A recente projeção da CNN confirma que Donald Trump será o 47º presidente dos Estados Unidos, em uma vitória marcada por um dos mais significativos reveses políticos da história. Essa recuperação surpreendente, realizada em meio a uma série de acusações e eventos tumultuosos, reacende um fervor político palpável, tanto no país quanto no exterior. Com promessas de uma administração radicalmente diferente, Trump traz consigo um novo capítulo para a política americana, que suscita entusiasmo e apreensão nos âmbitos interno e internacional.
Ao deixar Washington após seu único mandato, Trump já era visto como um pária, especialmente após suas tentativas de anular os resultados da eleição de 2020. Entretanto, quatro anos de controvérsias não o impediram de garantir um retorno triunfal, desafiando as expectativas em relação a sua popularidade, que foi testada por tentativas de assassinato e por dois processos de impeachment. Agora, após uma batalha que ficou marcada por acusações de corrupção e criminalidade, ele se ergue novamente como uma figura poderosa capaz de moldar a política nacional de maneira disruptiva.
Em um discurso realizado em seu resort Mar-a-Lago, Trump saudou seu retorno à presidência como uma oportunidade de “curar” a nação, afirmando que sua administração se concentrará em fortalecer a economia e controlar a imigração ilegal, temas que ressoaram com muitos eleitores frustrados com o aumento nos preços de alimentos e habitação. “Agradeço ao povo americano pela extraordinária honra de ser eleito seu 47º presidente e seu 45º presidente”, disse Trump, mencionando seu feito singular como o segundo presidente na história dos EUA a conquistar um mandato não consecutivo, após Grover Cleveland.
No entanto, essa nova administração Trump já levanta preocupações sobre suas intenções. O ex-presidente prometeu “retribuição” e sugeriu o uso das instituições governamentais e até do exército contra seus opositores. Além disso, seus planos de realizar uma massiva deportação de imigrantes sem documentação e de alguns migrantes legais podem gerar novos conflitos legais no país.
Aproximando-se do primeiro debate presidencial na história dos EUA, Trump consolidou sua vitória com um salto significativo em estados que anteriormente eram alvos democratas. Wisconsin foi o estado que finalmente selou sua vitória, conferindo-lhe os 270 votos do Colégio Eleitoral necessários para retorna à Casa Branca. O presidente eleito também conseguiu recuperar estados críticos como Geórgia e Pensilvânia, que haviam concedido a vitória a Biden nas eleições passadas.
O estilo de campanha de Trump, caracterizado por retórica imperial e alegações infundadas sobre crimes estrangeiros dominando as cidades americanas, ecoou em um eleitorado ansioso por mudanças. Muitos americanos, ainda lidando com as cicatrizes deixadas pela inflação elevada, viram em Trump um salvador diante das crises internacionais iminentes. Sua retórica insistente em relação à necessidade de um “grande crescimento econômico” ecoou entre seus apoiadores, que o veem como uma luz em meio à escuridão da política moderna.
Enquanto isso, a perspectiva de um novo mandato de Trump alimenta temores sobre a possível erupção de uma era de tumulto nacional e internacional. O ex-presidente prometeu buscar “retribuição” contra adversários políticos, e sua inclinação para usar o exército contra aquilo que ele chama de “inimigos internos” levanta preocupações sobre a erosão das normas democráticas. Sua postura comprometida em mudar não apenas as dinâmicas políticas internas, mas também na política externa dos EUA, indica uma possível reviravolta nas alianças globais estabelecidas.
A expectativa de um Brasil sob a liderança de Trump gera reações mistas. Enquanto seus apoiadores creem que ele restaurará a força dos EUA no palco mundial, há um crescente temor entre países aliados sobre como essa liderança poderá impactar acordos e ações no exterior, especialmente em relação a temas como a guerra na Ucrânia e a política de segurança em torno da OTAN. A pergunta que fica é: até que ponto ele estará disposto a reverter as políticas de comprometimento e cooperação preponderantes nas últimas décadas, e até onde sua agenda anti-imigração poderá influenciar a dinâmica social e econômica global?
Além das promessas de política interna, Trump tem chamado a atenção pelo que vê como exploração de poder presidencial quase ilimitado. Com a probabilidade de uma composição majoritária republicana no Senado, o agora presidente eleito parece ter grandes possibilidades de avançar sua agenda sem muitas concessionárias. Contudo, as promessas do presidente eleito – incluindo a reforma radical do sistema judiciário e a introdução de tarifas elevadas sobre importações – levantam dúvidas sobre seu impacto imediato na economia e nas relações comerciais globais.
À medida que os Estados Unidos se preparam para a reentrada de Donald Trump ao ambiente político, o mundo observa atentamente. A provação prévia do ex-presidente terá um peso significativo em seu próximo mandato, cujas repercussões podem moldar não apenas o futuro imediato da política interna dos Estados Unidos, mas também seu papel definido no equilíbrio de forças global. Com a expectativa da presidência de Trump se aproximando, aguarda-se um misto de ansiedade e esperança quanto ao que o futuro reservará para a nação e para o mundo.