A questão do extravio de bagagens se tornou um verdadeiro pesadelo para os viajantes modernos, especialmente desde o início da pandemia, que agravou as taxas de bagagens mal manuseadas. Dados recentes revelam que as companhias aéreas ainda apresentam índices preocupantes, perdendo em média 6,9 malas a cada 1.000 passageiros apenas em 2023, conforme relatado pela empresa SITA, especializada em soluções para a aviação. Para contextualizar, em 2022, a situação era ainda mais alarmante, com 7,6 bagagens perdidas a cada mil voos, um aumento significativo em relação a 2019, quando a média era de 5,6. Com esse cenário em mente, muitos passageiros estão buscando soluções, como utilizar dispositivos de rastreamento em suas malas, a fim de ter uma ideia de onde estão seus pertences. Contudo, a grande barreira que os viajantes enfrentam continua a ser a resistência das companhias aéreas em adotar essas tecnologias – elas geralmente não se sentem inclinadas a utilizar as informações fornecidas por rastreadores.
Um exemplo simbólico que ilustra essa situação aconteceu com o montanhista Barry Sherry. Em 2023, ao viajar para os Alpes Suíços, ele enfrentou a perda de sua bicicleta, que foi extraviada durante o trajeto realizado com American Airlines e British Airways. Sherry utilizou um rastreador de bagagem para indicar a localização exata de sua bicicleta aos funcionários do aeroporto em Zurique, porém, a equipe se mostrou incapaz de ajudar em sua recuperação. Uma ironia que muitos viajantes provavelmente encontrarão familiar, onde a tecnologia talvez esteja disponível, mas não é aproveitada pelas companhias aéreas, que em última análise, seriam as mais beneficiadas ao saber onde estão as bagagens extraviadas de seus passageiros.
Porém, um novo ventinho de esperança pode estar surgindo. A Apple anunciou que está testando uma nova função de compartilhamento de rastreamento em alguns dos seus dispositivos Apple AirTags, que poderá permitir o acesso a dados de rastreamento por terceiros, como aeroportos e companhias aéreas. Isso significa que, caso um viajante perca sua bagagem, as empresas aéreas poderão acompanhar a localização em tempo real, facilitando a recuperação do item perdido. Essa abordagem ambiciosa surgi com versões beta do novo sistema operacional iOS da Apple, que poderá em breve ser disponibilizado para um público mais amplo. Embora a Apple não tenha retornado aos pedidos de confirmação ou comentários sobre o recurso, a expectativa é que essa funcionalidade esteja disponível para todos os usuários nos próximos meses.
O principal benefício dessa nova função é o potencial de rastreamento compartilhado que durará apenas uma semana após a ativação. A atualização do aplicativo Find My permitirá que o usuário “compartilhe a localização do item”, gerando um link que pode ser enviado a um terceiro, mesmo que não possua um dispositivo Apple. Isso permitirá que funcionários de balcões de aeroporto e das centrais de atendimento ao cliente das companhias aéreas vejam a localização ao vivo das malas extraviadas utilizando suas próprias redes de computadores. Outra inovação, chamada “Mostrar informações de contato”, permitirá que um item “perdido” se conecte a qualquer telefone ou tablet, compartilhando informações do proprietário, facilitando ainda mais a comunicação em caso de extravio.
É importante destacar que o link de acompanhamento expira automaticamente assim que o proprietário é reunido com seu item, garantindo um pouco mais de segurança e controle sobre as informações pessoais. Além disso, se a Apple conseguir implementar essa funcionalidade com sucesso, não será surpreendente se outras marcas como Tile, Eufy e Knog Scout começarem a oferecer funcionalidades semelhantes, ampliando as opções para os viajantes e permitindo que mesmo quem não possui dispositivos Apple encontre soluções de rastreamento para suas bagagens.
Por fim, resta a pergunta que todos nos fazemos: será que essa inovação realmente vai melhorar as taxas de reencontro entre passageiros e suas bagagens? Somente o tempo poderá responder a essa dúvida, mas as perspectivas são promissoras.Chei, segundo a SITA, a média deste ano representa uma pequena melhoria, mas a expectativa é que, com a implementação dessa funcionalidade de rastreamento compartilhado, as companhias aéreas possam iniciar um movimento positivo em direção a uma maior eficiência na recuperação de bagagens. Para os viajantes, cada passo que se der na direção de melhorar a experiência de viagem é um avanço significativo, e quem sabe, talvez o rastreamento de bagagens se torne um problema do passado.