A atual situação humanitária em Gaza é alarmante, com dados recentes preocupantes divulgados por diversas agências das Nações Unidas. Estas organizações têm reiterado a gravidade da crise que se desenrola, enfatizando que mais de um ano de operações militares israelenses resultou em um número alarmante de vítimas civis. Segundo o relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU (OHCHR), cerca de 70% dos mortos no conflito são mulheres e crianças, evidenciando uma potencial violação sistemática dos princípios fundamentais do direito internacional humanitário.
No primeiro semestre do conflito, o OHCHR coletou e analisou dados sobre as fatalidades em Gaza, destacando que entre os mortos, aproximadamente 80% foram atingidos em edifícios residenciais. O relatório observou que 44% dessas perdas foram de crianças e 26% de mulheres, o que aponta para um padrão alarmante e uma demonstração preocupante de indiferença por parte das forças armadas em relação às vidas civis. O relatório critica a continuidade desses ataques, sugerindo que há uma clara falta de consideração pelas consequências letais das táticas empregadas.
Volker Türk, chefe de Direitos Humanos da ONU, afirmou que o número crescente de civis mortos está diretamente ligado à falha em respeitar princípios básicos do direito internacional humanitário, como os princípios de distinção e proporcionalidade nas operações militares. Além disso, o padrão estabelecido de civis, incluindo bebês e crianças pequenas, sendo mortas em situações de combate não pode ser ignorado, uma vez que persiste um ano após o início do conflito.
Correndo lado a lado com a questão das fatalidades, a UNICEFF também se manifestou, relatando que a situação das escolas em Gaza se deteriorou rapidamente. Pelo menos 64 ataques contra instituições escolares foram registrados no mês anterior, resultando em aproximadamente 128 mortes, muitas delas de crianças. As estimativas mais recentes indicam que quase metade desses ataques ocorreram no norte de Gaza, onde o bombardeio intenso e a escassez de ajuda humanitária colocam as crianças em uma situação de extrema vulnerabilidade.
O ambiente humanitário é ainda mais precário, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertando sobre a iminente fome no norte da faixa de Gaza. Um relatório indicou uma forte possibilidade de que a fome já esteja atravessando os limiares críticos, com a desnutrição e a mortalidade em aumento vertiginoso. Os dados mostram que o preço dos alimentos no território aumentou em impressionantes 312% desde o início do conflito, tornando a sobrevivência diária uma luta desesperadora para a população.
Os números referentes à entrada de ajuda humanitária em Gaza também são alarmantes. A média de caminhões de ajuda adentrando o território caiu drasticamente, passando para apenas 58 por dia no final de outubro, comparados aos cerca de 500 antes do início do conflito. O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS, descreveu a situação como “profundamente alarmante”, pedindo uma intensificação imediata do acesso humanitário, priorizando a entrega de alimentos e medicamentos.
Em meio a essa crise, a resposta do governo israelense ao relatório do OHCHR permanece pendente, acrescentando mais uma camada de complexidade ao já intricado cenário político e humanitário da região. Diante de todos esses dados e declarações, fica o apelo urgente para que a comunidade internacional não apenas observe, mas que também aja imediatamente para aliviar o sofrimento das populações civis, especialmente mulheres e crianças, que atualmente são as mais afetadas por essa devastadora situação em Gaza.