Em um mundo em que a expectativa de vida continua a aumentar, muitos se questionam sobre como enfrentar as incertezas que vêm com o envelhecer: quanto tempo ainda haverá pela frente? A memória se manterá intacta? A saúde vai falhar? São questionamentos comuns, especialmente à medida que se aproxima a fase dos 50 anos. Debra Whitman, especialista em envelhecimento e vice-presidente executiva da AARP, sentiu na pele essas inquietações quando completou seu cinquentenário.

À procura de um tipo de manual que pudesse guiá-la neste novo capítulo da vida, Whitman percebeu que não havia, até aquele momento, um livro voltado especificamente para aqueles que desejam envelhecer de maneira saudável e feliz, semelhante ao que “O que Esperar Quando Você Está Esperando” faz para gestantes. Em sua busca, Whitman foi confrontada com a dura realidade de que muitos americanos estão vivendo mais, mas com isso surgem responsabilidades e preocupações que não podem mais ser ignoradas.

De acordo com dados do Pew Research Center, a população americana com 100 anos ou mais deve aumentar quatro vezes nas próximas três décadas, passando de 101 mil em 2024 para cerca de 422 mil em 2054. Esse fenômeno demográfico exige uma reflexão profunda sobre como lidar com a longevidade. Para abordar essas e outras questões, Whitman lançou seu livro, “O Segundo Cinquentenário: Respostas para as 7 Grandes Perguntas da Meia Idade e Além”. A obra se propõe a servir de guia, proporcionando insights valiosos sobre como planejar uma velhice saudável e significativa.

Recentemente, a autora compartilhou suas percepções sobre a felicidade no envelhecimento. Segundo uma pesquisa da AARP, a felicidade pessoal tende a aumentar com a idade. Surpreendentemente, as décadas de 40 e 50 são os períodos em que as pessoas relatam menos satisfação, enquanto 91% das pessoas acima de 70 anos se consideram felizes. Esse dado sugere que a sabedoria e a habilidade de valorizar o que se tem se acentuam com o tempo, mesmo diante de problemas de saúde. Whitman acredita que, mesmo na adversidade, a maioria das pessoas ainda se considera saudável.

Entretanto, um dos maiores temores associados ao envelhecimento é a possível perda cognitiva e o desenvolvimento de demência. Embora metade dos americanos tenha essa preocupação, apenas 15% das pessoas na faixa dos 70 anos apresenta algum grau de comprometimento cognitivo. Afinal, é mais comum a percepção de que todos irão perder a memória do que a realidade observada nas evidências. A autora enfatiza que o que realmente pode ajudar a prevenir ou retardar a demência, e melhorar a saúde geral, são hábitos saudáveis. Exercícios regulares, alimentação balanceada, controle de peso e a evitação do tabagismo e do consumo excessivo de álcool foram apontados como algumas das chaves para uma vida mais longa e saudável.

A prática de um único bom hábito pode aumentar a expectativa de vida em até dois anos, enquanto cinco hábitos saudáveis podem adiantar em até 14 anos a longevidade feminina e em até 12 anos a masculina. Essa é uma ótima maneira de prevenir doenças neurodegenerativas, com uma redução de até um terço no risco de demência. Portanto, não só as ações físicas, mas também a mentalidade em relação ao envelhecimento são fundamentais. Uma visão otimista sobre essa fase da vida pode agregar até sete anos à expectativa, além de prevenir doenças como AVC e infarto. É o equivalente a encontrar uma poção mágica que faz bem à saúde!

Por fim, a importância da comunidade e das conexões sociais é um tema recorrente na discussão sobre envelhecimento saudável. O Dr. Robert Waldinger, que lidera o Estudo de Desenvolvimento Adulto de Harvard, observa que a qualidade das relações, laços familiares e a ligação com a comunidade são determinantes para a saúde das pessoas que alcançam uma velhice saudável. A solidão e a socialização precária são comparáveis ao hábito de fumar 15 cigarros por dia e podem reduzir a expectativa de vida em até 15 anos. Portanto, cultivar relações deve estar no topo da lista de prioridades.

Portanto, ao adentrar no seu Segundo Cinquentenário, Whitman não só se propõe a ajudar os outros a traçar um caminho para uma velhice mais feliz e saudável, mas também oferece uma reflexão sobre como cada um pode moldar essa etapa da vida. Com preparação e atitude correta, é possível transformar o que muitos veem como um período de declínio em uma fase próspera e enriquecedora. Afinal, o que parece ser o fim para alguns pode ser, na verdade, um novo começo para muitos.

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