Os recentes dias que antecederam as eleições de 2024 revelaram um panorama intrigante de como os americanos perceberam as campanhas presidenciais, particularmente as messagens que circularam sobre Donald Trump e Kamala Harris. Um levantamento empreendido pelo projeto The Breakthrough, da CNN, esclareceu que, enquanto Trump estava associado a palavras marcantes e até polêmicas, a narrativa em torno de Harris carecia de substância, apresentando uma abordagem mais genérica. Essa discrepância sugere que, embora ambos os candidatos estivessem sob o olhar atento da mídia e do público, suas campanhas foram percebidas de maneiras radicalmente diferentes.

Durante os últimos dias anteriores à votação, uma pesquisa realizada entre 1 e 4 de novembro destacou o termo “garbage” como o mais associado à campanha vitoriosa de Trump. Esse feedback estava ligado a uma série de incidentes, incluindo piadas feitas durante um comício em Madison Square Garden, comentários controversos do ex-presidente comparando os EUA a um “lixo” mundial, além de uma famosa conferência de imprensa realizada de dentro de um caminhão de lixo, onde ele se vestia com um colete de segurança. Essa série de eventos criou, em parte, uma imagem tão negativa e provocativa que a tração de sua mensagem se tornou quase icônica.

Por outro lado, o que se repetia a respeito da campanha de Harris eram termos muito mais genéricos. Os apoiadores dela pareciam engajados, mas sem uma mensagem de campanha tão impactante aos olhos do público. As palavras mais frequentemente associadas a Harris em seu último esforço foram “campanha”, “rally” e “anúncio”. Essa falta de uma narrativa forte e clara pode ter contribuído para uma percepção mais morna e menos emocionante de sua candidatura.

Além disso, o que os cidadãos recordavam no período final da campanha ressoou de maneiras distintas. No último levantamento, “garbage truck” foi a frase mais utilizada em relação a Trump, enquanto “classe média” foi a expressão associada a Harris. Os dados revelaram que a frequência de menções a Trump era, de fato, duas vezes superior à de Harris, refletindo uma escassez de consenso ao redor da narrativa que cercava a vice-presidente. Isso sugere que a possibilidade de uma “contagem de histórias” atraente sobre Harris não se estabeleceu como um pilar central entre os eleitores.

Digamos que, se um visual da campanha fosse um filme, o do Trump poderia muito bem ser um thriller de ação, com reviravoltas a cada esquina, enquanto o da Harris se assemelharia a um drama lento, onde as nuances não capturaram a atenção do público. O projeto de pesquisa, que utilizou dados da SSRS e Verasight, em colaboração com equipes de Georgetown University e University of Michigan, não apenas registrou o que os eleitores estavam ouvindo, mas também refletiu a tonalidade das narrativas. Um aspecto crucial dessa análise foi que, ao passo que Harris começou com uma imagem mais positiva, essa vantagem desapareceu à medida que a campanha avançava.

No que diz respeito ao sentimento da campanha, mesmo os independentes, que tipicamente estão no meio do espectro político, expressaram percepções mais negativas em relação a Trump ao longo da campanha. Eles inicialmente apresentaram visões relativamente neutras sobre Harris, no entanto, essa perspectivas foi caindo ao longo do tempo, especialmente à medida que se aproximavam das eleições, o que poderia indicar uma deterioração de sua imagem pública.

Uma análise mais abrangente dos dados sugere que, ao longo de 20 semanas do levantamento, cerca de 76% dos adultos americanos afirmaram ter ouvido notícias sobre Trump, versus 71% para Harris nas 15 semanas completas após a entrada dela na corrida. Durante a última semana da campanha, esse número se aproximou, mas o padrão geral da atenção da mídia estava claramente mais focado em Trump. Incrivelmente, a atenção em torno de Harris não alcançou mais do que 77%, enquanto that de Trump teve picos surpreendentes, especialmente após eventos controversos.

Esse padrão de atenção – um pico durante o verão e uma queda durante os dias finais da eleição – contrasta com os ciclos eleitorais anteriores. Enquanto nas eleições de 2020 o interesse em torno de Trump e Biden cresceu gradualmente, o que foi observado nas eleições de 2016 foi um nhum crescimento irrestrito. O projeto The Breakthrough revelou também a falta de uma narrativa coerente e duradoura sobre qualquer um dos candidatos, o que pode ter deixado os eleitores se perguntando sobre a substância das propostas de ambos.

Em conclusão, a disparidade entre as percepções de campanha de Trump e Harris é não apenas notável, mas serve como uma lição valiosa sobre a formação de narrativas políticas. Enquanto Trump usou um estilo provocativo que atraiu atenção massiva, Harris encontrou desafios significativos para estruturar uma mensagem que ressoasse de maneira semelhante entre os eleitores. O que pareceria ser um simples contraste de estilos pode refletir uma luta mais profunda em criar e sustentar uma identificação positiva entre os eleitores. Assim, o ciclo eleitoral de 2024 deixa lições intrigantes e essenciais sobre como campanhas devem se comunicar em uma era de polarização intensa.

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