A corrida pela liderança do Partido Republicano no Senado dos Estados Unidos ganhou um novo capítulo nos últimos dias, com os principais candidatos intensificando suas campanhas para conquistar o apoio de senadores-chave e do ex-presidente Donald Trump. A saída iminente de Mitch McConnell, que detém o cargo de líder do GOP no Senado, cria um cenário incerto para o futuro da liderança republicana, especialmente com a eleição presidencial se aproximando rapidamente.
Entre os principais postulantes estão o senador John Cornyn e o líder da maioria do Senado, John Thune. Ambos estão percorrendo o país, investindo milhões nas contas de campanha de candidatos republicanos e trabalhando arduamente para garantir que suas respectivas bases de apoio estejam solidificadas até a votação secreta que ocorrerá em 13 de novembro. De acordo com senadores republicanos e assessores próximos, a disputa está nivelada, e os resultados permanecem abertos a interpretações, refletindo a dinâmica volátil que caracteriza a política atual.
Um aspecto crucial da disputa é o impacto que os resultados da eleição presidencial têm sobre as escolhas dos republicanos para a liderança do Senado. Senadores afirmam que, se Donald Trump conseguir vitória nas eleições, seu apoio poderá ser decisivo na escolha do novo líder. Entretanto, se Trump perder, isso poderá complicar a missão de Cornyn e Thune, que terão que convencer a base do GOP sobre como a partir daí o partido pode se reerguer das dificuldades políticas que enfrentou recentemente.
Ambos os senadores são bem conscientes do peso que Trump detém dentro do partido e têm se esforçado para fortalecer seus laços com ele nos últimos meses. Recentemente, Cornyn foi flagrado ao lado de Trump durante um evento em Reno, Nevada, onde ambos exibiam sorrisos e acenos positivamente. Além disso, quando Trump participou de uma gravação de um podcast em Austin, Texas, Cornyn foi capturado nas imagens do aeroporto. Ele até se posicionou publicamente em apoio a Trump, destacando que estava “feliz em dar boas-vindas ao presidente Trump ao Texas”, acompanhando uma foto ao lado dele.
John Thune também não tem ficado atrás. Após suas conversas com Trump em Mar-a-Lago, o senador manteve comunicação constante com a equipe do ex-presidente, buscando reforçar sua posição e garantir que sua voz seja ouvida na definição do futuro do partido. Outro candidato, o senador Rick Scott, visto como um azarão na disputa, também mantém diálogo constante com Trump, mas isso não o impediu de focar na sua própria campanha de reeleição no estado da Flórida.
No entanto, nem todos os republicanos acreditam que a intervenção de Trump seja benéfica para a corrida. Senadores como Markwayne Mullin, que apoia Thune, expressaram a ideia de que Trump deveria se manter afastado deste processo decisório, sublinhando que a escolha do líder deve ser uma decisão a ser tomada exclusivamente pelos senadores e não pelo ex-presidente.
Enquanto isso, McConnell, que é o líder de partido mais longevo da história do Senado, permanece em silêncio sobre quem ele apóia para sua sucessão. Tanto Cornyn quanto Thune são alinhados politicamente com McConnell e apresentam ideias de liderança que, embora diferentes, refletem em grande parte a orientação estabelecida pelo velho líder. A falta de declarações mais definitivas por parte de McConnell sobre a sucessão tem deixado muitos senadores em uma posição de expectativa e incerteza.
A disputa entre os dois Johns
Apesar da proximidade dinamicamente estabelecida entre Cornyn e Thune, a situação não é clara. Muitos senadores republicanos estão guardando em segredo suas preferências, dificultando a avaliação de quem se encontra à frente na corrida. Com a chegada de novos senadores, a configuração poderá mudar, e os que estão deixando o Senado não se envolvem no processo de votação, o que adiciona um novo nível de complexidade à corrida.
Senadores como Shelley Moore Capito da Virgínia Ocidental e John Barrasso do Wyoming, que atualmente ocupa a terceira posição no Partido Republicano no Senado, demonstram cautela ao declarar publicamente seu apoio a um dos candidatos. Enquanto Barrasso se concentra em garantir uma maioria republicana, sua escolha poderá afetar drasticamente a dinâmica interna do partido no Senado.
Enquanto isso, os laços de Cornyn com a base republicana foram aperfeiçoados através de anos oferecendo apoio e contribuições financeiras para seus colegas às custas de um verdadeiro exército de apoio financeiro. Recentemente, ele alcançou a marca impressionante de levantar cerca de US$ 400 milhões durante sua trajetória no Senado, solidificando sua posição como um dos principais arrecadadores do partido.
Por outro lado, Thune também se apresenta como um candidato forte, destacando sua experiência como uma figura central nos assuntos de financiamento do partido e sua atuação na formulação de políticas como membro do acordo de impostos de Trump em 2017. Thune já arrecadou 31 milhões nesta eleição e sua grande performance em eventos de arrecadação é amplamente reconhecida.
Buscando uma maioria e um futuro promissor
Em suas campanhas, Thune e Cornyn deixam claro que o foco está em garantir que o próximo líder do Senado seja alguém apto a liderar uma maioria e não uma minoria. Com a disposição de arrecadar consideráveis quantias de dinheiro para apoiar candidatos do partido, eles estão se esforçando para posicionar-se como a melhor escolha para a liderança no caminho para as próximas eleições.
Ambos os candidatos reconheceram que o objetivo deve ser alcançar uma sólida maioria no Senado e que todas as manobras políticas devem facilitar esse objetivo. Nesse sentido, o envolvimento em eventos políticos, reuniões e discussões tem sido um foco constante para ambos, demonstrando um comprometimento inabalável em trazer novamente a liderança republicana ao poder nas próximas eleições, independentemente dos desafios que se avizinham.
Conforme a competição avança, um aspecto permanece claro: os desdobramentos nas próximas semanas não apenas afetarão quem substituirá McConnell, mas também moldarão a futura direção do Partido Republicano e sua capacidade de se unir para a batalha pelas eleições que estão por vir.