Após décadas de longas esperas e incertezas, os restos cremados de 28 heróis da Guerra Civil Americana foram finalmente sepultados em uma cerimônia significativa, realizada no Tahoma National Cemetery, em Washington. Esses soldados, que lutaram pelo Exército da União, passaram anos esquecidos em um depósito de um necrotério em Seattle, acumulando poeira e um misto de histórias não contadas e honras não recebidas. Essa revelação emociona, pois cada um deles possui uma trajetória repleta de bravura e sacrifício, digna de um reconhecimento que excede o tempo e os desafios que enfrentaram.

Os humildes urnas de cobre e papelão, que estavam armazenadas sem identificação clara de seus proprietários, traziam apenas um nome, que ao longo dos anos tornou-se um símbolo de esquecimento. Porém, com o trabalho perseverante do Missing In America Project, uma organização dedicada a encontrar, identificar e sepultar os restos de veteranos não reclamados, esses soldados tiveram a chance de receber o tributo que tanto mereciam. Tom Keating, coordenador do projeto no estado de Washington, comentou: “É incrível que eles ainda estavam lá e conseguimos encontrá-los. Isso é algo que estava muito atrasado. Essas pessoas estavam esperando há muito tempo por um enterro.” Essa afirmação nos faz refletir sobre quantas histórias ainda permanecem ocultas e quantos outros heróis ainda aguardam seu momento de honra.

Para celebrar os soldados, uma cerimônia tradicional foi realizada em agosto, apresentando a histórica 4th U.S. Infantry Regiment, que vestiu uniformes da União e disparou salvas de mosquete, enquanto a multidão cantava “The Battle Hymn of the Republic.” Os nomes de cada veterano foram chamados, suas histórias foram compartilhadas e, finalmente, seus restos foram sepultados com dignidade e respeito, em um ato que não só traz alívio, mas também um fechamento simbólico para a história marcada pela guerra.

Entre os veteranos estava um homem que foi prisioneiro em Andersonville, uma notória prisão confederada, e vários outros que participaram de batalhas memoráveis, como Gettysburg e Stones River. Histórias de coragem brilham entre eles, como a de um soldado que sobreviveu a um tiro graças ao seu relógio de bolso, que ele manteve até a morte. Um outro desertou do exército confederado para lutar pelo lado da União, apresentando-se como um exemplo de lealdade e convicção em tempos difíceis.

Keating expressou a sensação de conclusão que a cerimônia trouxe, indicando que mesmo após um esforço tão grande para reunir as peças do passado, eles não conseguiram encontrar descendentes vivos dos veteranos. Isso nos convida a ponderar sobre a importância da memória e da história, principalmente em um contexto onde muitos se perdem no tempo e no desconhecimento. O que resta por trás de cada nome, de cada urna, é um relato que merece ser preservado e compartilhado com as gerações futuras.

Ainda que muitos restos sejam encontrados em necrotérios, os outros lembram as passagens de um passado tumultuado e as reverberações da guerra. Comunidades em todo o país frequentemente transformam sepultamentos em eventos grandiosos, celebrando veteranos e relembrando as cicatrizes deixadas por uma guerra que dura ecoando na sociedade. Em 2016, uma companhia de motociclistas voluntários transportou os restos de um veterano a atravessar o país, de Oregon para Maine. Em 2005, os restos de 21 soldados confederados foram reenterrados na Carolina do Sul, após serem encontrados sob as arquibancadas de um estádio universitário.

Entretanto, reenterros às vezes geram controvérsias, como no caso de dois soldados descobertos no campo de batalha de Manassas, que geraram um pedido de testes de DNA que foi recusado pelo Exército, resultando em seus sepultamentos como soldados desconhecidos no Cemitério Nacional de Arlington.

A importância das histórias que não se perdem

Entre aqueles sepultados estava Byron Johnson, nascido em Pawtucket em 1844, que se alistou aos 18 anos e atuou como estagiário hospitalar no Exército da União. Após a guerra, ele buscou seu destino no Oeste, terminando seus dias em Seattle em 1913. Depois que seus restos chegaram à Prefeitura de Pawtucket, ele foi sepultado com honras militares no local da família, mostrando que a sequência normal da vida pode, em certos momentos, receber um desvio inesperado, mas igualmente significativo.

O prefeito de Pawtucket, Donald R. Grebien, sublinhou a importância de honrar aqueles que serviram, especialmente em uma guerra tão emblemática quanto a da secessão americana. Ele ressaltou o valor de recordar a luta pela preservação da União entre o Exército da União e os Estados Confederados, considerando também o custo humano trágico que resultou dessa divisão. “É importante lembrar não apenas em Pawtucket, mas em todo o estado de Rhode Island e até nacionalmente que temos pessoas que sacrificaram suas vidas por nós e pelas liberdades que desfrutamos”, afirmou Grebien, ecoando a ressonância histórica dessas batalhas.

A participação da família Frail, que tem uma longa ligação com os Veteranos da União, também foi notável na cerimônia. Ben Frail atuou como um reencenador, representando um capitão do Exército da União, reafirmando a conexão pessoal que muitos ainda sentem com um passado que, embora distante, continua a moldar o presente. Bruce Frail, ex-comandante em chefe da organização, descreveu o ato de honrar um veterano como algo indescritível, ressaltando a experiência única e imensurável que isso proporciona.

Amelia Boivin, funcionária da Prefeitura de Pawtucket, foi responsável por conectar os pontos da história de Johnson, tornando sua narrativa conhecida e celebrada. Sua dedicação trouxe à tona a história de um homem que cresceu em Pawtucket, teve uma vida sem filhos, mas que agora assume uma importância singular em tempos onde cada ato de reconhecimento pode reescrever uma parte esquecida da história americana. Como Boivin observa sobre o ato de dar um final apropriado a uma vida que poderia ser perdida para a história: “Senti que era uma resolução de algum tipo.” Que essas memórias continuem a ser celebradas à medida que avançamos, mantendo as vozes do passado vivas em nossas mentes e corações.

Recentemente, dois soldados da União foram homenageados postumamente pelo presidente por seu heroísmo em um evento conhecido como “Great Locomotive Chase,” onde desbravaram as linhas confederadas e sequestraram um trem, em um ato de bravura que se alinha à reverberação de coragem que caracteriza os verdadeiros heróis da Guerra Civil. Assim, que possamos seguir a jornada de relembrar esses homens e mulheres, cuja liberdade e sacrifício nos modelaram, não apenas como um lembrete bidimensional da história, mas como um testemunho da persistência do espírito humano.

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