dos amantes de conkers e inspirado a muitos a conhecerem novas tradições esportivas. E quem diria que um jogo simples poderia elevar um espírito competitivo tão vibrante e divertido? É claro que, no mundo dos esportes, as surpresas estão sempre à espreita, e às vezes nos lembram que tudo pode acontecer — especialmente quando um conker está em jogo.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *