Após uma década interpretando a icônica Claire Dunphy na célebre série “Modern Family”, a atriz Julie Bowen agora se aventura por um papel dramaticamente diferente na nova produção da Peacock, intitulada “Hysteria!”. Enquanto muitos a reconhecem como a típica mãe suburbana, Bowen afirma que sua mais recente atuação desafia essa típica representação feminina, revelando facetas que vão muito além do que o público costuma associar a suas personagens anteriores.
Em uma entrevista, Bowen compartilhou seus sentimentos sobre ter sido caracterizada predominantemente como mãe em vários papéis. “Na verdade, não me importo”, declarou a atriz. Ela destacou seu apreço pelo trabalho que fez em “Modern Family”, explicando que se considera sortuda por ter vivido essa experiência tão gratificante. “Se Claire Dunphy fosse o último trabalho que eu tivesse, poderia dizer que vivi uma boa vida”, refletiu. No entanto, “Hysteria!” trouxe um novo desafio, apresentando uma trama que se aprofunda em questões perturbadoras e intrigantes. A série aborda a chamada “pânico satânico” dos anos 80, um tema que imerge em teorias da conspiração e histeria coletiva.
No desenrolar da história, a personagem de Bowen, Linda Campbell, expõe uma dualidade intrigante que não é a típica figura materna que os fãs podem esperar. “Li o piloto e pensei: ‘Estou bem. Não preciso fazer mais um, apenas uma mãe'”, revelou ela. Contudo, ao final do episódio piloto, revela-se que algo terrivelmente errado está acontecendo com sua personagem, deixando o público na dúvida sobre sua sanidade: “Ela está possuída pelo demônio ou simplesmente enlouquecida?”, questiona a atriz. Essa ambiguidade foi um dos fatores que a atraíram para o papel, uma vez que representa uma oportunidade de explorar emoções complexas e uma narrativa que não se resume ao estereótipo da mãe suburbana.
Um olhar sobre a histeria coletiva e sua relevância nos dias atuais
Bowen também destacou que a temática da série é especialmente pertinente no contexto atual, onde muitos se encontram presos em “bolhas de notícias”. A narrativa segue um grupo de adolescentes em uma pequena cidade que, imersos em uma onda de pânico satânico, formam uma banda de metal. “Matthew Scott King, que escreveu isso, explicou que o enredo reflete a maneira como as informações se espalham em nossos dias”, disse. O que foi uma preocupação nos anos 80 com rumores e desinformação agora se torna ainda mais complexo na era digital, onde algoritmos alimentam a percepção e reforçam crenças pré-existentes.
A referência ao passado é uma ferramenta poderosa nesse contexto. Bowen lembra da época da histeria satânica, em que boatos sobre músicas de bandas como Slayer e Megadeth provocavam temores sem fundamento: “Se você tocar esse disco para trás, algo assustador acontecerá”, ela recorda, com uma pitada de humor. “Na verdade, eu estava mais preocupada em brincar de cavalo no quintal do que com essas teorias do terror.” A série, assim, também serve como um convite à reflexão sobre como reações emocionais em massa podem gerar consequências perigosas, ressaltando a história de como rumores infundados podem destabilizar comunidades.
O futuro e novos desafios em Hollywood para atrizes mais velhas
Além de “Hysteria!”, Julie Bowen está ocupada filmando a sequência de “Happy Gilmore” junto de Adam Sandler, enquanto também se dedica à produção de outros projetos. Quando questionada sobre as mudanças na representação de papéis para mulheres mais velhas em Hollywood, Bowen comentou que existem algumas exceções inspiradoras, citando Jodie Foster como ícone e modelo a ser seguido. “Ela é minha heroína”, expressou Bowen. Contudo, ainda observa que suas colegas de profissão parecem ‘muito jovens’ e lutam para serem reconhecidas em papéis que reflitam suas experiências reais. A atriz relembra que, em uma ocasião, perdeu um papel quando os produtores afirmaram que buscavam alguém “mais velha”, mas se perguntava como isso poderia ser verdade ao olhar para a atriz escolhida, notando seu aspecto juvenil.
Atualmente, “Hysteria!” já está disponível para streaming na Peacock, oferecendo ao público uma nova perspectiva sobre a atuação de Julie Bowen e um enredo que, além de entreter, provoca importantes reflexões sobre a sociedade e a natureza humana.