O dia 7 de novembro assinalou um momento significativo para a indústria cinematográfica de Hollywood, coincidente com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. Em uma declaração contundente, o chefe da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, se dirigiu a Wall Street com uma mensagem clara: o ambiente de negócios está aberto para um frenesi de fusões e aquisições, e Hollywood deve estar preparada para essa mudança. O que isso realmente significa? Prepare-se, porque a turbulência no setor promete ser intensa.
Zaslav enfatizou a necessidade de uma reconfiguração das dinâmicas existentes em um setor de entretenimento que está experimentando uma “disrupção geracional”. Ele enfatizou que a nova administração poderia proporcionar um ritmo de mudanças e uma oportunidade de consolidação que seria substancialmente diferente do que foi observado anteriormente. Para Zaslav, essa transição poderia ter um impacto positivo acelerado que a indústria tanto necessita.
Esse sentimento de transformação foi corroborado por outros líderes do setor. Perry Sook, CEO da Nexstar, um dos gigantes da TV, manifestou sua intenção de aproveitar as oportunidades de fusão e aquisição, afirmando que há um valor a ser criado para os acionistas através da consolidação. Da mesma forma, Chris Ripley, executivo-chefe da Sinclair, também expressou otimismo, mencionando uma percepção crescente de que o “nuvem sobre a indústria está se dissipando”, especialmente com a possibilidade de uma modernização das regulamentações.
O fervor nas salas de reuniões corporativas parece sinalizar que a nova administração, mais alinhada ao setor empresarial e menos presa à ideologia antitruste do governo Biden, poderia liberar um novo potencial para negócios, especialmente diante de um mercado que vem lutando sob o peso da concorrência e das regulamentações rígidas. Já se passou um bom tempo desde que os titãs da mídia puderam movimentar-se com a liberdade necessária para reviver seus negócios em declínio.
As megafusões e aquisições não são uma novidade no setor. A ascensão da Disney, que absorveu marcas icônicas como Pixar e Marvel, deixou um legado que muitos aspiram replicar. Contudo, a grande questão que paira no ar é se o clima atual é verdadeiramente favorável a uma nova era de aquisições e fusões. O CEO da Sony, Tony Vinciquerra, não hesitou em prever um cenário caótico para os próximos anos, com uma enxurrada de fusões, falências e vendas, onde somente os maiores sobreviventes conseguirão emergir ilesos após as montanhas de dívidas que se acumulam.
O clima para fusões e aquisições, impulsionado pela possibilidade de um governo mais amigável aos negócios, leva os líderes do setor a acreditar que um novo ciclo de consolidação pode estar à vista. David Zaslav, observando as tendências atuais, tem uma visão otimista sobre o futuro das grandes operações no setor, mas não ignora os desafios que ainda persistem dentro do jogo corporativo.
Sob a nova administração de Trump, é previsto que as barreiras que antes dificultavam as fusões sejam reduzidas ou removidas. Historicamente, as ações antitruste se intensificaram sob a liderança de Biden e suas iniciativas para restringir fusões e aquisições de grandes corporações. Alterações na liderança da Comissão Federal de Comércio (FTC) e a mudança nas diretrizes das fusões são esperadas para facilitar um ambiente mais receptivo a acordos comerciais e, por conseguinte, reestruturar significativamente o setor de entretenimento.
Zaslav, por exemplo, acredita que o esboço de um “novo cenário” nas regras de fusão poderá permitir a reintegração de empresas que antes eram vistas como grandes concorrentes, criando uma nova realidade. As ramificações disso podem ser significativas: novos modelos de negócios, acesso a novas tecnologias e, talvez o mais importante, um grupo diverso de conteúdos sendo produzido – algo que poderia revitalizar um setor que sente pressão da competição com empresas de tecnologia, como Google e Amazon que dominam a distribuição de conteúdo.
No entanto, a questão não é apenas sobre os benefícios das fusões. Para muitos funcionários da indústria, a consolidação é uma faca de dois gumes. Muitos trabalhadores acreditam que a centralização pode prejudicar condições de trabalho e reduzir a competitividade do setor. O membro da Writers Guild of America, Adam Conover, expressou a opinião de que “as fusões são prejudiciais aos trabalhadores. Period.”, o que ilustra o sentimento prevalente entre aqueles que se preocupam com o futuro do que pode resultar dessa onda de fusões.
Em síntese, enquanto o setor cinematográfico se prepara para enfrentar um novo ciclo de fusões e aquisições sob a égide de uma administração mais amigável, os debates em torno das implicações para os trabalhadores e a estrutura do mercado continuam. O futuro do entretenimento deve ser moldado por esses novos arranjos e o impacto disso na criação e distribuição de conteúdo poderá criar desvios significativos das tradicionais narrativas sobre quem realmente controla os meios de produção.