Nos últimos anos, Max Winkler se tornou uma figura central no crescente portfólio de produções televisivas de Ryan Murphy. É impressionante como um cineasta de cinema independente pode estar tão profundamente envolvido em um universo que explora as camadas mais sombrias da fama e da criminalidade, como no caso das novas temporadas de “Monsters” e “Grotesquerie”. Winkler trouxe sua visão autoral a seis produções diferentes de Murphy, incluindo o impacto que a série “Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story” tem gerado.
Winkler está mergulhando ainda mais nos limites do horror e da ficção ao assumir a direção e a produção executiva da terceira temporada da franquia “Monster”, cuja narrativa se concentra na vida do infame assassino de série dos anos 1950, Ed Gein. Este novo projeto não só representa uma chance de estreitar laços com Charlie Hunnam, que interpreta Gein e já tinha trabalhado com Winkler em “Jungleland”, mas também indica uma intenção de abordar temas que vão além do simples horror, perseguindo uma narrativa mais refinada e complexa. Winkler se mostra otimista sobre a maneira como esses novos episódios estão sendo desenvolvidos, afirmando que temos um potencial para impactar o público de maneira honesta e direta.
“Fiz filmes que ninguém viu para entender como é bom ter uma reação em tempo real”, reflete Winkler. Ele destaca como a natureza do meio televisivo é uma bênção em termos de feedback imediato do público, em contraste com a frustração sentida ao ver seus longas-metragens caírem no esquecimento pós-lançamento. O fato de poder trabalhar em um formato que permite interação instantânea e discussão, realmente invigorou seu espírito criativo.
Winkler não é um novato na televisão. Ele já dirigiu uma gama de séries, como “New Girl” e “Brooklyn Nine-Nine”, mas é na série “Grotesquerie”, que lhe foi oferecido um espaço criativo sem precedentes, permitindo-o experimentar com a narrativa e a estética de uma forma que poucas vezes teria oportunidade de fazer em produções convencionais. Seu trabalho em “Grotesquerie” envolveu a criação de episódios filmados em longas sequências, uma técnica escolhida para despertar uma sensação de imersão e desconforto no espectador, muito alinhada ao tema da série.
Recentemente, o cineasta compartilhou algumas de suas experiências e desafios na indústria do entretenimento. Ao perguntar sobre o foco da próxima temporada de “Monster”, Winkler menciona como Ed Gein, uma figura amplamente reconhecida como o “primeiro serial killer” da cultura popular, traz uma nova camada de complexidade e reflexão sobre a natureza humana e os horrores da realidade. Ele menciona que a história se desenha em um contexto histórico que apresenta desafios únicos de produção, especialmente no que diz respeito à iluminação e à ambientação da época, refletindo não apenas a vida de Gein, mas também as profundezas da psique humana.
À medida que a conversa avança, Winkler expressa seu entusiasmo por trabalhar mais uma vez com Ryan Murphy e Ian Brennan, afirmando que seu envolvimento com essas produções não é apenas uma questão de carreira, mas uma oportunidade de contribuir para um diálogo cultural mais amplo que explora as complexidades da moralidade e da criminalidade. “A série examina a questão de quem realmente é o monstro, trazendo à tona discussões sobre passado e presente, identidade e responsabilidade”, diz ele, ressaltando a relevância desses temas nos dias atuais.
Além disso, Winkler também toca em aspectos práticos de se trabalhar em um setor em constante transformação, onde a obtenção de financiamento para projetos independentes se torna cada vez mais difícil. Ele comenta que, nos dias de hoje, é um verdadeiro desafio conseguir que investidores estejam dispostos a apoiar um filme sem um elenco já definido, gerando uma situação de “galo e ovo” que dificulta a criação de novos trabalhos. Winkler expressa sua frustração com essa nova dinâmica, mas permanece esperançoso e determinado a continuar sua jornada em um espaço criativo onde ele possa realmente deixar sua marca.
Concluindo a conversa, Winkler ressalta a importância de se sentir parte de uma conversa maior. Ele destaca que, ao contrário da maioria dos filmes onde muitas vezes se sente apartado do público, a televisão oferece uma plataforma para compartilhar histórias que têm o poder de provocar reflexões e discussões significativas. No fim das contas, seu desejo de criar e participar de narrativas que toquem o coração, a mente e a alma dos espectadores parece ser a força motriz por trás das suas escolhas de projetos, e que o continuará levando a explorar os limites do horror, da humanidade e do entretenimento.