A candidatura de Joe Biden à reeleição enfrentou desafios complexos, com pressões externas que o levaram a ser considerado incapaz de continuar sua corrida. Uma dessas pressões veio na forma de um artigo de op-ed publicado no New York Times por George Clooney no dia 10 de julho, no qual o ator destacou a necessidade de o presidente renunciar para o bem do partido e do país.
Esse artigo inflamou o debate sobre a adequação de Biden para adequar-se aos desafios contemporâneos e, assim, impulsionou a visão da classe dirigente e do público, que começaram a cogitar a possibilidade de um novo nome para liderar o Partido Democrata na luta contra a candidatura de Donald Trump.
Com a iminente possibilidade de uma troca de candidatos, as estrelas de Hollywood, conhecidas por seu forte apoio a Biden e ao Partido Democrata, começaram a aparecer em massa para apoiar a vice-presidente Kamala Harris, que emergiu como a provável substituta de Biden. Celebridades como Taylor Swift, Beyoncé e Julia Roberts foram convocadas para esta batalha, com a esperança de que seu glamour pudesse estimular a base do partido e atrair jovens eleitores.
Taylor Swift, cuja influência sobre os jovens eleitores é notável, foi uma das estrelas mais cobiçadas. Sua endosse a Harris em setembro gerou uma onda de entusiasmo, resultando em mais de 10 milhões de curtidas nas redes sociais e uma impressionante mobilização de 400 mil novos registrantes de eleitores. Esse fenômeno foi amplamente chamado por veículos de comunicação de “O impacto da Taylor Swift nas eleições”. Contudo, apesar dessas mobilizações, os resultados da votação mostraram que Harris perdeu apoio entre os jovens, algo que contrastava com a expectativa levantada por suas endosse.
Além de Swift, estrelas de renome como Eminem, Lizzo, Bruce Springsteen e até mesmo a icônica Beyoncé se uniram a Harris em várias reuniões, incluindo um megaraio em Houston que, ironicamente, foi marcado por críticas, já que muitos na plateia esperavam por uma performance musical que nunca aconteceu. Essa estratégia de endossar a vice-presidente parecia promissora, especialmente dadas as tensões em torno da campanha de Trump e a imagem negativa frequentemente associada a ele entre os jovens. Entretanto, a resposta nas urnas sabotou essas expectativas, revelando que a presença de celebridades nem sempre é uma garantia de sucesso político.
Estudos indicam que o apoio de celebridades pode, paradoxalmente, afastar os jovens eleitores. Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual da Carolina do Norte em 2010 apontou que muitos eleitores dessa faixa etária se sentem menos inclinados a apoiar candidatos que recebem apoio de figuras famosas, sugerindo que isso pode desencorajá-los a comparar suas próprias ideologias com as de seus ídolos da cultura pop.
Enquanto isso, o candidato Trump, apesar de receber alguns apoios de personalidades como Hulk Hogan e Kid Rock, optou por uma abordagem mais autêntica. Uma de suas jogadas mais impactantes foi a transmissão de uma longa entrevista com Joe Rogan, o popular apresentador de podcast, que rendeu 46 milhões de visualizações no YouTube. Esses resultados demonstraram que, em uma era em que muitos se sentem desconectados da política tradicional, a visão de um ex-presidente em um ambiente mais casual pode ressoar fortemente entre o eleitorado, especialmente nas regiões do Rust Belt, onde a ligação de Trump com os eleitores é forte.
Muitos jovens eleitores expressaram em entrevistas posteriores que a conversa entre Trump e Rogan teve um impacto significativo sobre suas decisões. Durante as eleições, vários entrevistados relataram que se sentiram mais inclinados a votar em Trump após assistirem ao podcast, impressionados com a normalidade e a acessibilidade demonstradas por ele. O oferecimento de uma plataforma ao público jovem pode ter sido um fator decisivo na escolha do eleitorado, que muitas vezes se sente ignorado pelos estabelecimentos políticos tradicionais.
O que se segue é um reflexo claro das mudanças que ocorrem na política atual, onde as aparências e a maneira como se comunica podem ser tão relevantes quanto as ideologias políticas. Em uma campanha saturada de glamour, poderia muito bem ser a ligação genuína e a compreensão demonstrada por figuras como Joe Rogan que realmente fizeram a diferença nas eleições recentes. Com isso, o resultado final revela uma nova realidade — onde o estilo e a substância continuam a lutar por influência no cenário político contemporâneo.