Jovens empreendedores lançam aplicativo inovador para abordar questões financeiras
A inquietude financeira da Geração Z tem gerado discussões cada vez mais relevantes, especialmente entre jovens que buscam formas eficazes de entender e gerenciar seus recursos. Katrin Kaurov, uma modelo adolescente que conquistou a independência financeira em tenra idade, e Aleksandra Medina, sua colega da NYU Abu Dhabi, identificaram a ausência de um espaço saudável para que pessoas de sua faixa etária pudessem dialogar sobre bem-estar financeiro. Com um forte desejo de mudar essa realidade, as duas decidiram unir forças em 2021 para fundar a Frich, uma startup com sede na cidade de Nova Iorque que tem como objetivo oferecer uma comunidade social voltada para as finanças, adaptada às necessidades da Geração Z. O conceito por trás da Frich é claro: esse grupo de jovens está cansado das representações inautênticas de sucesso financeiro que predominam nas redes sociais, que frequentemente geram inseguranças e incertezas sobre sua própria situação financeira.
Em uma entrevista concedida ao veículo TechCrunch, Kaurov destacou a desconexão existente entre as mídias sociais e a realidade financeira dos jovens, afirmando que “a Geração Z não sabe o que fazer com o dinheiro”, revelando uma lacuna no entendimento financeiro em meio às falsas aparências. A proposta da Frich se baseia na criação de um ambiente acolhedor, onde os usuários podem fazer perguntas de forma anônima no aplicativo, buscando compreender melhor as realidades financeiras de seus pares, sem o temor de competir entre si. Por exemplo, um calouro universitário poderá descobrir quanto os outros, com formações e origens semelhantes, gastam com entretenimento, investimentos e aluguel. Questões que podem ser levantadas incluem, entre outras, a quantia que os jovens da mesma idade estão investindo e se os colegas recebem mesadas.
A capacidade da Geração Z de abordar diretamente assuntos financeiros é um ponto que transforma o comportamento deste grupo em comparação a gerações anteriores. Kaurov argumenta que essa disposição para a transparência favorece o diálogo aberto sobre realidades monetárias que antes eram tratadas com tabu, como quanto as pessoas realmente gastam e quais são suas pontuações de crédito. Além disso, a Frich se compromete a ajudar usuários que desejam melhorar sua situação financeira, utilizando os dados coletados para conectá-los com marcas financeiras relevantes. Medina ressalta que a startup funciona principalmente como um aplicativo de finanças orientado pela comunidade, com um enfoque personalizado para endereçar as falhas da indústria em atender às necessidades da Geração Z.
Desde seu lançamento no verão de 2021, o aplicativo conquistou mais de 100.000 usuários em todo o país, com seus principais mercados em Nova Iorque, Flórida e Texas. A Frich, que já está se aproximando de um faturamento recorrente anual de $1 milhão, utiliza um modelo de assinatura B2B. Sua receita provém de parcerias com bancos e marcas, sendo que as taxas cobradas variam conforme o parceiro. O diferencial da Frich em relação a outras fintechs está na sua abordagem de marketing mais tradicional, visitando campi universitários e utilizando embaixadores para divulgar sua plataforma, além de promover o aplicativo em redes digitais, como o TikTok.
A startup anunciou recentemente que levantou $2,8 milhões em uma rodada de financiamento inicial, liderada pela Restive Ventures, com a participação de outras instituições, como TruStage, K20 e Spartan Innovations. Os recursos obtidos têm sido direcionados para a contratação de pessoas-chave na equipe, incluindo um ex-funcionário da Bumble para liderar o crescimento e um ex-colaborador da Robinhood atuando no desenvolvimento de produtos. Cameron Peake, um dos parceiros da Restive Ventures, afirmou que a empresa acredita que a Frich possui uma capacidade única de compreender as nuances do comportamento da Geração Z em relação ao dinheiro, vislumbrando um grande potencial de crescimento.
Ainda que a Frich seja uma das várias fintechs visando o amplo mercado da Geração Z, o cenário competitivo continua a se intensificar. Recentemente, a Alinea Invest, um aplicativo de fintech voltado para mulheres da Geração Z, levantou $3,4 milhões em sua rodada de financiamento inicial. Outro exemplo é o Bloom, uma plataforma de investimento sem comissões que alcançou 1 milhão de downloads desde seu lançamento. Enquanto isso, o Onyx Private, um banco digital que atendia millennials e membros da Geração Z, decidiu encerrar suas operações bancárias e mudar seu modelo de negócios. Essas dinâmicas refletem a crescente demanda de soluções financeiras que falem diretamente às experiências e necessidades únicas da nova geração de jovens adultos.