Em um momento de forte ansiedade econômica e crescente custo de vida, o presidente eleito Donald Trump, durante a campanha eleitoral, delineou um conjunto abrangente de propostas que visam não apenas tornar a vida dos cidadãos mais acessível, mas também fortalecer a economia do país, tema que está entre as maiores preocupações dos eleitores. O discurso entusiasmado de Trump reflete uma análise do seu período como presidente, onde ele buscou implementar políticas que, segundo ele, trarão benefícios diretos à população. Contudo, é importante destacar que a maioria dessas medidas propostas carece de detalhes e depende da aprovação do Congresso, o que pode ser um desafio, tendo em vista a atual polarização política em Washington.
As promessas que Trump apresentou em sua campanha focam, entre outras coisas, na manutenção e ampliação de cortes de impostos, além de isenções fiscais que, segundo ele, beneficiarão a classe média e os trabalhadores, especialmente aqueles que dependem de gorjetas, como garçons e motoristas de aplicativo. A primeira parte de seu plano envolve garantir que todos os cortes fiscais pessoais e de impostos sobre heranças que foram introduzidos na Lei de Cortes de Impostos e Empregos de 2017 sejam estendidos. Os partidos opositores frequentemente criticaram essa legislação por beneficiar desproporcionalmente os mais ricos, mas Trump argumenta que essas políticas fiscais são essenciais para o fortalecimento da classe média e a promoção do crescimento econômico.
Uma das propostas mais polêmicas envolve a revogação do teto sobre as deduções de impostos estaduais e locais, conhecido como SALT, que foi implementado na mesma legislação e limitou as deduções a apenas 10 mil dólares. Trump sugere que eliminar esse teto traria alívio fiscal considerável para muitas famílias. Ele também propôs a redução da alíquota do imposto corporativo para 15% para determinadas empresas, além da restauração da capacidade de deduzir imediatamente investimentos em equipamentos e pesquisa, algo que ele considera vital para a recuperação da indústria americana.
Medidas para eliminar impostos e auxiliar a classe média
Em um direcionamento claro às classes trabalhadoras, Trump afirmou que acabará com os impostos federais sobre gorjetas, benefícios da Seguridade Social e horas extras. Esta promessa, lançada durante um comício em Las Vegas, mostra seu foco em atrair o apoio de trabalhadores que frequentemente se beneficiam com essas formas de remuneração. A ideia é que, ao eliminar esses impostos, o empoderamento financeiro dos trabalhadores aumentará. Contudo, essa medida pode resultar em uma diminuição nos pagamentos do Seguro Social no futuro, uma preocupação levantada por especialistas em políticas econômicas.
No mesmo sentido, o presidente eleito prometeu que os beneficiários da Seguridade Social não precisariam mais pagar impostos sobre os benefícios mensais que recebem. Essa proposta se dirige especialmente aos cidadãos mais velhos, um bloco eleitoral significativo que tem interesse direto em questões fiscais e previdenciárias. Interessantemente, Trump também considerou eliminar os impostos sobre horas extras, embora os detalhes sobre como isso seria implementado ainda não tenham sido divulgados, gerando especulações sobre as reais implicações dessa mudança.
Por outro lado, Trump também visualiza um aumento na capacidade das famílias e dos cuidadores de idosos por meio da introdução de incentivos fiscais e a facilitação do acesso aos cuidados domiciliares. Seu foco nesta área se mostra estratégico, já que a população de idosos nos Estados Unidos está crescendo e as demandas por cuidados adequados e acessíveis está em alta. Entre suas propostas também está a mudança no crédito tributário infantil, que poderá ser ampliado, embora isso ainda não esteja formalmente adicionado ao seu plano.
Ações para estimular a produção e o comércio interno nos EUA
Além das propostas direcionadas a impostos, Trump manifestou sua intenção de promover a manufatura americana por meio de tarifas. Ele sugere a aplicação de tarifas de 10% a 20% em todas as importações para incentivar a produção interna, visando gerar novas oportunidades de emprego. Esta abordagem, no entanto, levanta questões sobre o verdadeiro benefício para os consumidores, já que os preços dos produtos importados tendem a aumentar, impactando diretamente a inflação. Economistas alertam que as tarifas são, na verdade, pagas pelos consumidores e comerciantes americanos, e não pelos governos estrangeiros, como Trump frequentemente afirma.
Além disso, Trump afirmou que renegociaria o acordo comercial USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá), que foi implementado durante sua primeira presidência. A premissa por trás de sua agenda parece ser o aumento na competitividade da indústria americana, mas surgem dúvidas sobre a real eficácia de tais ações frente ao cenário econômico global atual.
Promessas para reduzir custos e tornar a habitação mais acessível
Um ponto crítico na sua plataforma é a promessa de reduzir o custo de vida dos americanos, visando derrubar os preços de combustíveis, alimentos e outros itens essenciais. Trump já declarou que pretende aumentar a produção de petróleo e gás, permitindo maior perfuração e diminuindo a regulamentação, o que ele acredita que reduzirá os preços nas bombas. Contudo, muitos afirmam que o mercado global limita a capacidade de um presidente em controlar os preços do petróleo.
Outra proposta que surge no debate é a acessibilidade da habitação. Embora Trump não tenha ainda apresentado um plano formal, ele tem mencionado que pretende aumentar a oferta de moradias removendo regulamentações desnecessárias e liberando terras federais para a construção. Também considera que a queda nas taxas de juros resultaria em um financiamento mais barato para os compradores de imóveis, uma afirmação que, assim como outras, é questionada quanto à sua viabilidade prática.
Conclusão: um caminho incerto para as promessas de Trump
Embora as propostas de Trump apresentem uma visão otimista sobre a recuperação econômica, também vem acompanhadas de um conjunto de desafios. A maioria das suas sugestões exigirá apoio bipartidário no Congresso, que é um cenário incerto. A intersecção entre suas promessas e a realidade económica que os americanos enfrentam integrará um dos pontos centrais do debate político nos próximos meses. Os eleitores precisam avaliar cuidadosamente o que essas promessas significam e se realmente trarão mudanças efetivas em suas vidas, ao mesmo tempo em que o aumento da polarização política continuará sendo um obstáculo na implementação dessas políticas.