Em uma clara denúncia do status atual da imigração e das políticas que permeiam o país, Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, fez declarações impactantes em um comício realizado na véspera das eleições, na importante e estratégica Pensilvânia. Ele descreveu o país como um “território ocupado”, direcionando seu discurso tanto para imigrantes indocumentados quanto para aqueles que chegaram legalmente, prometendo “resgatar cada cidade e município que tenha sido invadido e conquistado”. Este discurso, marcado por um tom de alerta e negatividade, reflete uma perspectiva que Trump adota frequentemente em sua retórica política, destacando uma visão de um país em crise e sitiado por problemas sociais que, segundo ele, estão relacionados à imigração.
No evento, Trump expressou uma visão distorcida e sombria sobre a imagem dos Estados Unidos, afirmando que o país está sob uma invasão, onde as cidades e seus cidadãos estariam sendo ameaçados por grupos de imigrantes. Ele ressaltou sua intenção de lançar uma ampla campanha de deportação, fazendo comparações entre crimes cometidos por imigrantes ilegais e a insegurança nas comunidades. Ao fazer referência a imigrantes haitianos que residem legalmente nos EUA, Trump pouco diferenciou sua abordagem, deixando implícito que sua política rígida se aplicaria a todos: “Essas são invasões militares sem uniforme. É tudo o que é”, proclamou, enquanto reafirmava seu compromisso em reverter o que vê como um descontrole da imigração no país.
As alarmantes alegações de Trump sobre a criminalidade atrelada à imigração não são novidades em sua retórica, que remete também aos tempos de sua primeira campanha eleitoral. Durante seu discurso, ele encontrou um eco das ideias que usou em seu primeiro discurso inaugural, onde afirmou que era necessário acabar com a “carnificina americana”, expressando um pessimismo sobre a nação. A retórica anti-imigração, no entanto, não foi a única questão que Trump abordou ao longo do evento; ele também se comprometeu publicamente a combater gangues de imigrantes, defendendo a proibição de cidades santuário e sugerindo a pena de morte para imigrantes que cometessem homicídios de cidadãos americanos — uma proposta extrema que levanta questões severas sobre direitos humanos e justiça.
Além disso, o ex-presidente se comprometeu a revitalizar a indústria manufatureira nos EUA, propondo tarifas elevadas sobre produtos automotivos fabricados no México e aço proveniente da China. Economistas frequentemente criticam tais propostas, argumentando que as tarifas criadas resultariam em um aumento da inflação, uma vez que os custos adicionais seriam repassados aos consumidores americanos, criando um ciclo indesejável apenas para aumentar a taxa de desemprego da classe trabalhadora. “Quatro anos de Kamala Harris trouxeram nada além de um inferno econômico para os trabalhadores americanos”, disparou Trump, utilizando sua crítica à atual administração como um trampolim para reafirmar suas intenções políticas.
Adicionalmente, o ex-presidente expressou indignação com a duração do processo eleitoral, reclamando sobre o tempo que leva para contar os votos e criticando o uso de máquinas eletrônicas. Ele pediu um retorno ao voto em papel e para que todos os votos fossem contabilizados em um único dia, uma mudança que contradiz sua própria estratégia de campanha, que tem incentivado os eleitores a votarem mais cedo. Esse desvio de sua posição anterior talvez indique uma intenção de provocar um debate mais amplo sobre a integridade das eleições americanas e uma estratégia política que pode vir a ser explorada nos próximos dias.
Durante seu discurso, Trump destacou a importância da Pensilvânia, onde ele fez a sua última parada em uma série de comícios, reconhecendo a necessidade de conquistar os 19 votos do colégio eleitoral desse estado vital. A abordagem geográfica de Trump reflete a preocupação com as chamadas “battleground states”, que incluem Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Esses estados foram um campo de batalha crucial nas eleições passadas, com Trump tendo vencido em 2016 e Biden recuperando o controle em 2020. A presença intensa de ambos os candidatos nessa região é um indicativo claro de que eles consideram a Pensilvânia essencial para suas campanhas e estratégias de vitória.
Conforme o evento se aproximou do final, Trump fez menção ao astros esportivo Roberto Clemente, ícone do esporte que é admirado na Pensilvânia, o que deixou a plateia emocionada e ressaltou sua conexão com a história local. Enquanto fazia isso, ele convocou o filho do falecido jogador ao palco, estabelecendo uma conexão emocional que foi vital em um dia em que ele fez questão de refletir sobre sua trajetória política e suas promessas de reverter o que considera um declínio moral e econômico do país.
Assim, enquanto Trump fecha sua campanha de 2024 em um clima de intensa polarização, as consequências da sua retórica e políticas se mostrarão fundamentais não apenas para seu futuro político, mas também para o destino da nação, que parece dividida sobre as questões da imigração e da economia. A mensagem de Trump ressoa com muitos eleitores que buscam soluções imediatas para problemas profundamente enraizados, lembrando a todos que o debate sobre imigração e seus impactos no tecido social americano está longe de ser resolvido.