No dia anterior ao seu 83º aniversário, Morgan Perigo recebeu um pacote inesperado em sua casa que mudaria sua percepção sobre o que se pode considerar como histórias do passado. Dentro do embrulho estava seu anel de formatura da McMaster University, perdido no oceano em 1977. O que 47 anos podem ensinar sobre a perda, a esperança e a beleza de reencontros? Essa narrativa, que poderia ter sido apenas mais uma deixa na areia do tempo, tomou vida novamente com a dedicação de um mergulhador e a teimosia da memória.
O pacote era uma iniciativa de Alex Davis, um mergulhador profissional e pescador que, neste tempo de baixa no turismo em Barbados, decidiu utilizar sua paixão por explorar o fundo do mar. A história começa em um dia aparentemente comum; porém, a passagem do Furacão Beryl havia mexido com a areia e as rochas em áreas que costumavam ser belas praias, tornando o fundo do mar mais acessível e, quem sabe, mais revelador de segredos submersos já esquecidos. Sem saber que sua exploração o levaria a um encontro inusitado, Alex foi atraído pelas webcams que mostraram mudanças notáveis no local.
Equipado com um detector de metais, Alex buscava por tesouros ocultos que possam ter sido expostos pela tempestade. Inicialmente, encontrou uma coleção de objetos comuns, como tampas de garrafa e moedas antigas. No entanto, ao perceber que algumas das moedas eram da década de 1970 e 1980, Alex começou a suspeitar que estava em um local rico em história. O som do seu detector mudou, emitindo um tom que indicava a presença de ouro, e assim ele começou a escavar.
O que Alex encontrou foi um anel com uma pedra vermelha escura, que acabou revelando-se intacto, sem corrosão, e com a marca de um joalheiro, indicando que era feito de ouro puro. Quando ele emergiu das águas e ampliou a gravação do anel, descobriu as inscrições “McMaster University 1965” e as iniciais “FMP”. A partir daí, um plano começou a tomar forma na mente do mergulhador: havia informações suficientes para tentar localizar o dono.
A caçada pelo proprietário do anel perdido
Alex imediatamente acessou o site da McMaster University e enviou um e-mail para o departamento de alumni, descrevendo seu achado e a informação que poderia ajudar na identificação do antigo proprietário. Helen McQuigge, diretora de engajamento de ex-alunos, relata que solicitações para reconectar antigos amigos são comuns, mas esse pedido se destacou pelo seu caráter especial. Após receber o e-mail de Alex, ela rapidamente recorreu ao coordenador de reuniões da universidade para tentar localizar quem poderia ser identificado como FMP.
A busca rapidamente se concentrou em Frederick Morgan Perigo, mais conhecido como Morgan, que, para alegria da equipe da universidade, ainda mantinha suas informações atualizadas. O que poderia ter sido apenas uma anedota do passado tomou forma com notícias empolgantes: o anel havia sido encontrado e Morgan seria notificado imediatamente. AUniversidade entrou em contato com Perigo, que ficou estupefato ao ouvir que o seu anel havia sido recuperado após tantos anos.
Em 1977, durante uma viagem à Barbados, Morgan teve seu anel arrancado de seus dedos. Na ocasião, ele se lembrava de como um dia ensolarado na praia se tornou um momento tenso quando uma onda derrubou seu filho. Ao puxá-lo para fora da água, o anel escorregou, e Morgan logo perdeu a esperança de reencontrá-lo. A descoberta nas profundezas nada mais era do que um milagre em forma de anel, que chegou em um momento perfeito em sua vida.
O anel chegou na hora certa
Após a descoberta, a equipe de alumni da universidade compartilhou as informações de contato de Perigo com Alex. Após o contato entre os dois, Morgan expressou sua gratidão e contou a história de como havia perdido o anel. Para aumentar a narrativa já rica, a coincidência de que o achado ocorreu semanas antes de seu aniversário de 83 anos deixou Alex em extase: “Foi como se essa história não pudesse ficar melhor. Não só encontramos o anel depois de 47 anos, mas também o fizemos antes do aniversário dele”.
Davis, tendo entendido a importância do anel perdido por tantas décadas, rapidamente preparou um envio expresso via FedEx para garantir que ele chegasse a tempo. A história inusitada transformou-se não apenas em um reencontro com um objeto perdido, mas também em uma reafirmação do que significa para alguém manter um pedaço tão significativo do passado vivo. Morgan, que poderia ter considerado o anel como perdido para sempre, agora levava consigo novamente uma parte de sua história.
A ligação entre passado e presente foi solidificada por meio de um simples ato de bondade e mas, acima de tudo, pela persistência da memória. “Em 1965 ele ganhou o anel e ainda o usava em 1977, então isso mostra que realmente significava muito para ele na época”, enfatiza McQuigge, refletindo sobre a importância do significado de objetos que nos conectam a momentos e pessoas queridas.
Essa experiência não apenas satisfez a curiosidade de Alex sobre o oceano, mas também reafirmou sua crença na importância de conectar origens e memórias com os presentes e as vontades do dia-a-dia. Ao final da história, o que devemos lembrar é que, mesmo após décadas, algumas coisas e pessoas estão sempre à espera de um reencontro. Agora, quem sabe, Alex ficará de olho atenta no fundo do mar na esperança de encontrar outroadnsolérrimo.