A corrida presidencial de 2024 está marcada por um fator que, sem dúvida, tem deixado suas marcas em todos os candidatos: a inflação. O aumento dos preços em diversos setores, incluindo combustíveis e alimentos, gerou receios na população americana logo no início do mandato do presidente Joe Biden. Essa preocupação com a economia é palpável e, independentemente das condições atuais, está moldando o cenário eleitoral, trazendo à tona velhas rivalidades e novas promessas.

Nos primeiros dias do governo Biden, os postos de gasolina e os supermercados viram seus preços dispararem, criando uma sensação de insegurança econômica entre os cidadãos. Mesmo que a taxa de inflação tenha se moderado e a economia apresente crescimento e um baixo nível de desemprego, muitos eleitores ainda não se sentem confortáveis. É compreensível, dado que o custo de vida se torna cada vez mais alto, sem que os preços voltem aos níveis anteriores à pandemia, levando os cidadãos a sentirem que o sonho americano está se afastando.

Diante de uma inflação que outrora beirava os 9,1%, um recorde em quatro décadas sob a administração Biden, o índice está perto de um patamar mais manejável, embora isso não tenha dissipado as frustrações dos eleitores. Como enfatizado por analistas, o típico lar americano agora gasta cerca de US$ 1.120 a mais por mês em comparação a janeiro de 2021. Ao mesmo tempo, a força do mercado de trabalho tem proporcionado aumentos salariais, com os trabalhadores desfrutando de um crescimento real na renda, o que oferece uma esperança de que os consumidores consigam recuperar um equilíbrio financeiro.

No entanto, essa situação não é fácil de ignorar. Muitos americanos se sentem sobrecarregados pelas despesas crescentes, enquanto o salário parece não acompanhar essa escalada. É nesse cenário desafiador que a vice-presidente Kamala Harris tem encontrado um foco em sua agenda, reiterando seu compromisso em lidar com as altas nos custos de vida. Em um discurso recente, Harris não hesitou em reconhecer que os preços estavam subindo mesmo antes da pandemia e, consequentemente, tornou a questão dos custos uma prioridade em sua plataforma política.

A preocupação com a inflação não é apenas uma questão de economia, mas se entrelaça com a popularidade do ex-presidente Donald Trump. Ele rapidamente capitalizou sobre essas inquietudes ao lembrar os eleitores de que durante seu governo a inflação se manteve abaixo de 3%. Trump prometeu que, se reeleito, por meio de propostas como a imposição de tarifas em importações e um controle mais rígido na política de imigração, iria “acabar com a inflação” e devolver aos americanos o que ele chamou de “sonho americano”.

Entretanto, as propostas de Trump não são isentas de críticas. Economistas apontam que tais medidas poderiam, na verdade, exacerbar a situação. Os riscos de aumento de preços decorrentes das tarifas e uma potencial escassez de mão de obra através de deportações em massa são cenários que preocupam muitos especialistas, que afirmam que, sob sua gestão, a inflação poderia até ser mais alta do que na administração atual.

Uma pesquisa recente indicou que mais de dois terços dos economistas acreditam que os preços sob um governo Trump seriam superiores aos da administração Harris, um sinal de que as promessas de Trump, embora populares, não têm o respaldo de análises econômicas fundamentadas. Ademais, se ele conseguir se reeleger, é provável que isso ocorra devido à frustração contínua da população em relação à inflação, um tema que já se provou ser uma pedra de tropeço para o partido de Biden.

Portanto, enquanto o presidente Biden e a vice-presidente Harris buscam reafirmar sua posição de liderança na economia, as lembranças de um período pré-pandêmico sob Trump continuam a pesarem na balança eleitoral. A recessão que se temia não se concretizou, mas a sombra da inflação continua a assombrar não só as expectativas do governo atual, mas também a viabilidade política de seus principais representantes, que se veem em uma batalha constante para garantir a confiança do eleitorado.

Assim, para o povo americano, a próxima eleição de 2024 poderá não ser apenas uma escolha entre ideologias políticas, mas um retrato de suas demandas mais imediatas e urgentes: o desejo por condições de vida mais favoráveis e segurança econômica, algo que permeia o discurso de candidatos de ambos os lados, mas que é especialmente vital na percepção do eleitor que, dia após dia, vê seu poder de compra diminuir.

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