A recente análise realizada pelo Center for Countering Digital Hate (CCDH), uma organização sem fins lucrativos dedicada ao rastreamento da desinformação, trouxe à tona revelações alarmantes sobre o papel de Elon Musk na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, em relação às alegações sobre a eleição nos Estados Unidos. O estudo revelou que o homem mais rico do mundo fez pelo menos 87 declarações em 2023 sobre a eleição americana que foram classificadas como falsas ou enganosas por especialistas em checagem de fatos. E se você acha que isso é apenas uma questão de palavras jogadas ao vento, pense novamente: essas declarações geraram mais de 2 bilhões de visualizações, uma situação que levanta sérias preocupações sobre o impacto da desinformação em um processo democrático.

influência crescente de musk na plataforma de mídia social

O poder de influência de Musk não é apenas uma questão de números, embora seus 203 milhões de seguidores certamente ajudem. A análise aponta que ele teria ajustado os algoritmos da própria X para aumentar o alcance de suas postagens, transformando a plataforma em uma verdadeira máquina de propaganda. De acordo com a pesquisa do CCDH, desde o momento em que Musk formalmente endossou Donald Trump em julho, suas postagens políticas acumularam impressionantes 17,1 bilhões de visualizações. Isso é o equivalente a um gasto em anúncios políticos de aproximadamente 24 milhões de dólares, tornando suas publicações mais impactantes do que todas as campanhas publicitárias políticas na plataforma. Como resultado, a publicidade política tornou-se um ruído de fundo constante para usuários que navegam na rede.

Recentemente, foi relatado que Musk fez uma doação superior a 118 milhões de dólares para um super PAC que apóia a reeleição do ex-presidente Donald Trump, consolidando sua posição como o maior doador da campanha de Trump. Este PAC tem realizado uma campanha publicitária que, de forma controversa, se passa por democratas e tem como alvo registradores republicanos com políticas impopulares que não refletem a plataforma da vice-presidente Kamala Harris. Os anúncios, como “Ajude a tornar nossas escolas o mais amigáveis possível para transexuais” e “Um programa nacional de recompra obrigatória significa menos armas e menos tragédias. Kamala Harris entende isso!”, parecem caricaturais e exacerbam o ambiente polarizado das redes sociais.

preocupações com a desinformação e suas consequências

De acordo com dados obtidos pelo site 404 Media, nas últimas semanas, o PAC aumentou em 1000% o gasto em anúncios no Facebook. No entanto, a Meta, controladora do Facebook, aparentemente esperou até o final da semana passada para banir anúncios sobre questões sociais, políticas ou eleitorais, deixando X como um espaço sem restrições para a publicidade política desenfreada. Os usuários de X têm testemunhado um fluxo incessante de mensagens políticas que favorecem Trump e narrativas de extrema-direita, gerando um ambiente de intensa desinformação.

O CCDH identificou 746 postagens de Musk relacionadas à eleição americana entre 13 de julho e 25 de outubro, mencionando termos como Donald Trump, Kamala Harris, votação e cédulas. O governo atual e os especialistas destacam que a fraude eleitoral é um fenômeno raro nos Estados Unidos, respaldado por rigorosas medidas de verificação tanto em níveis estaduais quanto federais. Para se ter uma ideia, mensagens enganosas de Musk, como a afirmação de que partir de agora haverá “aumento de três dígitos de ilegais em estados-chave” e “importação de eleitores em escala sem precedentes”, acumularam milhões de visualizações, demonstrando que a desinformação pode percorrer longas distâncias com facilidade.

Imran Ahmed, CEO do CCDH, ressaltou que a X se transformou em “um inferno de ódio e desinformação” após Musk retirar várias medidas de proteção contra informações falsas. Ele critica a função de notas da comunidade da X, descrevendo-a como uma solução superficial que não endereça o problema central da desinformação. Ahmed também expressou preocupações sobre o uso de inteligência artificial geradora para disseminar desinformação de forma eficiente, caracterizando-a como um “sistema perpétuo de desinformação”, onde a produção e distribuição de notícias falsas atingem níveis alarmantes.

O panorama da desinformação nas redes sociais, impulsionado por plataformas como X e figuras influentes como Elon Musk, demanda uma reflexão mais profunda sobre as responsabilidades de quem opera e consome as informações que circulam online. Em tempos em que a confiança nas eleições pode ser abalada por alegações infundadas, é fundamental que tanto os usuários quanto as plataformas tomem medidas para garantir a integridade da informação e a saúde democrática. O futuro da comunicação, especialmente em um cenário eleitoral, depende de um compromisso renovado com a verdade e a transparência.

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