A votação é um direito fundamental dos cidadãos, e mesmo os astronautas da NASA não ficam de fora desse processo, mesmo no vasto e inóspito espaço. A possibilidade de votar a partir da Estação Espacial Internacional (EEI) é um exemplo fascinante de como a tecnologia moderna e a comunicação eficaz podem garantir que aqueles que representam a humanidade em missões espaciais não deixem de exercer sua cidadania. Desde a adoção da legislação que permite essa prática, os astronautas têm se envolvido ativamente nas eleições, utilizando um sofisticado sistema de votações via cédulas (ou “absentee ballots”) e votação antecipada, em colaboração com os cartórios eleitorais de seus estados de origem.
A importância da comunicação no processo de votação
Como é possível votar a partir do espaço? Essa dúvida pode surgir, mas a resposta está no Programa de Comunicação e Navegação Espacial da NASA, conhecido como SCaN. A tecnologia desenvolvida por este programa garante que os votos enviados a partir do espaço tenham o mesmo tratamento e a mesma segurança que os votos de qualquer cidadão em solo. O sistema que transmite os votos, assim como a maior parte dos dados que circulam entre a EEI e o Centro de Controle de Missão da NASA, está inserido na Rede de Espaço Próximo da NASA, que é gerenciada pelo Centro de Voo Espacial Goddard, localizado em Greenbelt, Maryland. Essa rede conecta missões a até 1,2 milhão de milhas da Terra, proporcionando serviços de comunicação e navegação vitais, incluindo para a Estação Espacial Internacional.
Recentemente, as astronautas Loral O’Hara e Jasmin Moghbeli, ambas residentes do Texas, foram vistas fazendo o gesto de “joinha” após votarem diretamente da EEI. Em março de 2024, elas preencheram suas cédulas eletrônicas de forma remota e as enviaram para o Controle de Missão em Houston, que, em seguida, transmitiu os votos para os cartórios eleitorais competentes. Esta história não é apenas uma abordagem interessante sobre a votação, mas também um retrato do compromisso dos astronautas com seu dever cívico, independentemente da distância.
Como ocorre o envio das cédulas de votação
Para participar das eleições, assim como qualquer norte-americano fora de casa, os astronautas precisam preencher um aplicativo chamado Federal Post Card Application, que serve para solicitar uma cédula de voto por correspondência. Após o preenchimento da cédula no laboratório orbital, ela é transmitida através do Sistema de Rastreamento e Dados de Satélite da NASA até uma antena na instalação de testes da agência, em White Sands, no Novo México. De lá, a cédula é encaminhada para o Centro de Controle de Missão em Houston e, em seguida, para o cartório eleitoral que irá contabilizar o voto. Para garantir a integridade e a confidencialidade do voto, a cédula é criptografada, garantindo que somente o astronauta e o responsável pelo cartório possam acessá-la.
A história da votação no espaço começou em 1997, quando a Legislatura do Texas aprovou uma legislação específica que permitiu que astronautas da NASA realizassem seus votos de forma remota. Nesse mesmo ano, o astronauta David Wolf se tornou o primeiro americano a votar enquanto estava a bordo da estação espacial russa Mir. Desde então, outros astronautas, como Kate Rubins, que votou nas eleições presidenciais de novembro de 2020, seguiram essa tradição, assegurando seu envolvimento no processo democrático mesmo a milhares de quilômetros da Terra.
A importância do voto e da conexão com a Terra
Após embarcarem em suas jornadas para o espaço, os astronautas estão longe de muitos dos confortos que os cidadãos na Terra desfrutam, mas a inovação tecnológica da NASA permite que continuem conectados com suas famílias e comunidades. Essa conexão é vital, pois, enquanto representam os Estados Unidos em suas missões no espaço, os astronautas também têm a oportunidade de se manterem inteiramente engajados com a sociedade e o processo democrático.
Durante mais de duas décadas de presença contínua na EEI, os astronautas não apenas realizaram experimentos e desenvolveram tecnologias que visam expandir as fronteiras da exploração espacial, mas também têm se esforçado para não se desconectarem do que acontece em casa. A comunicação estabelecida através da Rede de Espaço Próximo não só lhes proporciona uma linha direta com o Controle de Missão na Terra, mas também serve como um meio para que continuem participando ativamente das questões que afetam a sociedade. À medida que a NASA se prepara para futuras missões, como a campanha Artemis e a exploração de Marte, as lições aprendidas sobre comunicação e democracia podem muito bem moldar os caminhos que irão seguir.
Com essa estrutura de votação implementada, a NASA estabelece um precedente importante de como a tecnologia pode auxiliar na participação cívica de forma inclusiva, mesmo em um contexto de exploração espacial. O voto dos astronautas é um símbolo do valor que a democracia e a cidadania têm, mostrando que, não importa a quantidade de estrelas que estejam acima de sua cabeça, as responsabilidades cívicas devem ser mantidas firmes.