A eleição para o Senado de 2024 trouxe resultados surpreendentes, onde a derrota do senador democrata Sherrod Brown, na Ohio, acentuou ainda mais as dificuldades do partido em manter sua maioria na câmara alta. Brown, que buscava a reeleição, foi derrotado pelo republicano Bernie Moreno, um empresário nascido na Colômbia que se destacou durante a era Trump e acumulou uma riqueza impressionante como vendedor de carros de luxo e empreendedor de blockchain.
A histórica derrota de Brown é significativa, uma vez que ele é o primeiro senador incumbente a perder a reeleição nesta eleição. Com esta mudança, o equilíbrio do poder no Senado oscila perigosamente para os democratas, que agora se veem à beira de uma possível perda total de controle da câmara. A corrida entre Brown e Moreno foi a mais cara do ciclo, superando a marca de impressionantes 400 milhões de dólares em gastos de campanha, refletindo a intensidade e a importância da disputa.
O resultado da corrida de Ohio não é um caso isolado. Com os republicanos já tendo conquistado uma cadeira na Virgínia Ocidental com a eleição de Jim Justice, bem como a resistência dos democratas face à busca de destituir o republicano Rick Scott na Flórida, as perspectivas começaram a diminuir rapidamente para o partido democrata. A atenção dos democratas agora se volta para estados cruciais que compõem o chamado “muro azul”: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin. Nesses locais, o partido luta intensamente para proteger as cadeiras que ainda detém, em um esforço constante para preservar sua frágil maioria no Senado.
A dinâmica da corrida para o Senado está interligada à luta pela Casa, onde os democratas tentam retomar uma vantagem no muito disputado Congresso. Ambos os lados sabem que a maioria no Congresso é um bicho-de-sete-cabeças. Controlar a Casa ou o Senado pode determinar quem possui a capacidade de impulsionar ou bloquear a agenda de um presidente. A situação torna-se ainda mais complexa com um panorama político polarizado, onde as divisões ideológicas se acentuam a cada novo ciclo eleitoral.
Adicionalmente, o cenário eleitoral está sendo ressignificado em outros locais. Em Nebraska, por exemplo, o foco voltou-se rapidamente para uma disputa que ganhou importância com as corridas competitivas tanto para a Câmara quanto para o Senado, onde o independente Dan Osborn desafia a senadora republicana Deb Fischer. A corrida pode, portanto, decidir o futuro do Senado e do poder legislativo em um país cuja democracia está sendo constantemente colocada à prova.
Em um universo eleitoral em rápida mudança, o que se torna evidente é que cada assento conta. Um punhado de cadeiras, ou até mesmo uma única, poderia fazer a diferença na composição de qualquer das câmaras do Congresso. Com um Senado dividido 50-50, o partido que ocupa a Casa Branca tem o poder de determinar a maioria, já que o vice-presidente atua como desempate.
À medida que a contagem de votos prossegue em várias corridas, surge uma outra faceta da eleição: a diversidade. Historicamente, a eleição de duas mulheres negras ao Senado – a democrata Lisa Blunt Rochester, de Delaware, e a democrata Angela Alsobrooks, de Maryland – marcou um vezes monumental. Essas conquistas representam um avanço significativo na inclusão política, considerando que até hoje apenas três mulheres negras ocuparam uma cadeira no Senado, tornando inédito que duas ocupem a função ao mesmo tempo.
Além disso, em Nova Jersey, Andy Kim se fez histórico como o primeiro coreano-americano a ser eleito para o Senado, derrotando o empresário republicano Curtis Bashaw. A competitividade das corridas, por sua vez, mostra que a votação não se trata apenas de partidos, mas também de quem representa a diversidade do povo americano no Senado.
Mas enquanto os vencedores celebram, as lutas continuam. A corrida acirrada pela Câmara está repleta de disputas em estados como Nova York e Califórnia, onde os democratas esperam recuperar algumas cadeiras que os republicanos conquistaram nos últimos anos. Enquanto a contagem de votos avança e algumas corridas se arrastam, a chance de os democratas reverterem o resultado do que parecia uma eleição complicada ainda está viva, mas estagnada em uma viagem tumultuada e incerta.
Com o futuro do Congresso e, possivelmente, da presidência em jogo, os lados se preparam para batalhas decisivas nos próximos meses, enquanto as redes de apoio e financiamento, dispostas a tudo, se envolvem em campanhas acirradas. A pergunta que permanece é se os democratas poderão manter o controle ou se os republicanos fortalecerão sua posição ao retomar a câmara alta.
E em meio a todos os resultados tumultuados, os eleitores se mostraram motivados a questionar quais questões são primordiais para eles. Uma pesquisa de voto abrangente, conhecida como AP VoteCast, revelou que a economia e a imigração são questões centrais para os eleitores, mas a defesa da democracia e seus valores também se tornaram fundamentais ao decidirem em quem confiar.
Com os olhos do país voltados para uma nova era de incertezas, a contagem se mantém aguardando um resultado que poderá moldar os rumos da política nos próximos anos. Afinal, o que está em jogo é muito mais do que uma simples vitória ou derrota: é a redefinição do que significa fazer política nos Estados Unidos em tempos turbulentos.