No dia 5 de novembro de 2024, foi anunciado que o Dr. Edwin Kim, diretor da Iniciativa de Alergia Alimentar da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte (UNC), foi agraciado com um subsídio de $1 milhão. Este financiamento será utilizado para conduzir um estudo pioneiro que busca investigar a viabilidade e a segurança do tratamento de alergias a múltiplos nozes em crianças, utilizando uma abordagem chamada imunoterapia sublingual. A alergia a nozes é uma condição preocupante, especialmente entre a população infantil, com cerca de 8% das crianças nos Estados Unidos afetadas por alguma forma de alergia alimentar, destacando-se as alergias a nozes como as mais comuns e severas.

A técnica de imunoterapia sublingual (SLIT), que consiste em administrar uma pequena quantidade de proteína alimentar em forma líquida sob a língua para que seja absorvida pelo sistema imunológico, mostrou resultados promissores no tratamento da alergia ao amendoim, um tipo de legume. Pesquisas anteriores no mesmo centro demonstraram que a maioria das crianças com menos de quatro anos de idade pode ser totalmente dessensibilizada ao consumir até 15 amendoins sem apresentar sintomas alérgicos. O mais impressionante é que aproximadamente metade das crianças manteve essa proteção mesmo após a interrupção do tratamento por três meses, evidenciando a durabilidade da resposta imunológica gerada. Contudo, os pesquisadores observam que as opções de tratamento para alergias a nozes estão defasadas em comparação com as alergias ao amendoim.

Com o intuito de suprir essa lacuna, o Dr. Kim será o investigador principal de um estudo de três anos intitulado “Avaliação do potencial de dessensibilização reativa cruzada e remissão com imunoterapia sublingual a nozes”. Este estudo se concentrará em crianças de 1 a 11 anos que apresentam alergia a nozes e busca entender como a SLIT pode ser aplicada a diversas alergias simultaneamente. Estima-se que cerca de 50% das crianças com alergia a nozes sejam alérgicas a múltiplos tipos de nozes, e aquelas com mais alergias têm menor probabilidade de superá-las ao longo do tempo. A abordagem de tratar múltiplas alergias simultaneamente representa um grande desafio e pode acarretar riscos adicionais.

O Dr. Kim enfatiza que a segurança observada na imunoterapia sublingual para a alergia ao amendoim, uma das mais severas, torna-a uma candidata ideal para o tratamento de múltiplas alergias a nozes. Os pesquisadores acreditam que a SLIT para nozes apresentará resultados tanto seguros quanto eficazes na dessensibilização de crianças com alergias a um único tipo de noz ou a múltiplas nozes ao mesmo tempo. Dados recentes sugerem que a incidência de alergia ao caju é comparável à alergia ao amendoim; por isso, o estudo irá focar em participantes com alergia ao caju, seja isoladamente ou em combinação com a alergia à noz-pecã. Além disso, pesquisas anteriores indicam uma forte reatividade cruzada entre alergias ao caju e ao pistache, assim como entre a noz-pecã e a noz-pecã; portanto, o estudo também explorará se a imunoterapia com caju e noz-pecã poderia ser eficaz na dessensibilização contra pistache e noz-pecã, respectivamente.

Este estudo será, portanto, o primeiro a abordar a viabilidade e a segurança do tratamento simultâneo de múltiplos alérgenos alimentares com a SLIT. Ademais, será a primeira pesquisa que aplica a SLIT especificamente para alergias ao caju e à noz-pecã, além de investigar o potencial de dessensibilização cruzada com esta abordagem inovadora. O Dr. Kim acredita que, ao demonstrar a eficácia em relação a alimentos além do amendoim e em múltiplos tipos de alimentos simultaneamente, associado à simplicidade e segurança da SLIT, haverá um alto potencial para que esse método seja amplamente implementado na prática clínica.

Esse avanço é especialmente relevante considerando a crescente prevalência de alergias alimentares entre crianças, um assunto que tem gerado preocupações tanto no âmbito da saúde pública quanto nas famílias afetadas. O trabalho incentivado pelo subsídio de $1 milhão representa um passo significativo em direção a melhores tratamentos e qualidade de vida para as crianças que enfrentam essas desafiadoras condições alérgicas.

Este é um momento crucial para a pesquisa em alergias alimentares, e o entusiasmo em torno dos potenciais resultados desse estudo é palpável. À medida que a ciência avança, a esperança é que possamos oferecer não apenas tratamentos mais eficazes, mas também a possibilidade de um futuro onde as alergias alimentares possam ser gerenciadas com segurança e eficácia.

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