A recente ascensão de Donald Trump à presidência gera um turbilhão político nos Estados Unidos, especialmente entre os governadores e procuradores gerais democratas que estão começando a estruturar uma nova “Resistência 2.0”. Em um período já repleto de tensões e desafios, esses líderes estaduais estão se comprometendo a proteger as políticas progressistas em seus estados, diante das expectativas de uma administração que promete ser conservadora e radicalmente diferente das que a precederam. A retórica se intensificou com promessas de novas legislações e batalhas judiciais, à medida que se intensificam os preparativos para resistir às mudanças que Trump poderá implementar, especialmente em questões que vão desde direitos reprodutivos até a mudança climática.
O clima político já está aquecido. Apenas alguns dias após a eleição, Trump começou a responder às iniciativas dos governadores democratas, o que revela um cenário promissor e cheio de desafios de litígios, desafios regulatórios e batalhas políticas que começam a surgir à medida que 2025 se aproxima. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, tomou uma iniciativa proativa convocando uma sessão especial do Legislativo estadual para este ano, cujo objetivo é proteger as políticas progressistas da Califórnia diante da gestão que se aproxima, particularmente nas áreas de direitos ao aborto eenciamento climático. Newsom, em um tom decidido, afirmou: “As liberdades que prezamos na Califórnia estão sob ataque — e não vamos ficar parados”.
A resposta de Trump não tardou a chegar, onde em uma publicação no Truth Social ele criticou Newsom, chamando-o de “Newscum” e alegando que a situação de sem-teto e os preços dos alimentos na Califórnia estão fora de controle. Trump declarou que exigirá mudanças nas leis eleitorais do estado, tais como a exigência de identificação do eleitor e comprovação de cidadania. Este embate inicial entre Trump e as lideranças democratas reflete uma luta mais ampla pela identidade e pelos valores que cada lado representa. Os governadores de estados majoritariamente democratas, como Illinois, Massachusetts e Nova York, estão se unindo e prometendo resistência frente às políticas que consideram prejudiciais.
Com a ascensão de Trump, a luta interna dentro do Partido Democrata também se intensifica, refletindo uma espécie de autoanálise em busca de estratégias que não apenas reconquistem a confiança do eleitorado, mas também inspirem uma recuperação significativa frente ao adversário no futuro. O desempenho eleitoral de Kamala Harris na recente eleição levantou muitas questões sobre a direção do partido e sua capacidade de competir com um Trump reemergente. Enquanto isso, os governadores ambiciosos que passaram a contestar o domínio de Harris na liderança do partido vislumbram a oportunidade de se destacar, e possivelmente, prepararem-se para uma corrida presidencial em 2028.
Não é uma competição pelos holofotes, mas um estágio tático onde os governadores democratas, como J.B. Pritzker de Illinois, estão se preparando para possíveis políticas de Trump. Pritzker fez questão de afirmar que protegerá as mulheres que viajam para Illinois em busca de aborto e defenderá as regulamentações ambientais. Além disso, ele está disposto a tomar medidas legais caso Trump suspender subsídios federais aos estados que não cooperarem com suas medidas de deportação. “Se você vem para meu povo, vem através de mim,” disse Pritzker, ecoando sentimentos de muitos outros líderes estaduais que estão prontos para proteger seus cidadãos contra expectativas impostas de um governo federal conservador.
sinais de um tom menos combativo por alguns líderes
No entanto, há aqueles entre os governadores democratas que abordam a situação de maneira menos confrontacional. O governador de Maryland, Wes Moore, por exemplo, enfatizou a interconexão entre seu estado e o governo federal, tendo em vista que o governo é o maior empregador da região. “Estamos prontos para resistir ao novo governo da Casa Branca quando necessário, mas onde podemos encontrar um terreno comum, faremos isso,” afirmou Moore. Esta abordagem mostra que nem todos os líderes democratas estão dispostos a partir para o embate direto e estão abertos a possibilidades de colaboração.
Em uma nota similar, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, expressou esperança para que Trump use seu cargo para unir as pessoas, enfatizando a necessidade de se concentrar no que realmente importa. Por outro lado, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, reiterou seu compromisso com as liberdades que jurou proteger, mas também mencionou o momento de governar e trabalhar em busca de compromissos. Ele destaca a importância de uma abordagem equilibrada, mesmo em tempos de intensa divisão política. Enquanto isso, o governador de Minnesota, Tim Walz, colocou sua disposição em aceitar que o governo Trump respeite as decisões estaduais, mas permaneceu firme em sua defesa dos direitos ao aborto, mudanças climáticas e regulamentações de armas nas escolas.
uma análise dos resultados eleitorais de 2024
A análise dos resultados eleitorais de 2024 também suscita um debate interno entre os democratas sobre como proceder diante das dificuldades que surgiram nas eleições. Enquanto Harris perdeu, várias políticas liberais venceram em iniciativas locais, mostrando que a luta pela defesa dos direitos da mulher e aumento do salário mínimo tem apoio popular. O governador de Kentucky, Andy Beshear, que venceu por uma margem significativa, enfatizou que a solução não está apenas na comunicação, mas em focar intensamente nas questões que afetam diretamente a vida diária dos cidadãos. Ele sugere que os democratas devem centrar suas campanhas em questões práticas e tangíveis que realmente importam para os eleitores.
A insistência de que a capacidade de ressoar com as preocupações do eleitorado deve ser a principal prioridade é um sentimento compartilhado entre os líderes, e todos concordam que o foco deve ser a transformação da retórica em ações concretas. A derrota de Harris, que centrou sua campanha na proteção da democracia, ressoou entre aqueles que sentiram que era imperativo convencer os eleitores de que o partido está genuinamente focado em suas necessidades cotidianas. À medida que o próximo ciclo eleitoral se aproxima, os democratas se vêem em um momento crucial para redefinir sua mensagem e fortalecer sua atuação em um cenário político que promete ser desafiador.