No emocionante cenário das startups de tecnologia de direção autônoma, a DeepRoute.ai, situada em Shenzhen, se destacou ao assegurar um investimento significativo de $100 milhões provenientes da Great Wall Motor. Esse aporte financeiro é um marco fundamental, uma vez que a empresa busca implantar seus sistemas de direção autônoma em um grande número de veículos na China, antes do tão aguardado lançamento do sistema Full Self-Driving (FSD) da Tesla, programado para o próximo ano. Este movimento estratégico coloca a DeepRoute em uma posição competitiva para desafiar a gigante americana no disputado mercado chinês, que já é conhecido por sua rápida adoção de novas tecnologias e pela capacidade de inovação no setor automotivo.
Ainda que a DeepRoute não tenha revelado oficialmente o nome de seu investidor automobilístico, diversos veículos da mídia chinesa, assim como comunicados oficiais, sugerem que a Great Wall Motor é a parceira por trás desse investimento. A Great Wall é uma das maiores montadoras da China, tendo registrado vendas de novos veículos que atingiram 970.612 unidades nos primeiros dez meses deste ano. Além disso, a presença da GWM na Europa está em franca expansão, especialmente através de sua colaboração com a BMW para a produção da nova versão do Mini hatchback elétrico. Essa aliança proporciona uma plataforma sólida para que a DeepRoute busque ampliar sua influência no mercado global.
A DeepRoute, inicialmente focada no desenvolvimento da pesquisa e desenvolvimento de robotáxis de Nível 4, fez uma mudança estratégica em 2022 e passou a concentrar seus esforços na produção de tecnologias autônomas de Nível 2+ e Nível 3. Segundo a Society of Automotive Engineers (SAE), os sistemas de Nível 4 são aqueles capazes de dirigir de forma autônoma em determinadas condições, sem a necessidade de intervenção humana. Em contrapartida, os sistemas de Nível 2+ e Nível 3 são considerados sistemas de assistência ao condutor que ainda exigem a atenção do motorista, já que ele deve estar preparado para retomar o controle quando solicitado.
Em uma declaração ao TechCrunch, um porta-voz da DeepRoute revelou que a empresa utilizará os recursos financeiros para desenvolver modelos de ações visuais-linguísticas de ponta a ponta, que têm a capacidade de interpretar diretamente entradas visuais e linguísticas para tomar decisões de direção. Isso elimina a necessidade de passos independentes para percepção, planejamento e controle, o que pode simplificar significativamente o funcionamento dos veículos. Além disso, a empresa planeja explorar possibilidades para um futuro negócio de robotáxis de forma global e colaborar com um número maior de montadoras.
Com o avanço da Tesla em seu sistema de assistência ao condutor, o FSD, que estará disponível na China e na Europa no primeiro trimestre de 2025, a DeepRoute está consciente de que a corrida contra o tempo é crucial. A partir de abril, a China removeu certas restrições sobre os veículos da Tesla, abrindo caminho para a empresa americana lançar o FSD, que, embora não seja totalmente autônomo, realiza algumas tarefas automatizadas tanto em cidades quanto em rodovias. Este cenário acirra a concorrência entre as empresas, ampliando a necessidade da DeepRoute em acelerar sua presença no mercado.
De acordo com o CEO Maxwell Zhou, a DeepRoute tem como meta implementar sua tecnologia de sistemas de assistência ao condutor (ADAS) em aproximadamente 200.000 veículos na China até o final de 2025. Atualmente, essa tecnologia está implantada em cerca de 20.000 veículos, o que representa um aumento ambicioso de dez vezes nos próximos anos. Essa estratégia não apenas reforça a confiança em sua tecnologia, mas também assegura uma posição vantajosa em um mercado que está se tornando cada vez mais competitivo.
O primeiro modelo de veículo equipado com o sistema da DeepRoute foi lançado em agosto, embora ainda permaneça sem divulgação pública. Zhou também mencionou que a tecnologia será incorporada em mais dois modelos, um dos quais é co-propriedade da Geely e da Mercedes-Benz, até o final deste ano. Essa movimentação tem um potencial considerável de impactar a aceitação e a adopção de suas inovações na indústria automotiva, uma vez que um modelo de veículo conhecido pode amplificar a visibilidade da tecnologia da DeepRoute.
A estratégia da DeepRoute inclui a cobrança de uma taxa de licenciamento de tecnologia por carro para as montadoras e a coleta de dados, que são utilizados para treinar sua inteligência artificial a lidar com situações de trânsito mais complexas. Isso demonstra um modelo de negócios sustentável que está bem posicionado para a evolução, haja vista que à medida que a quantidade de dados aumenta, a eficácia da tecnologia também tende a melhorar.
Em resumo, o recente investimento na DeepRoute não apenas destaca a crescente competitividade no setor de direção autônoma, mas também simboliza a constante evolução da indústria automotiva na China. À medida que as empresas tentam superar umas às outras, tanto a inovação quanto a adaptação ao mercado se tornam imperativos. O que se pode observar é que a disputa pelo domínio do mercado está apenas começando, e a DeepRoute, com suas ambições e um novo arsenal de investimentos, está posicionada para ser uma protagonista significativa neste novo capítulo da direção autônoma.