A revolução tecnológica está em andamento e, sem dúvida, um dos pilares dessa transformação é a inteligência artificial (IA). Com o advento de assistentes de codificação como o GitHub Copilot e o Cursor.AI, os programadores têm experimentado uma novidade que promete ser apenas a ponta do iceberg. O que antes parecia futurista agora se torna uma parte integrante do cotidiano de desenvolvedores ao redor do mundo. Afinal, não é exagero dizer que o cenário da programação está prestes a mudar drasticamente, com a perspectiva de que, um dia, agentes de IA sejam capazes de escrever programas inteiros com base em instruções em linguagem natural. Algumas pessoas do mercado acreditam até que isso poderá resultar na substituição de engenheiros humanos em algumas funções.
A Nova Dinâmica do Mercado de Trabalho da Tecnologia
Startups especializadas em programação assistida por IA, como Replit e Bubble, estão na vanguarda dessa transformação. A noção de que, em um futuro próximo, as empresas precisarão contratar menos engenheiros humanos e poderão se dar ao luxo de gerenciar agentes de codificação de IA é uma ideia defendida por alguns capitalistas de risco. A parceira da Greylock, Corinne Riley, compartilhou essa perspectiva durante o evento TechCrunch Disrupt, onde afirmou que “não se trata de um sonho distante. É uma realidade que pode estar mais próxima do que pensamos, embora não seja o presente”. Essa afirmação coloca em pauta a percepção de como as empresas emergentes devem abordar as contratações e a utilização de tecnologia em seus processos de desenvolvimento.
Durante entrevistas técnicas de programação, já é comum o uso de assistentes de codificação em várias empresas que fazem parte do portfólio da Greylock. No entanto, Riley ressalta que, apesar das facilidades, a substituição de engenheiros humanos em empresas muito novas não é uma estratégia viável. “Quando você está no estágio inicial, está construindo as bases da empresa. Fazer concessões significativas em engenharia nesse momento pode não ser a decisão mais acertada. Essas escolhas são mais adequadas para um momento posterior”, explicou.
A Importância da Agilidade no Desenvolvimento de Produtos
No entanto, Elizabeth Yin, cofundadora da Hustle Fund, apresenta uma perspectiva diferente sobre o uso da assistência de IA nas startups em estágio inicial. Segundo ela, o gerenciamento de recursos financeiros é um dos principais motivos para que engenheiros jovens adotem o uso dessa tecnologia de forma ampla. “Um dos grandes desafios nas fases iniciais é que você não sabe exatamente qual problema está resolvendo e qual é o perfil do cliente ideal. Com isso, termina-se descartando muito trabalho. Quanto mais rápido você puder ir e mais ágil puder ser em iterações, melhor será para aprender rapidamente”, afirmou Yin.
Ela defende que as startups em estágio inicial devem estar abertas a qualquer ferramenta que permita aos fundadores criar rapidamente produtos mínimos viáveis, mesmo que isso signifique que esses produtos terão que ser reformulados posteriormente. “Se isso significa que você pode aprender mais rápido, eu sou a favor”, enfatizou. Essa abordagem é um reflexo da nova era em que a velocidade e a eficiência tornaram-se cruciais para o sucesso nos negócios.
O Papel dos Agentes de IA na Transformação da Indústria de Tecnologia
O cenário de desenvolvimento se transforma ainda mais quando consideramos que, a partir de 2024, as startups poderão surgir já adotando processos de desenvolvimento orientados por IA. Isso pode significar que estamos testemunhando o início de uma nova força de trabalho composta por agentes de IA, onde os primeiros trabalhadores a interagir com esses assistentes serão, ironicamente, os próprios programadores. Essa possibilidade é, ao mesmo tempo, intrigante e premonitória, e levanta questões sobre como a indústria da tecnologia se organizará e se adaptará a essa nova realidade.
Renata Quintini, cofundadora da Renegade Partners, concorda com essa visão, afirmando que a utilização da IA para descobrir o ajuste do produto ao mercado ou para realizar testes deve ser uma prioridade nas startups. Apesar do potencial de otimização, ela também enfatiza que não é preciso se preocupar em ajustar tudo nesse estágio inicial. A adoção de assistentes de IA parece aberta a questionamentos, mas parece que sua integração será inevitável.
Conclusão: Um Novo Horizonte para a Programação e o Emprego
Em suma, estamos à beira de uma revolução na forma como a programação e o desenvolvimento de produtos são realizados. À medida que mais empresas adotam assistentes de IA, o modelo tradicional de emprego na tecnologia pode passar por transformações significativas. O papel dos engenheiros pode se desdobrar em uma nova dinâmica, onde a colaboração com agentes de IA se torne um padrão comum nas startups. Enquanto isso, fundadores e engenheiros devem estar preparados para aproveitar ao máximo essa tecnologia, entendendo que a agilidade na aprendizagem e na adaptação pode ser a chave não apenas para uma startup bem-sucedida, mas também para a evolução contínua do mercado de trabalho da tecnologia.