Na próxima terça-feira, os eleitores americanos se dirigirão às urnas em um grande experimento democrático, onde dezenas de milhões de votos serão registrados sem incidentes. A expectativa é que a votação transcorra de maneira organizada e que o resultado reflita com precisão a vontade do povo. Contudo, o clima de desconfiança gerado por alegações infundadas de fraude nas eleições de 2020, acompanhadas por pronunciamentos repetidos do ex-presidente Donald Trump sobre supostos roubos de votos, trouxe à tona preocupações que vão desde a elegibilidade do eleitor até problemas logísticos como filas longas, funcionalidade das cédulas e contagem de votos, com especial atenção voltada para os estados-chave que podem definir a eleição.
Os oficiais eleitorais em todo os Estados Unidos, especialmente nos estados indecisos, firmaram um compromisso em manter a integridade da votação e incentivaram os cidadãos a não se deixarem levar por teorias da conspiração. “Aqui na Geórgia, é fácil votar e difícil trapacear”, afirmou o Secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, em um discurso feito na segunda-feira. “Nossos sistemas são seguros e nossa equipe está pronta.” Essas palavras visam restaurar a confiança das pessoas no processo eleitoral e reforçar a mensagem de que cada voto conta.
Este ano eleitoral já foi marcado por uma série de alegações de Trump e de outros republicanos que afirmam que o processo de votação está “manipulado”. O ex-presidente fez uma série de alegações sem fundamento, afirmando que os democratas estariam trapaceando nas eleições, além de distorcer problemas isolados no processo eleitoral para preparar seus apoiadores a acreditarem que a eleição não seria legítima caso ele venha a perder. Entre suas alegações, Trump sustentou que a votação por não-cidadãos seria um problema generalizado, que não haveria verificação para cédulas de militares ou de pessoas vivendo no exterior, e que os funcionários eleitorais estariam usando a votação antecipada para cometer fraudes. Essas afirmações têm sido desmentidas e qualificadas como infundadas por diversas fontes de verificação de fatos.
A realização de eleições nos EUA é uma tarefa extraordinária. Em 2020, mais de 161 milhões de eleitores registraram seus votos em 50 estados, no Distrito de Colúmbia e em cinco territórios dos EUA, utilizando um total de 132.556 locais de votação. Para garantir essa imensa operação, contaram-se com a ajuda de aproximadamente 775.101 trabalhadores voluntários nas urnas, conforme dados da Comissão de Assistência Eleitoral dos Estados Unidos. A descentralização do processo eleitoral, onde as jurisdições locais têm a principal responsabilidade de tabular, relatar e certificar os resultados, também contribui para a eficácia desta operação.
De maneira geral, a maioria dos eleitores expressa opiniões positivas sobre a experiência de votação. Um recente levantamento do Pew Research Center indica que a maioria dos eleitores se sente, ao menos em parte, confiante de que a eleição será conduzida de maneira adequada, independentemente de suas preferências eleitorais. No entanto, essa confiança não é igualmente compartilhada entre os apoiadores dos diferentes candidatos. Enquanto 90% dos apoiadores da Vice-Presidente Kamala Harris acreditam que a eleição ocorrerá sem problemas, somente 57% dos apoiadores de Trump compartilham desse otimismo. Este último grupo demonstra sérias dúvidas sobre a contagem correta das cédulas enviadas por correio ou de votos antecipados.
Além disso, os apoiadores de Harris se mostram mais confiantes de que será possível identificar claramente o vencedor da eleição assim que todos os votos forem contabilizados, com uma divisão de 85% a favor contra 58% dos apoiadores de Trump. Esse contraste nas percepções levanta questões sobre o futuro político e a confiança no sistema eleitoral, enfatizando a necessidade de um esforço contínuo para educar os eleitores e desmistificar as teorias que podem gerar confusão e desconfiança.
À medida que nos aproximamos do dia da votação, é fundamental que todos os eleitores entendam a importância do seu papel e como suas vozes são essenciais para a democracia. O caminho até as urnas pode parecer repleto de desafios, mas a transparência e a capacidade dos oficiais eleitorais garantem que, independentemente de quem vença, o processo deverá ser respeitado e valorizado por todos os cidadãos.