A corrida pelo Senado em Montana revelou-se uma verdadeira batalha de titãs, com o republicano Tim Sheehy sendo projetado como o vencedor contra o senador democrata Jon Tester, que estava em seu terceiro mandato. Esta previsão da CNN representa não apenas uma mudança significativa para a política local, mas também contribui para a recém adquirida maioria dos republicanos no Senado. Montana, historicamente uma fortaleza republicana nas eleições presidenciais, continua a ter todos os cargos estaduais ocupados por membros do Partido Republicano. O cenário político, porém, não tem sido tão simples para Tester, que se apresentou como um moderado ao longo de sua carreira e desafiou a gravidade política ao vencer nas eleições de 2006, 2012 e 2018.

Apesar da longa história de apoio republicano no estado, a cadeira de Tester tornou-se um alvo primordial devido à sua classificação em um ambiente político cada vez mais polarizado. Os republicanos Bernie Moreno, em Ohio, e Jim Justice, na Virgínia Ocidental, também venceram suas respectivas corridas, solidificando a estratégia do Partido Republicano de desbancar assentos democratas em estados considerados “vermelhos”. Um aspecto que complicou a campanha de Tester foi o fato de que ele teve que compartilhar a cédula com o ex-presidente Donald Trump, que venceu Montana por uma margem significativa de 16 pontos percentuais em 2020 e por quase 20 pontos em 2016. Para que Tester fosse competitivo, ele precisaria superar o candidato do seu próprio partido em pelo menos dois dígitos, uma exigência que se mostrou desafiadora.

Como se não bastasse, Tester enfrentou um adversário que os democratas descreveram como um milionário de fora do estado, com credenciais questionáveis em relação à ranching e à proteção de terras públicas. Essa crítica foi reminiscentemente utilizada anteriormente contra o republicano Matt Rosendale em sua corrida de 2018. Sheehy, por sua vez, mudou-se para Montana em 2014 após deixar o serviço militar e, mesmo enfrentando alegações de ser um “carpetbagger”, os republicanos acreditaram que essa tática teria um efeito limitado devido às mudanças na demografia do estado, que viu uma onda de novos residentes após a pandemia de coronavírus.

No entanto, a batalha pela cadeira acabou se intensificando nas semanas finais da corrida, quando os democratas intensificaram os ataques sobre um incidente envolvendo Sheehy, onde ele alegou ter um ferimento de bala. Outdoors groups exploraram essa narrativa, apresentando um guarda florestal que relatou que a arma de Sheehy havia disparado acidentalmente em um parque nacional, assim como um ex-colega de serviço da Marinha que questionou a veracidade da história de Sheehy em relação ao seu ferimento no Afeganistão, afirmando que “não há honra em mentir sobre o seu serviço”. Esse tipo de ataque personalizado visava minar a credibilidade de Sheehy no eleitorado montanês.

Entretanto, os republicanos tentaram desviar a atenção dos eleitores, conectando Tester à administração do presidente Joe Biden e à liderança dos democratas no Congresso, estratégia que mostrou-se eficaz em momentos em que o descontentamento com o governo federal se fez mais evidente. A corrida também foi marcada por um fator adicional que pode ter influenciado o voto: uma proposta de emenda que buscava consagrar o direito ao aborto na constituição de Montana. Considerando que medidas relacionadas ao aborto se tornaram um ponto crucial nas campanhas e ganharam força, mesmo em estados tradicionalmente conservadores, os democratas acreditavam que essa proposta poderia se tornar um trunfo político. Enquanto os republicanos de Montana aprovaram encerramentos na legislação do aborto nos últimos anos, muitos deles foram posteriormente derrubados por decisões dos tribunais estaduais, criando um cenário de incerteza e polarização entre os eleitores.

Como conclusão, a corrida pelo Senado em Montana não foi apenas uma disputa por um cargo, mas um reflexo das mudanças sociais e políticas que o estado vem enfrentando. A previsão da CNN sobre a vitória de Sheehy assinala uma nova era política não apenas para Montana, mas para a dinâmica do controle do Senado em nível nacional. A ascensão de Sheehy sugere que, conforme o cenário político se transforma, os republicanos estão prontos para capitalizar sobre essas mudanças e consolidar sua influência em um estado que, por muito tempo, tradicionalmente apoiou os democratas. Resta saber como essas transformações afetarão a política em Montana e como os eleitores reagirão às estratégias e narrativas que moldaram essa eleição tão disputada.

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