A história de Leigh-Anne Lagden, uma mãe de 26 anos de Newcastle, Inglaterra, traz à tona uma dura realidade sobre os perigos das substâncias para emagrecimento promovidas nas redes sociais. O que começou como uma oferta tentadora de um influenciador digital para receber injeções de emagrecimento gratuitamente, acabou se transformando em um pesadelo que quase custou a vida de Leigh-Anne. A experiência dela serve como um alerta crucial para todos que procuram soluções rápidas e fáceis para perder peso.
Leigh-Anne decidiu seguir a página de uma marca que prometia ajudar na perda de peso através de injeções. Em troca de promoção nas redes sociais, a empresa enviou um mês inteiro de injeções sem custo. O que parecia uma oportunidade irresistível rapidamente se tornou um erro devastador. “As injeções não me custaram nada”, contou a jovem mãe, lembrando-se do início do seu calvário. “Ela veio em uma solução líquida com uma agulha para que você tivesse que prepará-la você mesmo.”
Mal sabia ela dos efeitos colaterais severos que estavam prestes a se seguir. Ao começar com a dose “recomendada” de 0,5 ml, Leigh-Anne logo começou a se sentir mal. “Vomitava há quatro dias seguidos após a injeção e meu vômito era preto,” lamentou, ao recordar os momentos em que estava confinada à cama. Quando se deu conta da gravidade do seu estado, decidiu entrar em contato com a empresa que havia fornecido as injeções. O retorno, triste e frustrante, indicava que a náusea era um efeito colateral comum ao iniciar o tratamento.
Os sintomas agravaram-se a ponto de ela precisar de emergência médica. Dois dias depois da aplicação, uma ambulância foi enviada para atendê-la. “Eles vieram até mim. Eu não conseguia comer ou beber e não mantinha nada dentro,” relatou. Ao comunicar aos médicos que seu vômito era preto, foi informada de que na verdade se tratava de sangue. “Eu estava apenas vomitando sangue. Pensei que iria morrer,” desabafou a mãe, que durante uma semana só conseguiu ingerir picolés de gelo para se manter viva. Ela voltou para casa após um dia, mas logo teve que retornar ao hospital devido ao aumento crítico de sua frequência cardíaca.
O veredicto médico foi claro: ela havia ingerido uma dose excessiva, cinco vezes maior que a recomendada. “Meus exames de sangue estavam fora dos padrões e meu fígado estava extremamente anormal. Acredito que o motivo de ter ficado tão mal foi porque tomei cinco dias de medicamento em uma única aplicação.” A revelação de que a dose correta deveria ser de 0,1 ml e não de 0,5 ml veio ao contatar outros influenciadores que, como ela, haviam promovido o produto, só tornando sua situação mais amarga. “Eles me fizeram tomar cinco vezes a quantidade,” indignou-se Lagden.
As injeções que ela recebeu eram uma versão de um medicamento chamado GLP-1, que inclui drogas conhecidas como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. O uso irresponsável de medicamentos para emagrecimento não é uma questão isolada. A FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) alertou que muitas pessoas têm apresentado sintomas de overdose a partir de alternativas não regulamentadas ao Ozempic, devido a doses caseiras e errôneas de semaglutida. Esse medicamento é aprovado para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade crônica, mas a popularidade pelo seu uso indiscriminado para emagrecimento está alarmando as autoridades de saúde.
Num contexto mais amplo, as injeções de semaglutida se tornaram alvo de uma crescente demanda e, como resultado, acabaram sofrendo com a escassez de medicamentos no mercado. Com o aumento na busca, versões falsificadas e alternativas compostas começaram a surgir, expondo os pacientes a riscos sérios à saúde. A FDA observa que em alguns casos, pacientes injetaram até 20 vezes mais do que a dose recomendada, pois esses medicamentos não passam por testes de segurança. Com total responsabilidade, a FDA recomendou que pacientes consultem profissionais de saúde ou farmacêuticos antes de medirem e administrarem a semaglutida.
Após essa experiência angustiante, Leigh-Anne fez um apelo àqueles que se encontram em situações semelhantes. “Eu nunca mais tomaria essas injeções. Aprendi minha lição e agora estou emagrecendo da maneira normal, indo à academia e malhando.” Além de sua trajetória de recuperação, ela oferece um conselho sincero: “Não sejam tão duros consigo mesmos. Eu pensava que estava acima do peso e precisava dessas injeções, mas, na realidade, eu tinha um tamanho saudável e normal.” Ao finalizar, a jovem mãe exorta: “Não pegue essas injeções de emagrecimento de estranhos na internet. Pesquise primeiro”.