A emissora NBC anunciou que concedeu ao ex-presidente Donald Trump tempo gratuito para propaganda de sua campanha, numa movimentação que ocorre em resposta à recente aparição da vice-presidente Kamala Harris no programa de televisão Saturday Night Live. Esta decisão é particularmente interessante já que a propaganda foi veiculada durante a cobertura de uma corrida da NASCAR, conforme indicado por uma fonte próxima ao caso.

O tempo concedido à campanha de Trump coincide com a duração da aparição de Harris no SNL, onde ela teve uma participação de um minuto e trinta segundos. De acordo com as normas de igualdade de tempo da FCC (Comissão Federal de Comunicações), caso outra campanha presidencial solicite tempo semelhante, a NBC teria que conceder a esse grupo aproximadamente 90 segundos de publicidade. Este cenário levanta questões sobre a equidade nas transmissões eleitorais, especialmente com as aproximações das eleições presidenciais.

Durante a corrida da NASCAR transmitida nesse domingo, alguns espectadores notaram que Trump apareceu em um anúncio incomum, logo após o término da corrida. Ele estava usando um boné vermelho com a frase “Make America Great Again” e fazia um apelo direto aos telespectadores. Trump afirmou que a eleição de Kamala Harris poderia levar a uma “depressão” e encorajou os telespectadores a “ir e votar”. Tais declarações não apenas mostraram a atitude direta da campanha Trump, mas também acentuaram uma retórica alarmante antes das eleições.

Segundo informações de uma fonte conectada ao assunto, o anúncio foi vinculado à concessão de tempo igual à campanha de Trump. No entanto, ainda não está claro se Trump procurará programação em outros momentos ou em qual espaço da programação ocorrerá, ou se foram os próprios assessores de Trump ou a NBC que sugeriram a exibição do anúncio durante a NASCAR.

Além disso, não se sabe se outras campanhas já solicitaram tempos iguais, mas, se isso ocorrer, a NBC terá que encontrar espaço para estas campanhas, de acordo com as regras da FCC. Lorne Michaels, criador do SNL, já tinha mencionado anteriormente sobre estas regras em entrevista a um veículo de comunicação, evidenciando a razão pela qual o programa não havia incluido Trump ou Harris durante essa temporada eleitoral.

SNL retransmitiu a aparição de Harris, a qual foi feita em um sketch “cold open”. Ela foi acompanhada por Maya Rudolph, que interpreta a vice-presidente no programa de comédia noturno, e no sketch, as duas discutem um pep talk. O segmento é finalizado quando elas dizem “Keep Kamala and carry on-ala.” Contudo, a aparição de Harris não passou desapercebida e atraiu também uma crítica da comissão da FCC.

O comissário da FCC, Brendan Carr, argumentou que a participação de Harris no SNL constitui uma “clara e flagrante tentativa de evitar a regra de tempo igual da FCC”, uma vez que a aparição ocorreu apenas dois dias antes do dia da eleição, dentro da janela de sete dias que a FCC concede às campanhas para solicitar tempo igual. É importante destacar que a regra em questão “não exige que uma emissora forneça programas idênticos aos candidatos opostos”, conforme descrito pelas regulamentações da FCC, mas sim um tempo e posicionamento comparáveis.

A rápida inserção do anúncio de Trump durante a cobertura da NASCAR sugere que a rede está agindo celeremente para cumprir com as reivindicações de tempo igual. Essa situação gera um ambiente cheio de tensões e restrições, especialmente considerando a polarização política atual nos Estados Unidos e o impacto que isso pode ter na percepção dos eleitores, especialmente em ano de eleições como este. Assim, a NBC se vê em uma posição delicada em relação a como equilibrar a programação e as regras da FCC, ao mesmo tempo que busca manter sua audiência e sua imagem perante o público.

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