A crescente preocupação com a segurança das infraestruturas críticas nos Estados Unidos foi ressaltada com a recente prisão de um homem no estado do Tennessee, com vínculos a grupos nacionalistas brancos. De acordo com o Departamento de Justiça, Skyler Philippi, de 24 anos, tentou usar um drone que acreditava estar carregado de explosivos para realizar um ataque a uma estação de energia em Nashville. O ocorrido, que chamou a atenção da imprensa e de especialistas em segurança pública, mostra tanto a radicalização que permeia alguns segmentos da sociedade quanto a eficiência das operações de segurança federal em prevenir atos de terrorismo.
Philippi foi formalmente acusado de tentar utilizar uma arma de destruição em massa e tentar destruir uma instalação de energia. As informações reveladas em uma queixa criminal recentemente tornada pública sugerem que o indivíduo estava profundamente envolvido em planos de ataque que envolviam não apenas a estação de energia em Nashville, mas também várias outras instalações energéticas ao redor do país. Ele expressou o desejo de “chocar o sistema” e, com isso, provocar o colapso da rede elétrica nacional, uma questão que, além de intensa, revela a vulnerabilidade das infraestruturas críticas.
Múltiplas fontes disfarçadas do FBI relataram que Philippi manifestou interesse em conduzir uma série de ataques, incluindo um possível massacre em um centro comunitário e a derrocada de um trem em Tennessee. Ele chegou a mencionar que acreditava em teorias da conspiração relacionadas aos atentados de 11 de setembro, o que pode estar diretamente relacionado à ideologia extremista que ele abraça. Recentemente, o cenário de ataques a redes elétricas tem se intensificado no país, trazendo à tona a preocupação das autoridades sobre as motivações que impulsionam tais ações.
Em setembro de 2024, Philippi detalhou a intenção de fixar explosivos a um drone e controlá-lo remotamente em direção a uma subestação elétrica. Ele se inspirou em ataques anteriores a sistemas de energia e formulou a ideia de atacar múltiplas subestações, incluindo algumas localizadas em Nashville e Louisville. Ao longo do mês, discutiu ainda a necessidade de focar em duas subestações específicas na área de Nashville. Essa escalada de violência planejada demonstra a crescente ousadia de indivíduos associados ao extremismo violento.
Conforme se desenrolava o plano, Philippi mantinha contato contínuo com as fontes do FBI, discutindo estratégias para evitar a captura e elaborando os detalhes do ataque. Ele mesmo estava construindo o drone e, no dia 19 de outubro, reportou a necessidade urgente de mais explosivos. O dia do ataque estava se aproximando, e ele parecia cada vez mais determinado a seguir em frente com a operação.
No dia 2 de novembro, ele se preparou para executar o plano. Os fontes encobertos do FBI acompanharam seus movimentos, viajaram com ele até Nashville e forneceram materiais explosivos que não eram funcionais. Durante essa viagem, o grupo discutiu a operação em detalhes e, ao se instalarem em um hotel, realizaram um ritual nórdico associado a grupos supremacistas brancos. Essa prática envolvia a recitação de uma oração nórdica e conversas sobre o deus nórdico Odin, reforçando ainda mais a conexão ideológica de Philippi com o extremismo.
Quando questionado sobre sua certeza em relação ao ataque, Philippi teria afirmado estar “totalmente comprometido” e que era “hora de fazer algo grande que seria lembrado na história”. Essa declaração alarmante reflete o desespero e o compromisso que muitos indivíduos radicalizados têm em relação a seus objetivos violentos.
O grupo chegou à subestação por volta das 20h15, munido de máscaras para ocultar suas identidades. Philippi começou a manipular o drone, enquanto os informantes do FBI assumiam posturas de segurança. No instante em que ele preparava o drone e os explosivos, as autoridades atuaram e prenderam Philippi, que acreditava estar prestes a lançar o ataque. Quando foi detido, o drone estava devidamente ligado e o suposto dispositivo explosivo preparado para ser anexado.
O Procurador-Geral Merrick B. Garland fez questão de enfatizar a gravidade da situação, afirmando que o caso de Philippi poderia ser visto como um alerta tanto para elementos extremistas quanto para a sociedade em geral. “Como acusado, Skyler Philippi acreditava estar a momentos de lançar um ataque a uma instalação energética em Nashville para promover sua ideologia violenta de supremacia branca – mas o FBI já havia comprometido seu plano”, declarou Garland.
As acusações enfrentadas por Philippi incluem a tentativa de uso de uma arma de destruição em massa e a tentativa de destruir uma instalação energética. Se condenado, ele pode enfrentar uma pena máxima de prisão perpétua, enfatizando o compromisso das autoridades em responsabilizar aqueles que buscam incitar a violência e o caos em nome do ódio. O defensor público federal designado para representá-lo chutou seu primeiro recurso ao tribunal em 13 de novembro.
A infraestrutura elétrica dos EUA é composta por mais de 6.400 usinas e 450.000 milhas de linhas de transmissão de alta tensão. Recentemente, diversos ataques têm atingido o sistema elétrico do país, com um aumento alarmante de 71% em 2022 em relação ao ano anterior. Isso levanta sérias questões sobre a vulnerabilidade das nossas redes e a motivação dos extremistas. Kenneth Wainstein, do Departamento de Segurança Interna, expressou preocupação com a ameaça de ataques à rede elétrica impulsionados por narrativas extremistas, sinalizando a necessidade urgente de uma resposta coordenada a esse fenômeno crescente.
“Temos visto ataques à rede elétrica em diversos anos, e alguns deles são apenas criminosos tentando causar destruição. Mas outros são perpetrados por extremistas domésticos que buscam engendrar um colapso social”, afirmou Wainstein, sublinhando a grave realidade que enfrentamos atualmente.