Recentemente, um novo estudo trouxe à tona preocupantes brechas que permitem que adolescentes contornem regulamentações online e adquiram e-cigarros proibidos. Embora as vendas de produtos de tabaco tenham sido restringidas em várias localidades dos EUA, o levantamento revela que a situação ainda é alarmante. Mais de 1,6 milhão de estudantes do ensino médio e fundamental reconheceram ter utilizado produtos de tabaco em 2024, conforme evidenciado na pesquisa nacional de tabaco juvenil. Este cenário provoca reflexões sobre a eficácia das leis atuais de proteção aos jovens, levando a questionamentos sobre a vulnerabilidade dos adolescentes em meio à proliferante venda de produtos de tabaco pela internet.

O estudo, publicado na renomada revista JAMA Network Open, analisou tentativas de compra de produtos de vaping com sabor em 78 sites, buscando entregas em domicílios. De um total de 105 entregas analisadas, somente uma delas teve a identificação do destinatário verificada pelo serviço de entrega. Em impressionantes 78% das vezes, os produtos foram entregues sem qualquer interação com o entregador, enquanto 16% das entregas ocorreram com o entregador, mas sem conferência de documentos. Apenas 5,7% passaram por um processo de checagem, mas sem a leitura do documento de identidade.

Aproximadamente 80% das compras foram realizadas por meio do USPS, que, apesar de ter políticas que limitam a entrega de produtos de tabaco, parece não estar cumprindo efetivamente suas diretrizes. Além disso, a pesquisa apontou que nem a lei de prevenção à venda online de e-cigarros para crianças, criada em 2020, conseguiu prevenir que menores de idade tivessem acesso a esses produtos de forma tão simples.

A próxima pergunta que surge é: como os jovens conseguem contornar essas regras? Para especialistas, a tecnologia disponível em muitos sites de venda online é ineficaz. Thomas Carr, diretor de política nacional da American Lung Association, enfatiza que “as ferramentas de verificação da idade não funcionam corretamente, pois as pessoas frequentemente não são verdadeiras ao relatar sua idade. Ao contrário das lojas físicas, onde um atendente pode verificar a identidade, esse tipo de controle não existe nas transações online”.

Além disso, as empresas de tabaco têm um histórico de práticas de marketing enganosas, frequentemente criando produtos com sabores que atraem os mais jovens, como frutas e doces. É uma estratégia bem trabalhada que tem gerado resultados alarmantes: um em cada quatro jovens abaixo da idade legal relata usar e-cigarros diariamente, com uma forte preferência por produtos com sabor.

Com o suporte da FDA regulamentando parcialmente produtos de tabaco e nicotina, a pesquisa revelou que as falhas no funcionamento legal estão permitindo que as empresas de tabaco mantenham sua presença e venda, mesmo quando enfrentam obstáculos regulatórios. A possibilidade de que adolescentes consigam comprar esses produtos de forma tão fácil demonstra a necessidade de uma reforma urgente no sistema de regulamentação.

Organizações de saúde, como a American Lung Association e a Academia Americana de Pediatria, imploraram à FDA que tome medidas concretas contra essas falhas, descrevendo a inação como “uma retenção ilegal de ações da agência”.

Carr sugere que mudanças nas políticas poderiam ajudar a restringir o acesso dos jovens a esses produtos. “Proibir completamente as vendas de tabaco, ou aumentar as restrições sobre a forma como os produtos são entregues, pode ajudar a dificultar a compra de e-cigarros. Tornar esses produtos menos atraentes também seria uma boa ideia”, finaliza o especialista.

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