Recentemente, o Qatar aceitou a solicitação dos Estados Unidos para expulsar o Hamas de seu território, encerrando meses de tentativas frustradas para que o grupo militante, cujos líderes residem na capital do país, Doha, aceitassem um cessar-fogo e um acordo de liberação de reféns no contexto da guerra entre Israel e Hamas. Fontes dos EUA e do Qatar confirmaram essa decisão, o que marca um ponto significativo na dinâmica do conflito.

As negociações para uma pausa no conflito, que se tornaram uma prioridade para o presidente dos EUA, Joe Biden, estavam estagnadas quando oficiais norte-americanos, há cerca de duas semanas, comunicaram aos seus pares do Qatar que a proteção ao Hamas não poderia mais ser tolerada em Doha. O Qatar concordou com essas condições e deu aviso ao Hamas sobre sua expulsão na semana passada, conforme reportado por fontes próximas ao assunto.

Um alto funcionário da administração americana declarou que o Hamas é um grupo terrorista responsável pela morte de americanos e que continua mantendo cidadãos norte-americanos como reféns. Ele enfatizou que, após rejeitar repetidas propostas para a liberação de reféns, os líderes do Hamas não deveriam mais ser bem-vindos capitais de qualquer parceiro dos Estados Unidos.

Ao longo dos meses em que a guerra prosseguiu, os oficiais dos EUA solicitaram repetidamente ao Qatar que utilizasse a ameaça de expulsão como uma forma de pressão em suas conversas com o Hamas. O estopim final para o Qatar concordar com a expulsão do grupo veio após a morte do refém americano-israelense Hersh Goldberg-Polin e a rejeição do Hamas a mais uma proposta de cessar-fogo. Tais eventos reafirmaram a urgência e a necessidade de ação sobre o tema.

O Qatar, que tem desempenhado um papel crucial nas negociações para um cessar-fogo no conflito, se vê agora em uma posição delicada, já que líderes do Hamas estão baseados no país e importantes discussões sobre acordos têm sido realizadas em sua capital. Assim, a decisão de expulsar o Hamas não é vista apenas como uma resposta a pressões externas, mas também como parte de um complexo jogo diplomático na região, onde o Qatar tenta equilibrar suas relações com diferentes grupos e países.

Entretanto, ainda não está claro quando os operativos do Hamas serão exilados do Qatar e para onde irão. Um funcionário dos EUA afirmou que o grupo não recebeu um prazo longo para deixar o país, e embora a Turquia possa ser vista como uma opção para onde o Hamas poderia se refugiar, essa possibilidade não seria bem aceita pelos Estados Unidos – o que justifica o desejo de não ver a liderança do Hamas garantida em Doha. Assim, o cenário político continua a se desenrolar em meio a incertezas.

Além disso, vale ressaltar que, no início deste ano, o Departamento de Justiça dos EUA apresentou acusações contra vários líderes seniores do Hamas em decorrência do ataque terrorista ocorrido em 7 de outubro contra Israel. Entre os acusados, pelo menos um, Khaled Meshaal, é acreditado estar residindo no Qatar, o que adiciona uma camada adicional de complexidade às já tensas relações internacionais.

Em uma declaração anterior, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, havia orientado o Qatar a notificar o Hamas sobre as consequências da contínua recusa do grupo em concordar em interromper a guerra em Gaza, alertando que a falta de cooperação poderia resultar na expulsão de Doha. Assim, a pressão sobre o Hamas continua a aumentar, e a posição do Qatar, que sempre foi um território de refúgio, enfrenta um teste desafiador no novo cenário geopolítico.

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