A aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2024 traz à tona não apenas a intensa disputa política entre os candidatos, mas também aspectos do mercado financeiro que podem influenciar o resultado final. Um dos indicadores mais intrigantes surge de uma análise do desempenho do mercado de ações, especificamente do S&P 500, que historicamente se mostrou um barômetro eficaz para prever o sucesso ou o fracasso do partido incumbente. Com as oscilações constantes nas bolsas de valores e a atenção voltada para o ex-presidente Donald Trump, que busca retomar a Casa Branca, a conexão entre o atual desempenho do mercado e o futuro político de Trump gera expectativas e preocupações.
Historicamente, o comportamento do S&P 500, especialmente nos três meses que precedem uma eleição, revela tendências significativas sobre o fortalecimento ou o enfraquecimento do partido que ocupa a presidência. Desde 1944, em todas, exceto duas eleições, o partido no poder venceu quando o S&P 500 teve um desempenho positivo entre o final de julho e o Halloween. Essa correlação aponta para a ideia de que se o mercado financeiro está subindo, isso geralmente reflete um otimismo geral na economia e, por consequência, uma probabilidade maior de continuidade do partido incumbente no poder. Segundo a CFRA Research, o indicador, elaborado por Sam Stovall, tem uma taxa de acerto de 82%, um percentual que certamente não pode ser ignorado em tempos de incerteza econômica.
Recentemente, o S&P 500 experimentou um aumento de 3,3% entre o final de julho e o final de outubro, o que significa que a trajetória do mercado está alinhada com o histórico sugestivo de sucesso do partido atual. Em uma entrevista, Stovall destacou que “se o mercado sobe, o partido incumbente geralmente vence. Se o mercado cai, o partido atual tende a ser substituído”. Essa relação sugere que Trump, que sempre prestou atenção ao desempenho das ações, deve manter um olhar atento ao que ocorre nas bolsas, uma vez que sua posição política pode ser diretamente influenciada por esses movimentos.
um sinal de alerta: a queda do mercado pode indicar dificuldades
Embora esse indicador tenha uma taxa de sucesso considerável, não é infalível. Com apenas 20 corsas presidenciais desde 1944, é importante considerar que a amostra é relativamente pequena. No entanto, a lógica por trás dessa tendência é válida: um mercado em alta sugere que os investidores estão confiantes no futuro econômico, enquanto uma queda pode indicar uma possível recessão. A história confirma essa leitura. Em 2008, por exemplo, o S&P 500 despencou quase 24% durante o mesmo intervalo, o que também coincidiu com uma série de falências notórias e crises econômicas que levaram à troca de governo, com os eleitores optando por uma mudança radical em resposta à deterioração das condições.
Atualmente, o desempenho do mercado em 2024 é impressionante. De acordo com dados da Bespoke Investment Group, o S&P 500 teve um salto de 19,6% durante todo o ano até outubro, o melhor desempenho para um ano eleitoral desde 1936. Esse fator certamente traz boas notícias para a atual administração e pode oferecer uma sensação de alívio ao vice-presidente Kamala Harris, que observa um cenário de crescimento nas bolsas, já que um mercado em alta tende a reforçar a posição do partido que está no poder.
desempenho do mercado em eleições anteriores: acertos e erros
As previsões de falta de confiança e a necessidade de mudança também se refletem nas relações entre os índices de ações e os resultados eleitorais anteriores. Em 2016, o S&P 500 caiu 2,2% antes da eleição, levando à vitória de Trump, enquanto em 2020, uma ausência de crescimento (0,04%) resultou em sua derrota para Joe Biden. Essa análise multidimensional traz à luz não apenas as complexidades do que pode ocorrer em 2024, mas também as incertezas que cercam um sistema político que já viu tanta volatilidade no passado. Enquanto a correlação entre o desempenho do mercado financeiro e os resultados das eleições é forte, ela não pode ser tomada como uma regra absoluta.
Estudos anteriores, como os que datam do ano de 1968, também ilustram os riscos de depender exclusivamente desse tipo de indicador. Naquela ocasião, apesar de uma alta no S&P 500, o candidato da administração democrata, Hubert Humphrey, foi derrotado por Richard Nixon. Esses paralelos históricos revelam que o clima político e social que permeia cada eleição pode ser tão importante quanto as métricas financeiras. Desafios como inflação e a crise de reféns no Irã impactaram a percepção do público sobre o incumbente, levando a resultados inesperados em anos eleitorais com mercados favoráveis.
um olhar para 2024: o que esperar do mercado financeiro?
Como estamos a poucos dias das eleições de 2024, o comportamento mais recente do mercado se torna o ponto focal da análise política e econômica. O Dow Jones, outro barômetro crucial, também apresenta sinais que podem prever o futuro das eleições, com um ganho na média durante as semanas que antecedem o dia da votação frequentemente sinalizando uma vitória para o partido no governo. Atualmente, há uma leve elevação de 2,4% desde agosto, sugerindo um possível padrão que se alinha com previsões históricas favoráveis aos incumbentes.
Embora a expectativa de um resultado possa ser animadora para um lado, a verdadeira transição para a próxima fase ficará clara somente após o fechamento do mercado no dia da eleição. Desde o arranjo de movimentos dentro da economia até a percepção popular sobre os candidatos, todas essas variáveis juntas moldam não apenas o destino de Trump, mas também o futuro político dos Estados Unidos. À medida que o dia da votação se aproxima, o que o mercado financeiro revelará para nós? Fiquemos atentos, pois a resposta pode estar nas flutuações do S&P 500 e nos humores que ele proporciona aos acionistas e eleitores em busca de um futuro estável e próspero.