O universo dos fãs de anime e mangá no Reino Unido se despede de uma de suas publicações mais icônicas com o anúncio do fim da revista Neo, que, após duas décadas de contribuições valiosas à cultura otaku, celebra o seu 20º aniversário com um fechamento que marca o encerramento de uma era. A última edição, a número 245, já está nas mãos dos leitores que acompanharam a jornada dessa publicação que, desde sua criação em 2004, ofereceu um olhar abrangente sobre não apenas anime e mangá, mas também sobre a rica cultura japonesa e outras nuances do entretenimento asiático.
A revista Neo estabeleceu-se como uma fonte confiável e importante para os entusiastas, oferecendo artigos, críticas e novidades do mundo dos mangás e dos animes, além de explorar jogos, cinema e música de países como Japão e Coreia do Sul. Ao longo dos anos, a chefia editorial passou por mudanças, com Gemma Cox assumindo o posto em 2006, sucedendo o fundador Stu Taylor. O impacto da revista ufanista pode ser medido não apenas pelo número de páginas impressas, mas pela forma como destacou e difundiu aspectos frequentemente negligenciados da cultura jovem asiática no ocidente.
Infelizmente, a edição que agora se despede dos leitores não é apenas um marco de celebração, mas também simboliza a redução dramática de revistas impressas voltadas para esse nicho no Reino Unido. Neo se destacou como a única revista comercial britânica de formato físico especializada em anime e mangá. Com a sua descontinuação, o cenário fica ainda mais restrito, deixando apenas algumas publicações americanas disponíveis, como a bimestral Otaku USA e sua publicação irmã, a trimestral Anime USA, além da revista acadêmica Mechademia: Second Arc, que é lançada semestralmente. Essa realidade reflete uma tendência mais ampla que tem afetado revistas e jornais tradicionais em todo o mundo, que competem com a ascensão de plataformas digitais e redes sociais, muitas vezes mais ágeis e menos onerosas para manter.
Deste modo, a transição da impressão para o digital tem sido uma luta constante para muitas publicações, que encontram dificuldades em se adaptar à nova era das informações instantâneas. Com a era digital cada vez mais dominante e influente, a nostalgia por publicações impressas como Neo pode ser sentida com maior intensidade entre os aficionados, que apreciavam o prazer tangível de folhear páginas cheias de arte e relatos.
A publicação encerra suas atividades prometendo que todos os assinantes serão contactados para receber informações sobre reembolsos referentes a edições não entregues, um gesto que reforça o comprometimento da revista com o seu público, mesmo em um momento de despedida.
Enfim, fica à comunidade otaku a tarefa de preservar as lembranças e aprendizados proporcionados pela Neo. Seus leitores poderão sempre relembrar a vitalidade da revista que fez muito por aqueles que buscam entender e apreciar a rica tapeçaria que é a cultura pop asiática. A recente decisão de encerrar as publicações lacuna um espaço significativo no panorama da mídia impressa e é um convite à reflexão sobre o futuro do consumo de cultura pop em meio a mudanças vertiginosas nas formas de produção e disseminação de conteúdo. Para muitos, este não é apenas o fim de uma revista, mas o término de uma fase em suas vidas, repleta de descobertas e paixões por mundos ficcionais.