Detecções iniciais do Tanager-1 trazem dados cruciais sobre emissões de gases de efeito estufa
No dia 19 de setembro de 2023, o espectrômetro de imagem do satélite Tanager-1, parte da Coalizão Carbon Mapper, fez importantes detecções de plumas de gás metano e dióxido de carbono em várias regiões do mundo, contribuindo para o entendimento das emissões de gases de efeito estufa e suas implicações para o meio ambiente. O equipamento foi projetado pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL) e se mostrou capaz de identificar concentrações significativas desses gases tanto no exterior dos Estados Unidos quanto em outras partes do mundo. Esse avanço é um passo crucial para a coleta e disseminação de informações sobre fontes de emissões de gases nocivos, permitindo que sejam realizadas ações direcionadas para mitigar esse problema global.
Os dados coletados pelo Tanager-1 revelaram, em particular, uma pluma de metano se estendendo por aproximadamente 4 quilômetros a partir de um aterro sanitário em Karachi, no Paquistão. As análises iniciais realizadas pela Carbon Mapper sugerem que essa fonte de emissão está liberando mais de 1.200 quilos de metano por hora. Esta informação é vital, pois as emissões de metano são reconhecidas por seu impacto significativo no aquecimento global, sendo muito mais eficaz em capturar calor na atmosfera do que o dióxido de carbono. Estes dados foram corroborados com as observações feitas por satélites lançados anteriormente, que já mostravam preocupações sobre a gestão de resíduos na região.
Em um segundo ponto, foi capturada uma pluma de dióxido de carbono próxima a uma usina de carvão em Kendal, na África do Sul, com extensão de quase 3 quilômetros. As estimativas preliminares indicam que essa usina está liberando cerca de 600 mil quilos de dióxido de carbono por hora, ilustrando as grandes emissões provenientes da geração de energia a partir de combustíveis fósseis. Os dados sobre essa pluma são particularmente alarmantes, uma vez que o dióxido de carbono também está diretamente ligado ao aquecimento global e às mudanças climáticas, reforçando a urgência de uma transição energética mais sustentável.
Uma terceira detecção importante foi realizada na área do Permian Basin, no Texas, um dos maiores campos petrolíferos do mundo. Em 24 de setembro de 2023, o satélite Tanager-1 registrou uma pluma de metano que se estendia para fora da cidade de Midland. As estimativas do fluxo de emissões dessa fonte de metano são de aproximadamente 400 quilos por hora, reforçando a necessidade de um monitoramento mais rigoroso das emissões associadas à indústria de petróleo e gás. Essa região é de especial interesse, pois representa uma grande quantidade de atividades extrativas, e o controle das emissões tem implicações diretas para a política climática dos Estados Unidos.
O Tanager-1 é uma iniciativa da Carbon Mapper, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo facilitar ações imediatas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa. Desde o seu lançamento na Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, em 16 de agosto, o satélite já coletou dados suficientes que permitirão aos pesquisadores realizar avaliações em larga escala das emissões de gases a partir de fontes específicas. De acordo com James Graf, diretor de ciência da Terra e tecnologia do JPL, “as primeiras imagens de gases de efeito estufa do Tanager-1 são emocionantes e representam um sinal convincente do que está por vir.”
Uma das características mais inovadoras do espectrômetro de imagem a bordo do Tanager-1 é sua capacidade de registrar centenas de comprimentos de onda de luz refletida da superfície terrestre. Esse método permite identificar a “impressão digital espectral” única de cada composto químico presente na atmosfera e na superfície da Terra. Isso sugere que o Tanager-1 poderá não apenas detectar, mas também medir emissões até o nível de instalação, aumentando a capacidade de resposta a fontes de poluição de maneira mais precisa e eficiente.
À medida que o Tanager-1 se prepara para operar em plena capacidade, a expectativa é que consiga escanear aproximadamente 300 mil quilômetros quadrados da superfície terrestre diariamente. Todas as medições de metano e dióxido de carbono coletadas por esse satélite serão disponibilizadas publicamente no portal de dados da Carbon Mapper, uma ação que visa promover a transparência e a acessibilidade nas informações sobre emissões de gases de efeito estufa.
Em conclusão, os dados iniciais do Tanager-1 representam um avanço considerável na vigilância das emissões de gases de efeito estufa e na compreensão de suas origens. A iniciativa Carbon Mapper, com o apoio de várias instituições, traz uma nova esperança na luta contra as mudanças climáticas, fornecendo informações cruciais que poderão auxiliar governos e organizações na formulação de políticas mais eficazes para o combate a essa crisis ambiental.