A recente conferência Gateway Gulf, realizada em Bahrain, trouxe à tona as ambições econômicas do país, focando na transição para uma economia menos dependente dos combustíveis fósseis e mais diversificada. O ministro das Finanças e Economia Nacional, Shaikh Salman bin Khalifa Al Khalifa, destacou a importância da diversificação econômica em um discurso inspirador, ressaltando que a melhoria na saúde econômica dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) poderia beneficiar a todos na região. À medida que o Bahrain trilha esse caminho, inicia-se um período de grandes promessas e expectativas, refletindo tanto nas palavras do ministro quanto nos números que acompanham estas transformações.
Historicamente, a economia de Bahrain, como muitos outros países do Oriente Médio, foi fortemente alicerçada na produção de petróleo e gás. Em 2000, os recursos energéticos representavam 44% do PIB do país, uma proporção que agora caiu para meros 16%, destacando a urgência da diversificação econômica. Durante o evento, Al Khalifa enfatizou que o Bahrain sempre foi um centro de comércio na região, possuindo uma visão perspicaz sobre as dinâmicas globais. Atualmente, o país está se reposicionando como um “centro de serviços” para o GCC, desenvolvendo iniciativas que vão além dos setores tradicionais.
O evento Gateway Gulf não apenas serviu como uma plataforma para discussão, mas também resultou em acordos financeiros que somaram impressionantes $12 bilhões, abrangendo áreas como finanças, manufatura, imóveis e turismo. Esse foi um testemunho da crescente confiança dos investidores no potencial de inovação e diversidade da economia bahrainita, que se alinha também com a evolução do GCC como um todo. O crescimento econômico no GCC, uma união que inclui Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, está sendo progressivamente pautado pela diversificação e pelo aumento da atividade econômica em setores não relacionados ao petróleo. Segundo previsões do Banco Mundial, a economia do GCC deve crescer entre 3,6% e 3,7% em 2024 e 2025, com um potencial de atingir um PIB conjunto de $6 trilhões até 2050.
Projeções e esperanças no turismo e nas finanças
Para potencializar essa diversificação, diversas áreas estão sendo exploradas, com um foco particular em turismo e finanças. Dados recentes do governo indicam que os setores em crescimento no primeiro trimestre deste ano incluem serviços de acomodação e alimentação, finanças e seguros, comunicações e varejo. Um dos movimentos mais audaciosos do Bahrain foi a criação de um fundo de investimento em Bitcoin pelo Banco Nacional do Bahrain, mirando investidores institucionais e marcando um passo significativo para o reino no contexto do GCC. Além disso, um projeto de desenvolvimento à beira-mar, orçado em $427 milhões, visa revitalizar a costa de Bahrain com novas praias, restaurantes, hotéis e atrações aquáticas, incluindo um centro de exibições de $221 milhões, que será o maior do Oriente Médio.
No evento, o ministro do Turismo de Bahrain anunciou a construção de 16 novos hotéis que somarão mais de 3.000 quartos, um movimento inspirado no plano de recuperação pós-pandemia de $30 bilhões, que inclui a construção de cinco cidades offshore e infraestrutura projetada para atrair turistas. No entanto, o desafio se mantém. Analisando a questão, Steffen Hertog, professor associado de Política Comparativa na London School of Economics, destacou que, embora Bahrain esteja fazendo avanços na diversificação de sua economia, ele enfrenta uma concorrência acirrada de outros países do Golfo com recursos mais abundantes. Dubai, por exemplo, se consolidou como um centro regional de logística e turismo, enquanto Arábia Saudita intensificou seus esforços de diversificação.
De qualquer forma, Al Khalifa mantém uma perspectiva otimista, afirmando que o sucesso dos parceiros do GCC será de grande utilidade para Bahrain. “Todos nós estamos trabalhando juntos para aumentar a atividade econômica e expandir a economia como um todo. Essa maré crescente beneficiará todas as economias da região”, finalizou o ministro, inspirando esperança e ambição em um futuro onde Bahrain pode não apenas se sustentar, mas também brilhar no panteão das economias emergentes do Golfo.