Charlotte, N.C. — Em uma decisão que ressoou por toda a indústria automobilística, a NASCAR anunciou, na última terça-feira, a aplicação de multas que totalizam $600.000 e a suspensão de nove membros de equipes de três organizações diferentes. As sanções são uma resposta direta a alegações de manipulação de corrida ocorridas durante o evento no Martinsville Speedway, que gerou controvérsias e discussões acaloradas entre os envolvidos.
A controvérsia teve seu ponto culminante na batalha acirrada que ocorreu durante a prova, no último domingo. Christopher Bell, que inicialmente havia se classificado para a fase final do campeonato, viu seu desempenho ser desqualificado após uma manobra polêmica em que utilizou a parede do circuito para ganhar velocidade — uma ação que infringiu uma regra de segurança proibida. Isso resultou na perda de sua vaga para o piloto William Byron, que agora se vê frente a frente com a chance de lutar pelo título na final de Phoenix.
O evento em Martinsville não apenas atraiu a atenção dos fãs, mas também levantou questões sobre a integridade da competição. A NASCAR, ao desqualificar Bell, deixou claro que investigaria minuciosamente o papel de outros pilotos na sequência de eventos que envolveu Bell e Byron na disputa pelo último lugar na final do campeonato. Entre as alegações, destacou-se que o piloto Bubba Wallace, da Toyota, fingiu ter um furo para permitir que Bell tivesse espaço para sua manobra arriscada. Nos bastidores, Ross Chastain e Austin Dillon, ambos da Chevrolet, também foram citados por suas ações que aparentemente ajudaram Byron a manter sua posição na corrida.
Elton Sawyer, vice-presidente sênior de competição da NASCAR, mencionou que a entidade considerou não apenas suspensões, mas também ações coletivas contra os fabricantes envolvidos, como Chevrolet e Toyota. Embora não houvesse fundamentos no regulamento que justificassem sanções contra as montadoras, Sawyer revelou que a NASCAR planeja se reunir com os líderes de Ford, Chevrolet e Toyota para abordar o tema e discutir possíveis medidas sobre as práticas de manipulação que, ao que parece, se tornaram mais comuns nessa fase decisiva do campeonato.
Com o fim da temporada se aproximando, a pressão sobre as equipes e pilotos só aumenta. As sanções foram emitidas na semana da corrida final da temporada, o que permite que as equipes solicitem um apelo expresso até a tarde de quarta-feira. A expectativa é de que as audiências para esses apelos ocorram na quinta-feira, um cenário que pode mudar novamente o rumo dessas penalidades.
As equipes mais envolvidas, como a Trackhouse Racing e a 23XI Racing, já manifestaram seu descontentamento e confirmaram que irão apelar das penalidades. “Acreditamos firmemente que não cometemos nenhuma violação durante a corrida de domingo”, afirmou 23XI em um comunicado à imprensa. No entanto, a equipe enfrenta uma batalha judicial em meio a desavenças sobre o sistema de charter estabelecido pela NASCAR, enquanto busca um título com o piloto Tyler Reddick na próxima corrida.
Detalhes das sanções impostas pela NASCAR
As multas e suspensões aplicadas são radicais e enviam uma mensagem clara sobre a postura da NASCAR em relação à manipulação de corridas. Foram aplicadas penalidades individuais de $100.000 a Chastain, a sua equipe, bem como suspensões de uma corrida para o executivo Tony Lunders, o chefe de equipe Philip Surgen e o observador Brandon McReynolds, resultando também na perda de 50 pontos para a Trackhouse Racing.
De forma semelhante, Austin Dillon e sua equipe, a Richard Childress Racing, receberam a mesma multa de $100.000; as suspensões igualaram-se às da Trackhouse. Por fim, Bubba Wallace, da 23XI, também enfrentou a penalidade de $100.000 e as suspensões dos principais membros de sua equipe, resultando igualmente na perda de 50 pontos.
Na análise final, Sawyer comentou que a NASCAR espera que essas penalizações ajudem a coibir práticas de manipulação de corrida, reforçando a importância da integridade do esporte. Ele enfatizou que, após considerar a gravidade da situação e compará-la a infrações anteriores, a entidade decidiu aumentar a rigidez das sanções. “É nossa responsabilidade garantir a integridade da competição”, destacou, reforçando o desejo de um ambiente de corrida justo e transparente.