Em um novo episódio de brutalidade que assola o México, as autoridades locais do estado de Jalisco anunciaram, no último domingo, a descoberta dos corpos decapitados de cinco homens em uma estrada. Esse evento chocante ressalta a crescente onda de violência que atinge a região e que tem suas raízes profundamente ligadas ao crime organizado. Segundo o escritório do procurador do estado, os corpos foram localizados em sacos plásticos negros no município de Ojuelos, uma área situada ao nordeste de Jalisco, que tem se tornado um ponto foco de atividades criminosas.

A informação inicial sobre o caso indicou a presença de sacos que aparentavam conter silhuetas humanas na faixa de asfalto da estrada. Quando os membros da Guarda Nacional chegaram ao local, encontraram os corpos sem cabeças, todos vestindo apenas calças, o que torna a cena ainda mais perturbadora. Próximo aos corpos, também foi encontrado um saco que supostamente continha as cabeças das vítimas, conforme relatado pelas autoridades. A equipe forense estava presente na cena em busca de evidências que possam esclarecer os eventos que levaram a essa atrocidade.

A localização do crime, o município de Ojuelos, faz divisa com a cidade de Lagos de Moreno, que tem sido palco de diversos homicídios atribuídos a disputas entre grupos de crime organizado. Um dos casos mais notórios envolveu o desaparecimento de cinco jovens em 11 de agosto de 2023, cujos corpos foram posteriormente encontrados, revelando marcas de tortura em um vídeo que circulou nas redes sociais, evidenciando a impunidade e a brutalidade prevalecentes na região. As marcas deixadas pelas mensagens de grupos criminosos em paredes e locais de crime reforçam a presença do Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), uma das organizações mais poderosas e temidas do país.

O CJNG é amplamente reconhecido por sua capacidade de produção e tráfico de fentanil, uma droga altamente letal que é contrabandeada para os Estados Unidos, disfarçada como medicamentos comuns, como Xanax e Oxycodone. O fentanil é responsável por cerca de 70 mil mortes por overdose anualmente nos Estados Unidos, levantando alarmes tanto na política de saúde quanto na segurança pública. O governo americano anunciou uma recompensa de 10 milhões de dólares por informações que levem à captura do líder do cartel, Rubén Oseguera Cervantes, conhecido como “El Mencho”.

Os números são alarmantes: entre janeiro e setembro deste ano, 1.415 assassinatos foram registrados no estado de Jalisco. Em uma escala mais ampla, desde 2006, o país contabiliza mais de 450 mil homicídios e dezenas de milhares de desaparecidos, uma realidade que se intensificou após a decisão do governo de utilizar as forças armadas no combate ao tráfico de drogas. Recentemente, o cenário de violência se agravou com o assassinato do prefeito da cidade de Chilpancingo, Alejandro Arcos, encontrado decapitado pouco depois de assumir o cargo, e com a descoberta de 12 corpos de indivíduos torturados no estado de Guanajuato.

A nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, que assumiu o cargo em 1º de outubro, enfrenta o grande desafio de implementar uma estratégia eficaz de combate à violência dos cartéis. Em sua proposta, ela reafirmou o compromisso de dar continuidade à política de “abraços, não balas”, que busca abordar as causas do crime por meio de políticas sociais, em vez de uma abordagem militarizada. A presidente enfatizou em uma coletiva de imprensa que “a guerra contra as drogas não retornará”, uma declaração revisitando a polêmica ofensiva apoiada pelos Estados Unidos desde 2006, que se mostrou ineficaz em reduzir a criminalidade. Enquanto isso, a escalada de violência continua a preocupar a população, que aguarda ações concretas e eficazes para restaurar a segurança e a paz em suas comunidades.

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