O assunto das tarifas pode parecer uma conversa distante, emaranhada em jargões econômicos que muitas vezes só tornam o nosso café da manhã mais indigesto. No entanto, enquanto as preocupações sobre a economia global se transformam em debates políticos acalorados, o impacto tangível sobre o bolso do consumidor americano não pode ser ignorado. À medida que a corrida presidencial se intensifica, especialmente com a possibilidade de uma reeleição de Donald Trump, as promessas e planos econômicos do ex-presidente se tornam mais relevantes do que nunca, revelando que o custo das tarifas pode ser um fardo considerável para o cidadão comum.
Os tarifários, que são, basicamente, impostos sobre bens importados, têm um efeito direto nas prateleiras das lojas e, consequentemente, nas compras que fazemos todos os dias. Se você pensa que os produtores estrangeiros sofrem as consequências, é hora de reconsiderar. Quando os EUA impõem tarifas, são as empresas americanas que absorvem esses custos e, na maioria das vezes, repassam o aumento para os consumidores. Como bem disse Philip Daniele, CEO da AutoZone, em um recente teleconferência sobre ganhos: “Se formos tarifados, repassaremos esses custos para o consumidor”. E a realidade é que as empresas não esperam até que as tarifas sejam oficialmente aplicadas; muitas vezes, elas antecipam o aumento dos preços.
Pense em tarife como um supremo equação econômica — a fórmula mágica que se transforma em impulsos de preço que todos nós sabemos que vão acabar caindo em nossa conta. Desde roupas a eletrônicos, tudo parecerá mais caro. E já vivemos isso: em 2018, sob a administração Trump, tarifas de 30% a 50% sobre produtos importados da China desencadearam uma guerra comercial que afetou diversas indústrias. Nesta situação, os consumidores americanos enfrentaram um aumento médio de cerca de $500 por ano devido a essas tarifas, segundo estudos realizados durante e após a crise.
Mais inquietante é o plano que Trump delineou para sua possível nova administração. Entre suas propostas de política econômica está a ideia de um imposto de 20% sobre todas as importações nos EUA e tarifas ainda mais severas de 60% sobre produtos da China. De acordo com estimativas do Peterson Institute for International Economics, isso poderia resultar em um custo adicional de mais de $2.600 por ano para uma família média de classe média nos Estados Unidos. Essa informação deve acender um alerta na mente de qualquer cidadão. Aqui está um exemplo claro do quanto as políticas de tarifas podem ter um impacto real e imediato em nossa vida cotidiana.
Vale ressaltar, Todd Boyle, CEO da Columbia Sportswear, levantou questões centrais em entrevistas recentes, alegando que não há evidências concretas de que tarifas resultem em mais produção interna de produtos como roupas e calçados. Ele observou que alguns produtos já enfrentam tarifas de até 40%, e mesmo assim não houve um aumento significativo no investimento em produção doméstica. Portanto, a sua função, ou melhor, a sua eficácia, realmente é uma incógnita.
Ainda que empresários em larga escala como Walmart e Target tenham o poder de manter os preços estáveis devido a suas operações em larga escala e à capacidade de negociar melhores termos com fornecedores, o mesmo não é verdade para pequenos negócios. As pequenas empresas, que empregam cerca de metade da força de trabalho americana, geralmente operam com margens apertadas e têm menos espaço para absorver custos adicionais. Com tarifas elevadas, muitos se veem obrigados a aumentar os preços, o que pode resultar em demissões e cortes de custos, criando assim um ciclo pernicioso de incerteza econômica.
O que também faz levantar uma interrogação irônica é como alguns produtos oferecem margens de preço imensas. Por exemplo, o Trump Bible, um produto originado de uma empresa de impressão baseada na China, custava menos de $3 por unidade para produzir enquanto era vendido a $59.99. Isso significa que certas empresas podem, em tese, absorver os novos custos sem repassar a conta aos consumidores, ao contrário dos pequenos negócios que enfrentam esta realidade brutal.
Em conclusão, ao refletir sobre a possibilidade de Donald Trump ser reeleito e as tarifas que ele pretende implementar, é imperativo que os consumidores americanos ponderem sobre o verdadeiro custo dessas políticas. Não se trata apenas de valores abstratos em tabelas econômicas, mas de como essas decisões afetam diretamente o nosso dia a dia. Seus efeitos se estendem a cada compra, a cada conta no final do mês e podem agravar ainda mais as já desafiadoras condições econômicas encaradas por muitas famílias. Portanto, ao se preparar para as eleições, uma pergunta fica clara: você está pronto para pagar por essas tarifas?